Vazante some com as águas dos lagos do Puraquequara e Aleixo preocupando pescadores e afastando turistas

Os dois importantes lagos estão assim com a vazante
Os dois importantes lagos estão assim com a vazante
Os dois importantes lagos estão assim com a vazante

Amazonas – O lado do Puraquequara, que banha o bairro do mesmo nome, um dos pontos turísticos dos arredores da capital e um local de boas pescarias está sofrendo muito com o impacto da grande vazante deste ano. Os moradores do local e em especial os pescadores estão muito preocupados com a situação, considerando que a água, como por encanto está sumindo do lago, que na época normal proporciona agradáveis passeios turísticos.

A rapidez da descida das águas continua a surpreender os manauenses. Os pescadores, como exemplo, sempre estiveram preparados para este período de vazante, mas no caso de 2015 a situação ficou diferente nas últimas semanas quando a água dos lagos desceram tão rápido e deixou canoas e barcos encalhados.

Há casos em que  canoeiros nunca haviam avistado tanta terra rachada e  lama no lugar de água. No lago do Puraquequara, Zona Leste, o fenômeno ocorreu em menos de uma semana e pegou de surpresa  os mais antigos canoeiros.

Em tempos normais os turistas invadem os lagos
Em tempos normais os turistas invadem os lagos

O lago do Puraquequara ficou conhecido pela  facilidade que os pescadores tem de chegar  nas margens e vender o peixe recém pescado. Até o último domingo era possível realizar esta rotina, mas desde segunda-feira até ontem, as águas do Puraquequara desceram de uma forma jamais vista por aqueles que há anos a cruzam diariamente, o que era lago virou lama rodeado de terra rachada.

Para conseguir levar o pescado até a feirinha de peixe, os pescadores precisam aguardar por horas a presença de algum carregador no final do ramal da ilha, que fica mais de 10 metros de distância do local onde a canoa atracava. O pescador Adilson Fernandes da Costa, 53, com 80 quilos do pescado na canoa foi surpreendido com a situação em que o lago do Puraquequara.

Ele havia saído na noite da última quarta-feira com o filho e mais um amigo. Quando retornou para o lago, no início da manhã de ontem, atracou mais de três quilômetros  de distância de onde havia saído.

Os pescadores artesanais estão preocupados com a situação
Os pescadores artesanais estão preocupados com a situação

“Nunca em toda minha vida de pescador, havia presenciado algo como está ocorrendo aqui no lago, estamos surpresos não somente pela seca, mas sim por causa da rapidez da descida da água”, reforçou o pescador.

Para não perder o pescado e a futura venda, Adilson comprou alguns sacos de gelo para conservar e esperou por  alguém que pudesse ajudá-lo  a carregar os peixes  até a feira.

Outro pego de surpresa com a descida das águas do lago do Puraquequara foi Severino Moreira dos Santos, 64. Nos últimos 30 anos ele tem vivido dentro de um flutuante neste lago.

Severino contou que no domingo foi o último dia que uma embarcação atracou no flutuante. “Quando foi no dia seguinte, acordei e estava encalhado na lama. Agora não tem jeito, a não ser esperar”, disse.

Com a vazante, os esportistas sumiram dos lagos do Puraquequara e Aleixco
Com a vazante, os esportistas sumiram dos lagos do Puraquequara e Aleixco

Passeio e encalhe

O lago do Puraquequara também serve como local para ancoragem de barcos. Assim como em outros lagos e até nas margens do rio, há proprietários  que foram surpreendidos ao ver a embarcação encalhada no solo rachado e sem previsão a retornar para as águas rapidamente.

Situação semelhantes vive o vizinho lago do Aleixo, que banha o bairro Colônia do Aleixo, na zona Lesta da cidade, também reduto de pescadores e local de passeio turísticos e práticas esportivas.

Terezinha de Freitas, 62, há dez anos é proprietária de um barco que estava ancorado no lago do Puraquequara. No domingo, ela e a família fizeram um pequeno passeio e retornaram no mesmo dia. Quando Terezinha soube que a água do lago havia descido rápido, resolveu outra vez na companhia do filho para verificar se conseguia levar a embarcação para outro lugar.

“Fiquei surpresa ao ver o barco encalhado na terra. Domingo havíamos deixado em água e agora ele está completamente na terra. Desde que temos este barco, nunca havia presenciado uma situação como esta, agora o jeito é pagar um vigia e aguardar a cheia”, disse Terezinha.

O vigilante de embarcações, Alberto Denis, 59, contou que nos últimos dias tem tido mais trabalho. Além de vigiar as embarcações ele precisa diariamente, tanto no início do dia como no final do dia, empurrar a proa do barco ou enfiar um pedaço de madeira dentro da água para evitar que os barcos encalhem.

Os proprietários de flutuantes rezam para que as águas subam logo
Os proprietários de flutuantes rezam para que as águas subam logo

Para ele, a maior dificuldade tem sido a falta de água para a higiene pessoal. “Tínhamos cacimba, mas assim como a água do lago, virou lama e não tem nenhuma utilização. Se continuar assim a margens e a água desce tão rápido que às vezes nem dá tempo de afastar as embarcações”, disse.

Descida do Negro

O rio Negro desceu  22 centímetros, ontem, e atingiu a cota de 16,62 metros, estando a 2,99 metros dos 13,80 metros  da vazante recorde de  24 de outubro de 2010.

No mesmo dia 22 de outubro em 2010, o rio havia descido 13 centímetros e atingiu a cota de 13,80 metros. No ano passado neste mesmo dia, o rio havia descido oito  centímetros e atingiu a cota de 20,22 metros.

Amazonianarede-Acritica/Izabelle Valois

 

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