Inpa une esforços com o Reino Unido para fortalecer pesquisa e atrair o desenvolvimento

04-06bosquedacienciaManaus – “A bioeconomia é importante para o Amazonas, para a Amazônia e para o Brasil. A ideia é identificar oportunidades para juntar esforços dos dois países com o objetivo de fortalecer a Ciência e atrair o desenvolvimento e a conservação da biodiversidade e com mais conhecimento sobre ela”, declarou o botânico William Millikem, coordenador dos Reais Jardins Botânicos de Kew ou Kew Gardens e um dos organizadores do Workshop Brasil-Reino Unido de Biodiversidade e Bioeconomia.
O evento, que iniciou nesta terça-feira (03) e prossegue até sexta-feira (6), no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), é uma reunião entre representantes de várias instituições brasileiras e britânicas para discutir a colaboração na área de diversidade e bioeconomia no Brasil.

De acordo com Millikem, o workshop é também uma colaboração científica de pesquisa, que inclui, dentre outras ações, projetos de capacitação de estudantes e pesquisadores dos dois países, e também projetos de inovação com o setor privado. O encontro servirá ainda para identificar prioridades, assim como começar a formular propostas de projetos de colaboração entre os dois países na área de diversidade e bioeconomia.

Na opinião de Millikem, para o uso sustentável dos recursos que a floresta oferece é preciso haver um equilíbrio entre utilização e conservação desses recursos, hoje um dos maiores desafios da região. Ele diz que há muitas plantas ainda por ser exploradas em termos alimentícios e usos medicinais.

Segundo ele, o apoio que a floresta oferece ao meio ambiente, definido pelo botânico como “serviços de ecossistema”, depende da biodiversidade. “A saúde humana depende da biodiversidade aqui na Amazônia, portanto não é só identificar produtos que podem ser comercializados ou utilizados, mas, também, entender melhor como manter o meio ambiente para a saúde e o bem estar da população”, afirmou.

De acordo com um dos organizadores do workshop, o pesquisador do Inpa, Niwton Leal Filho, a parceria entre Brasil e Reino Unido vem fortalecer o acordo entre os dois países que sempre mantiveram uma forte relação científica. Terá o apoio financeiro britânico do Fundo Newton, lançado em 2013, que é um fundo de amparo à pesquisa no valor de 9 milhões de libras esterlinas, e o Brasil, em contrapartida, por meio das diversas Fundações de Amparo à Pesquisas (Faps), que entrará com a participação de outros 9 milhões de libras esterlinas, durante os próximos 3 anos.

Leal Filho explica que essa parceria tem por objetivo apoiar pesquisas entre institutos brasileiros e ingleses em áreas prioritárias, como doenças negligenciadas, aquelas doenças que não só prevalecem em condições de pobreza como também contribuem para a manutenção do quadro de desigualdade por representar importante entrave ao desenvolvimento dos países, a exemplo da dengue, malária, doença de chagas, leishmaniose e tuberculose. “Essas doenças as empresas farmacêuticas não tem interesse em desenvolver remédios porque atingem populações muito pobres”, explica.

Ainda de acordo com Leal Filho, o Fundo Newton está sendo usado, especificamente, para este projeto, nos próximos três anos, e foi desenhado pelo Reino Unido para auxiliar os países emergentes. Dentre os países, o Brasil foi escolhido como destaque por ser um país que possui uma tradição de colaboração na área científica com o Reio Unido.

Inventários

Para o botânico e ecologista britânico, o professor Sir Ghilleam Prance, existem alguns pontos que ele considera fundamental para o futuro da região amazônica. Segundo ele, o inventário da região amazônica ainda não está completo. O professor afirma que existem novas espécies a serem descobertas, e é preciso haver mais trabalho com fungos (micologia) e insetos.

“Há áreas que são pouco conhecidas e têm áreas que não tem nenhuma amostra no herbário do Inpa. Vamos para uma dessas áreas para fazer um inventário para ver se são iguais em diversidade na região de Manaus”, desafia Prance.

Para o botânico, outro ponto importante é estudar as plantas econômicas e não somente coletar e estudar a taxonomia (ciência que classifica os seres vivos). “É preciso estudar mais a genética para conhecer novas plantas, porque é preciso entender o efeito da coleção de uso e tendo mais informação genética isso vai ajudar”, reforça.

Outro ponto destacado por Prance é que não existem taxonomistas suficientes na região. “Espero que tenha mais brasileiros fazendo inventários por aqui e não somente estrangeiros vindos de longe”, ressaltou o botânico.

Patrono

O professor Ghilleam Prance atuou durante 50 anos no Inpa e foi o idealizador do curso de pós-graduação de Botânica do Instituto e fundador da Ciência Botânica na Amazônia, ministrará, às 17h, desta quarta-feira (4), um open lecture (palestra) como tema “Cinquenta Anos de Colaboração com o Brasil”. O professor Prance falará sobre sua experiência pioneira e legado em terras brasileiras ao longo dos últimos 50 anos. Atualmente, Sir Prance é diretor científico do Éden Project, no Reino Unido.

Após a palestra, o governo britânico, em parceria com o Inpa e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), homenageará o professor Prance, considerado o patrono das relações científicas entre o Brasil e o Reio Unido, e José Ramos, seu primeiro guia (mateiro) na região. Os dois receberão uma Menção Honrosa da Fapeam, como reconhecimento dos esforços investidos no desenvolvimento científico da região amazônica.

Segundo os organizadores, a homenagem tem como objetivo inspirar estudantes e pesquisadores interessados na preservação e uso sustentável da biodiversidade.

Great Britain House

Como parte da programação do maior evento mundial de futebol, o governo britânico criou a Great Britain House, uma exibição de itens britânicos e uma série de eventos (seminários, debates, networking e exposições) que apresentam o melhor do Reino Unido e que acontecem nas cidades-sedes em que receberão a seleção de Inglaterra: Manaus, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. Acesse www.greatbritainhouse.ukti.gov.uk para mais informações.

Por: Luciete Pedrosa – Ascom Inpa

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