Porto Velho, RO – Até bem pouco tempo dizia-se que os tempos passavam, mas que o método de transmitir conhecimento era o mesmo: um professor, geralmente caminhando de um lado para o outro em sala, e seus alunos atentos.
Hoje, com os recursos tecnológicos disponíveis, a situação mudou: o professor precisa ser rápido: repassar conhecimento, usar agenda e portal eletrônico, disponibilizar o conteúdo e de preferência, compartilhar nas redes sociais, as fotos, eventos e atividades a serem realizadas pelos alunos. Em entrevista, os mestres garantem: tirando a interferência do uso de celular em sala de aula, a tecnologia é completamente favorável ao educador, o que merece ser comemorado juntamente com a data de hoje, Dia do Professor.
Márcia Mota é professora do Ensino Médio em uma escola particular de Porto Velho e acredita que não há como fugir da tecnologia. “Na minha infância era diferente, mas hoje temos que adaptar e fazer bom uso dos recursos tecnológicos e aplicar como mais uma metodologia do ensino desenvolvida na escola”, afirma.
Mais tempo para debater com os alunos
A professora Márcia explica que como apoio às atividades escolares são usados, o Facebook, o portal da escola e data show, mas ainda há espaço para a lousa. “Com as aulas projetadas o professor economiza o tempo que utilizaria escrevendo e abre espaço para debate entre os alunos e os alunos anotam o que consideram mais importante do conteúdo, mas não abrimos mão de escrever na lousa, principalmente para detalhar alguns assuntos”, explica.
Na escola em que a professora Márcia leciona, há um laboratório de informática para os alunos receberem tanto aulas práticas sobre o assunto, quanto para pesquisarem outras disciplinas. “No portal há material de apoio relacionado a todas as disciplinas, dessa forma o aluno pode pesquisar as matérias que tiver interesse e não fica preso só ao que consta na apostila”, diz Cauã Silveira, que trabalha no apoio à direção da escola. “Além disso, se o aluno esquecer a apostila, pode baixar a apostila online”, completa.
De acordo com Cauã, as aulas de informática atualmente são pensadas de maneira a atrair o aluno para o assunto que está sendo tratado em sala de aula. “Não é uma aula chata, como era antigamente em que os alunos precisavam aprender a manusear planilhas e editores de texto. Hoje as aulas são direcionadas ao estudo desenvolvido em sala de aula, porque a maioria dos alunos já domina a tecnologia”, lembra.
Acesso restrito aos sites de lutas
Mas há restrições quanto ao uso de algumas ferramentas. Mesmo com acesso a internet, nas aulas de informática, os alunos não podem acessar sites de jogos de lutas violentas, por exemplo. Os celulares também não têm vez. O uso está restrito desde o ano de 2013. “Todos os alunos têm login e senha para usar o portal, podem jogar, mas os jogos educativos disponíveis para qualquer faixa etária. Eles sabem que temos assuntos mais importantes, os alunos do Ensino Médio têm acesso até ao conteúdo cobrado no Enem”, diz Cauã.
Uso do celular só com autorização
Quanto ao uso de celulares, Carlos André de Souza, professor do Ensino Fundamental e Médio afirma que os alunos até podem tirar uma “fotinha” do conteúdo copiado na lousa, desde que se comprometam a transcrever o conteúdo para o caderno. “Quando está próximo de tocar o sino e vejo que não dá tempo para os alunos copiarem, autorizo o registro, mas eles precisam se comprometer a de fato, anotar o conteúdo registrado, para o caderno”. Outra forma em que o uso de celulares é permitido é quando o laboratório de informática está ocupado e os alunos precisam fazer pesquisa. “Aí autorizamos a pesquisa na internet através do celular, mas a regra geral é: desligar o celular e não deixar em cima da mesa, nem mesmo o fone”, explica o professor Carlos André.
Os alunos afirmam concordar com a restrição ao uso de celulares em sala de aula. Kayqui dos Reis, 16, anos, aluno do 3º ano do Ensino Médio acredita que que o celular tira a concentração para as aulas. “É melhor desligar mesmo, para prestarmos a atenção nas aulas”, diz.
Aliada na hora de estudar
Kayqui vê a internet como sua maior aliada aos estudos. “A internet facilita porque tem bastante conteúdo disponível. Quando não consigo entender o assunto, pesquiso na internet e geralmente consigo tirar minhas dúvidas”, afirma.
Gabriela Braga, 15, aluna do 1º ano do Ensino Médio, também concorda que os celulares sejam desligados em sala de aula. “Senão quando chega uma mensagem, você termina ficando preso ao celular”, defende. “Mas na escola existem situações em que os professores liberam o uso, quando precisamos usar a calculadora, por exemplo. O professor libera quando precisamos”.
Já Gabriela considera o data show como a melhor ferramenta tecnológica em favor do repasse de conhecimento, para ela o recurso consegue aliar o conteúdo ao que seria aplicado na apostila, como o acréscimo das observações do professor. “Além do professor explicar, passo a passo o que está apresentando, ele acrescenta material. Não são todas as aulas que os professores usam data show, mas seria bom que fosse”, destaca.
Homenagem ao dia dos professores
Nas escolas, os alunos, em sua maioria, reconhecem o valor do professor. Na escola que a equipe do Diário da Amazônia visitou, os alunos, por conta própria, fizeram homenagens para seus professores em sala de aula. Numa das salas, a professora Marcia Mota e Wilmara Zeferino, orientadora educacional, foram homenageadas e cada uma ganhou uma lembrancinha da turma, compradas com dinheiro que os alunos arrecadaram entre si. “Fizemos uma homenagem porque entendemos que o professor precisa ser respeitado, acima de tudo. Temos consciência que estamos aqui para aprender e ele já fez a parte dele, está aqui para ajudar a gente, por isso o professor precisa ser mais valorizado. O que seria da gente sem o professor? Eles precisam de prioridades, não só quanto ao salário, mas o respeito dos alunos”, garante Thais Hobold, 17, aluna do 1º ano do Ensino Médio.
Fonte: Diário da Amazônia
