Pós-cheia revela devastação em Porto Velho (RO)

16-05devastacao-Porto Velho, RO – “Parece que fomos vítimas de um tsunami devastador que veio e acabou com o pouco que tínhamos. Em questão de meses destruiu aquilo que passamos uma vida toda construindo. Sempre fui uma mulher forte e batalhadora, nunca fiquei sentada esperando as coisas acontecerem e dessa vez fui obrigada a assistir tudo sentada sem poder fazer nada”, desabafa com lágrimas a dona de casa Maria Ferreira, que mora na Estrada do Belmont há mais de 15 anos. Com a cheia do rio Madeira, que bateu a marca histórica de 19,74 metros, segundo a medição realizada pela Agência Nacional de Águas (ANA), um trecho da estrada que é o único acesso às bases das distribuidoras de combustíveis de Porto Velho ficou completamente submersa. Com a vazante das águas, a situação ficou ainda mais crítica na região, as ruas e casas foram invadidas pela lama, barro e muita areia argilosa trazida pelo rio Madeira.

Diante do cenário de destruição, o aposentando Antônio Gomes – que há menos de três meses passou por uma cirurgia de apêndice – trabalha dia após dia na limpeza e recuperação de seu único patrimônio. “Eu não posso contar com a ajuda de ninguém. Governo e prefeitura só servem para nos cobrar impostos. Quando a população realmente precisa, não tem apoio algum. As autoridades e órgãos competentes esquecem dos moradores dessa região, tudo que falam na televisão não tem chegado até aqui”, desabafa o aposentado.

Limpeza acontece aos poucos

Por meio da assessoria de imprensa, o Departamento de Estradas de Rodagem e Transportes (DER) responsável pela Estrada do Belmont, informou que em breve será feita a limpeza e recuperação do trecho mais afetado pela cheia na estrada.

Por outro lado, a Secretaria Municipal de Serviços Básicos (Semusb) disse que tem avançado com as ações de desobstrução da rede de drenagem pluvial e de limpezas de áreas afetadas pela enchente do rio Madeira. “Estamos trabalhando com uma equipe de 60 pessoas com cinco caminhões-pipa, uma patrulha mecanizada, uma retroescavadeira, uma pá carregadeira e diversas caçambas. A patrulha mecanizada segue na frente, retirando os entulhos, e a equipe de serviços manuais, junto aos caminhões-pipa, seguem atrás lavando as ruas”, explicou Itamar Ribeiro, secretário adjunto da Semusb.

Lama e barro tomam acostamento

Em meio a lama, a dona de casa Maria Ferreira conta que comemorou o Dias das Mães com uma pá e vários litros de água sanitária.

“Quando a água do rio invadiu minha casa tive que ficar abrigada na casa do meu ex-marido. Agora que a água foi embora deixou uma boa quantidade de lama e barro de recordação. Eu moro há mais de 15 anos na beira dessa estrada e nunca tinha passado por nada parecido. Aonde eu morava tudo ficou danificado, agora estou abrigada na casa do meu filho. Fiz o meu cadastro para receber a cesta básica e o auxílio aluguel e até hoje não recebi nenhum dos dois”, alega.

Ainda segundo dona Maria Ferreira, com a pista repleta de lama e barro, a limpeza e reconstrução das regiões afetadas está completamente comprometida. “Um trator passou por aqui e abriu um caminho na rua, deixando o acostamento com quase dois metros de altura. Isso acaba atrapalhando a vida daqueles que necessitam voltar para suas casas”, diz.

De acordo com a funcionária pública Maria Auxiliadora – que mora no bairro Nacional há mais de 10 anos – a Estrada do Belmont sempre foi motivo de descontentamento para os moradores da região. “É triste ver uma via tão importante para a economia da região ser tratada dessa forma, com tanto descaso. Mesmo antes da enchente, os buracos e a lama já tomavam conta de tudo. Fora a falta de iluminação e segurança. Eu tenho vergonha de convidar as pessoas para virem até minha casa, já pensou uma delas ser assaltada ou ter seu carro quebrado. A cheia do rio Madeira só piorou aquilo que já estava ruim”, desabafa Auxiliadora.

Laila Moraes – Repórter do Diário da Amazônia Foto: Roni Carvalho

 

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