Amazonianarede – ESPN Brasil
Belo Horizonte – É sorrindo, mas deixando clara a sua contrariedade com a pergunta, que Roberto de Assis reage ao ser indagado pelo ESPN.com.br se o Atlético-MG representava para o seu irmão e cliente, Ronaldinho Gaúcho, a chance derradeira em sua carreira. O clube vê dessa forma, entretanto, compartilha da mesma opinião do empresário em outro ponto.
“O Ronaldinho precisava de um local para jogar e o Atlético precisava de um jogador como ele”, resume o diretor de futebol Eduardo Maluf. “Um necessitava do outro e acho que se encontraram na hora certa. Um casamento perfeito”, complementa Assis.
Nenhum deles tem mesmo do que reclamar. Se o Galo conseguiu voltar à Libertadores depois de 13 anos, o meia-atacante e seu irmão reencontraram a tranquilidade em Belo Horizonte e ainda mantiveram os mesmos valores que asseguravam a cada mês no Flamengo. Tudo graças a uma política de metas costurada em conjunto com a equipe mineira. “Estamos muito satisfeitos. Quando todos achavam que perderíamos alguma coisa, não perdemos nada”, afirma Assis.
Após uma conturbada passagem pelo time da Gávea, Ronaldinho aceitou diminuir o seu salário de aproximadamente R$ 1 milhão para R$ 300 mil ao se transferir para o Atlético-MG em junho do ano passado.
Depois de quase seis meses, 31 jogos, nove gols, 12 assistências e a retomada da confiança durante o Brasileirão, o atleta superou a perda financeira momentânea com a mesma facilidade com que deixava adversários para trás e praticamente igualou os ganhos do rubro-negro carioca, atingindo ao final da temporada a cifra mensal de R$ 800 mil.
“O que eu posso te falar é que ele veio recebendo um terço do que ele recebia no Flamengo e que, com os objetivos, se aproximou muito daquilo que ganhava antes”, revela Maluf.
O dirigente vê na motivação do jogador um fator fundamental para a idolatria que alcançou em menos de um ano na equipe comandada pelo técnico Cuca. “Ele teve a oportunidade de resgatar o futebol numa equipe que dá uma condição de trabalho legal, paga em dia e cobra os atletas. Ele aceitou uma situação muito pior do que tinha, acreditando no que poderia conquistar”, completa.
Dentre as metas traçadas por Atlético-MG e Ronaldinho em seu primeiro contrato, constavam itens como número de jogos mínimos, posição final no Campeonato Brasileiro e vaga na Libertadores.
Com o segundo lugar no Nacional, atrás apenas do Fluminense, o jogador acabou buscando quase todas elas. Não faltava motivo para sorrir. “A nossa postura realmente foi apostar em objetivos e fomos felizes porque deu tudo certo e a gente conseguiu tudo que tinha firmado”, comenta Assis.
A estratégia satisfez tanto as partes que, ao negociar um novo contrato em novembro, Ronaldinho e Atlético-MG seguiram apostando nas mesmas cláusulas, fechando um acordo até dezembro desse ano. “Continuamos com as metas para 2013. Ele teve a oportunidade de sair para ganhar muito mais, mas preferiu receber menos e continuar tendo os objetivos”, diz Maluf.
Paralelamente aos desafios impostos pelo clube e seu irmão na permanência no Galo, o jogador tem na Copa de 2014 outro argumento para não deixar o rendimento cair. Mais uma vez convocado para a Seleção, acrescenta a experiência perseguida pelo treinador Luiz Felipe Scolari em seu retorno ao comando do time.
Titular na estreia de Felipão contra a Inglaterra, no início do mês, Ronaldinho vislumbra uma temporada repleta de compromissos pela frente. “É um ano importante, um ano de Copa das Confederações, Libertadores, Brasileiro”, afirma Assis, elogiado entre os dirigentes mineiros por sua postura nas negociações e por priorizar a recuperação do meia e afastar dele qualquer dúvida sobre o futuro de sua carreira.