Número de mortos em Brumadinho sobre para 84, e 276 pessoas continuam desaparecidas

Número de mortos em Brumadinho sobre para 84, e 276 pessoas continuam desaparecidas

Buscas chegaram ao quinto dia e têm o reforço de ajuda oferecida por Israel. Tragédia foi provocada pelo Rompimento de barragem da Vale em Minas Gerais.

Minas Gerais – As buscas nesta terça começaram pouco depois das 6he. Segundo o Corpo de Bombeiros, a operação desta deve priorizar a área em que possivelmente ficava o refeitório onde almoçavam funcionários da Vale no momento da tragédia.

A Defesa Civil de Minas Gerais informou, na noite desta terça-feira (29), que há 84 mortos e 276 desaparecidos após a tragédia provocada pelo rompimento de uma barragem da mineradora Vale em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Neste quinto dia de buscas, nenhuma vítima foi encontrada com vida, afirmou o porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, o tenente Pedro Aihara. Segundo ele, desde sábado (26) não são achados sobreviventes. “[Nos próximos dias] A possibilidade de encontrar pessoas com vida é muito pequena”, disse o porta-voz.

Números da tragédia

De acordo com Aihara, dois dos corpos resgatados nesta terça são de pessoas que estavam no refeitório da Vale. Outros três corpos foram localizados em um dos ônibus soterrados.

A Vale informa que cerca de 600 empregados estavam no refeitório e no prédio administrativo da mineradora no momento do acidente.

Mais cedo, o chefe do Estado-Maior do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, coronel Erlon Dias do Nascimento, havia afirmado que, como o volume de lama baixou bastante em alguns pontos, já é possível visualizar alguns corpos ou “segmentos de corpos”.

A barragem de rejeitos, que ficava na mina do Córrego do Feijão, se rompeu na sexta-feira (25). O mar de lama varreu a comunidade local e parte do centro administrativo e do refeitório da Vale. Entre as vítimas, estão moradores e funcionários da Vale. A vegetação e rios foram atingidos.

Participam dos trabalhos 290 militares, sendo 120 de Minas Gerais e os outros de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás e Alagoas. Em nota, os Bombeiros de Minas Gerais afirmaram que os militares israelenses também atuam na chamada “área quente”.

Equipamentos

De acordo com Aihara, a tropa da ajuda oferecida por Israel trouxe equipamentos para mapeamento de celulares, sonares, radar que detecta o tipo de material que está no local e drones ligados a satélites para mapear a área atingida. Um dos equipamentos israelenses é capaz de encontrar pessoas com vida a 30 metros de profundidade.

O porta-voz afirmou que, nesta terça, foram feitos 84 sobrevoos na área atingida pela lama da barragem.

Buscas

Bombeiros retiram o corpo de uma das vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho (MG) — Foto: Mauro Pimentel/AFP Bombeiros retiram o corpo de uma das vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho (MG)

As buscas nesta terça começaram pouco depois das 6h e devem se estender até as 20h ou 21h. Segundo o Corpo de Bombeiros, a operação priorizou a área em que ficava o refeitório onde almoçavam funcionários da Vale no momento da tragédia.

O porta-voz dos Bombeiros, tenente Pedro Aihara, explicou em entrevista no início da noite que havia botijões de gás e mobiliário característico perto de dois dos corpos encontrados nas imediações. Por esse motivo, ele acredita que sejam justamente de vítimas que estavam no refeitório.

Segundo Aihara, três corpos estavam em um dos dois ônibus soterrados. Um dos veículos foi encontrado neste domingo (27), perto do centro administrativo da Vale.

O outro foi encontrado no sábado (26), na região da barragem. Todos os ocupantes do coletivo eram funcionários da empresa e morreram, segundo o porta-voz da corporação. Ao menos dez corpos foram retirados, ainda no domingo.

Ajuda do governo de Israel

Em entrevista coletiva no final da tarde desta terça, o chefe da delegação de Israel, coronel Golan Vach, afirmou que a tropa tem equipamentos que atuam em três níveis:

Satélites e drones, para fazer o mapeamento do terreno e ajudar a comparar como eram as condições antes e depois da tragédia.

Câmeras visuais, câmeras térmicas (que auxiliam a encontrar pessoas se elas estiverem vivas), radares para o solo e para a água, câmeras de infravermelho, localizador de celulares e “câmeras finas”, que podem entrar em lugares bem estreitos.

Golan Vach afirmou que os bombeiros do Brasil e de Israel estão trabalhando juntos e que a tropa estrangeira ficará no Brasil “até que não seja mais útil”. “O importante é que houve um horrível desastre. Muitas pessoas morreram, a maioria delas ainda não foi descoberta. E agora, neste momento, nós estamos aqui para ajudar”, declarou.

Também presente na coletiva, o coronel brasileiro Erlon Dias do Nascimento disse que não houve qualquer “mal-estar” causado pela chegada dos israelenses. Ele falou em “balanço extremamente positivo” e em “troca de experiências extremamente importantes e troca de tecnologias”.

Nascimento afirmou homens do Brasil e de Israel estão localizando corpos – não detalhou, no entanto, quantos foram encontrados. De acordo com o coronel brasileiro, o processo de resgate prevê, primeiro, a localização das vítimas, com trabalho visual, tecnológico, buscas manuais dos bombeiros ou outras forças.

A partir daí, vem a segunda fase – é quando equipes integradas ou de bombeiros vão aos locais e, efetivamente, fazem o resgate. O corpo, então, é levado a um ponto específico e, por fim, é determinada uma destinação específica.

Apesar de a lama dificultar a sobrevivência, os bombeiros não descartam a possibilidade encontrar pessoas com vida.

Ajuda às famílias

As famílias afetadas pela tragédia vão receber celulares com chips com minutos de ligação e dados de internet.

Segundo o coronel Alexandre Lucas, secretário nacional de Defesa Civil, 300 celulares com chips vão ser disponibilizados pelo governo federal.

As famílias devem ir nesta terça ao Espaço Conhecimento de Brumadinho, a partir das 16h, para buscar os aparelhos. Os moradores devem levar documentos que comprovem o parentesco com as vítimas.

A Polícia Civil de Minas Gerais diz ainda que um cartório foi instalado no Instituto Médico Legal (IML) para facilitar o registro dos corpos que são liberados.

Animais na lama

Até o momento, mais de 26 animais foram resgatados e estão recebendo cuidados. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e outros órgãos acompanham. A Defesa Civil afirma que eles são levados a um sítio da região, onde recebem tratamento, alimentação, medicamentos e são assistidos por veterinários.

Em nota, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais informa que há animais vivos nas áreas afetadas. “Eles estão recebendo alimentação, água e cuidados, até que seja possível resgatá-los”, diz o comunicado.

O órgão informa ainda que “em nenhum momento houve autorização por parte do Gabinete Militar do Governador/coordenadoria Estadual de Defesa Civil para o abate de animais aleatoriamente ou por meio de métodos em desacordo com as normas”.

Questionado os casos de abate, o tenente dos Bombeiros Pedro Aihara afirmou que “em alguns casos, o resgate não é viável pelo sofrimento do animal”.

“É mais interessante optar pela eutanásia. No caso de alguns animais, que sofreram fraturas e perfurações, não é ético insistir. Seguimos as determinações e normativas. O abate só é feito após uma análise bastante cuidadosa e quando é devidamente autorizada. Via de regra, é feito com injeção letal, mas outras situações específicas devem ser analisadas. O Corpo de Bombeiros tem essa preocupação também.”

Segundo autoridades, o abate é feito com injeção letal, geralmente, mas isso pode mudar de acordo com a logística.

Em nota, a Polícia Rodoviária Federal, que também atua no local da tragédia de Brumadinho, informou que, nesta segunda-feira, uma de suas equipes sobrevoou a região à procura de animais. “Seguindo os protocolos estabelecidos para este tipo de situação, a equipe estava acompanhada de veterinários que faziam análise e triagem dos casos”, diz o texto.

O comunicado cita que “lamentavelmente, durante a triagem dos animais, foram encontrados três casos específicos de bovinos atolados na lama, em estado de exaustão e com fraturas de membros”.

“Após análise da equipe veterinária, considerando a impossibilidade de adoção de outras medidas, foi tomada a decisão pela eutanásia daqueles animais. O procedimento foi orientado e supervisionado pela equipe veterinária sob a coordenação do comando da operação de resgate.”

Na segunda-feira, a Juíza Perla Saliba Brito determinou que a Vale começasse imediatamente a cuidar do resgate de animais atingidos pela tragédia.

Cinco pessoas foram presas na manhã desta terça suspeitas de responsabilidade na tragédia da barragem 1 da Mina do Feijão, em Brumadinho.

Dois engenheiros da empresa TÜV SÜD que prestavam serviço para a mineradora Vale foram presos em São Paulo. Em Minas Gerais, foram presos três funcionários da Vale.

No mandado, a juíza que decretou a prisão afirma que “havia meios de se evitar a tragédia”.

Os investigadores do Ministério Público e da polícia apuram se documentos técnicos, feitos por empresas contratadas pela Vale e que atestavam a segurança da barragem que se rompeu, foram, de alguma maneira, fraudados.

De acordo com o MP, a força-tarefa criada para a investigar o desastre atua em três núcleos:

Barragem monitorada

A barragem 6 da Vale, que sofreu impacto com o rompimento da barragem que se rompeu, é monitorada e está estável.

“Não existe risco de rompimento”, afirmou o tenente Aihara, ao dizer que a barragem 6 está com volume de 118 mil m³ w que o esvaziamento ainda é feito e deve durar mais 10 dias.

Captação de água foi interrompida

Usina termoelétrica de Juatuba antes da chegada da lama de Brumadinho… — Foto: Prefeitura de Juatuba/Divulgação Usina termoelétrica de Juatuba antes da chegada da lama de Brumadinho… — Foto: Prefeitura de Juatuba/Divulgação

Usina termoelétrica de Juatuba antes da chegada da lama de Brumadinho… — Foto: Prefeitura de Juatuba/Divulgação

A captação de água do Rio Paraopeba foi suspensa em Juatuba, na região metropolitana de Belo Horizonte, nesta terça. De acordo com a prefeitura, o abastecimento não foi afetado, já que a cidade está utilizando o Sistema Serra Azul.

A lama que vazou da Barragem do Feijão, em Brumadinho, já chegou ao município, que fica a 27 quilômetros de distância.

A água que passava pela usina termoelétrica da cidade mudou de cor. Antes transparente, ela ganhou um tom alaranjado.

Ação contra a Vale nos EUA

Escritórios de advocacia movem ação pública contra a Vale por rompimento de barragem

Nesta terça, um escritório de advocacia entrou com ação contra a Vale e executivos nos Estados Unidos, sob alegação de que a mineradora mentiu ou omitiu informações sobre suas operações dos investidores, causando a eles enormes perdas financeiras após o rompimento da barragem em Brumadinho.

Na véspera, o escritório de advocacia americano Bronstein, Gewirtz & Grossman havia anunciado a abertura de investigação privada coletiva contra a mineradora.

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