Saúde Suplementar: Roraima tem maior crescimento do país em número de usuários

01-11rrBoa Vista, RR – Com expansão do setor, também crescem as reclamações e a demora nas consultas é a principal insatisfação de usuários.

Roraima teve o maior crescimento no número de pessoas atendidas por planos médico-hospitalares do país em 12 meses. Segundo estudo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (Iess), foram registrados 37.037 beneficiários em junho deste ano, 12% a mais que o mesmo período do ano anterior.

O crescimento acompanha a tendência de anos passados, quando o estado teve um dos avanços mais significativos da região Norte, com salto de 10,4% de 2011 para 2012, quando atingiu a casa dos 30,6 mil beneficiários. Para o instituto, a explicação para o crescimento significativo se deve ao fato de a região Norte ser um mercado em expansão, inclusive porque ainda é relativamente baixo o número de beneficiários de planos de saúde em comparação ao total da população

Conforme levantamento do instituto, a cada ano os gastos com planos de saúde têm aumentado. Este ano o gasto médio ficou R$ 188,60, no entanto, ultimamente as reclamações também têm aumentado em relação à prestação de serviços desses planos.

Quem resolve recorrer a um plano de saúde geralmente procura por rapidez e agilidade na realização de exames, consultas e outros procedimentos. No entanto, nem sempre isto é possível, mesmo pagando taxas mensais, que geralmente não são baratas.

A principal reclamação é com relação à demora para o agendamento de procedimentos que têm cobertura dos planos, como consultas com especialistas. Uma advogada que pediu para não ser identificada, disse que tem plano de saúde há dois anos, mas nos últimos meses tem enfrentado dificuldades para agendar uma consulta com um dermatologista, já que desenvolveu um pequeno problema na pele. “Liguei nos consultórios dos médicos que atendem pelo meu plano, mas só tem horário para daqui a um, dois ou até três meses. É um absurdo porque tenho plano de saúde justamente para ter atendimento imediato”, criticou.

Outra usuária, que também pediu para não ter o nome revelado, disse que recorreu a um plano de saúde por conta da ineficiência do serviço e disse que usa o plano basicamente, para casos de emergência. “Se depender do plano, quando conseguimos a consulta, o problema já passou”, disse.

Segundo a usuária, a demora não ocorre com todas as especialidades. “Com meu ginecologista, por exemplo, nunca tive nenhum problema. Sempre que preciso, tem agenda disponível. Já com a pediatra da minha filha, só procuro se for caso de urgência. Para consulta, já cheguei a ir ao Hospital da Criança mesmo. Não sei se é um problema dos médicos ou do plano de saúde, mas precisa ser resolvido”, reclamou.

A reportagem da Folha fez a consulta e constatou que, em muitos casos, a reclamação dos usuários realmente tem procedência. Alguns especialistas procurados pela reportagem só teriam vaga disponível para plano de saúde daqui a um ou dois meses. Para um ginecologista e obstetra, a secretária informou que as consultas por plano de saúde só poderiam ser agendadas para o mês seguinte. Questionada sobre a possibilidade de um caso grave, a secretária ainda informou: “Daí, só pagando consulta particular”. A consulta do médico em questão custa R$ 200 e, neste caso, haveria agenda disponível dentro de 10 dias.

A reportagem constatou, ainda, que o problema está ligado a alguns médicos e especialidades. As mais concorridas são oftalmologia, dermatologia, ginecologia e cardiologia, em que o prazo para a consulta é maior. No entanto, em muitos casos, os médicos procurados tinham agenda disponível para o mesmo dia, ou ainda dentro da mesma semana, sem nenhuma distinção entre paciente de plano de saúde ou particular.

Operadoras têm prazos que variam de sete a 21 dias para atender a beneficiários

Para o ouvidor da Cooperativa Unimed Boa Vista, a principal operadora de plano de saúde o estado, Newman Ferreira, a maioria das reclamações se deve ao fato de os usuários fazerem questão de se consultarem com determinados profissionais, que nem sempre podem atendê-los no prazo previsto.

Ele explicou que o plano segue todas as determinações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que estipula prazos para atendimento aos beneficiários. “Geralmente quando o beneficiário vem com reclamação de demora no atendimento, é porque não tem buscado outras alternativas dentro do plano, que é uma rede assistencial de saúde. Quando um profissional não pode atender dentro do prazo preconizado, o que se pode fazer é garantir o atendimento com outro profissional”, explicou, ao salientar que quem tiver este tipo de dificuldade deve procurar a ouvidoria da operadora, que deve auxiliar neste encaminhamento.

Ele pontuou ainda que em algumas especialidades, há demora devido à quantidade insuficiente de profissionais no estado como um todo. “Nestes casos, há dificuldades até mesmo no hospital público”, mencionou.

Por: Yana Lima – Folha BV

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