Barcelona, ESP – A polícia autônoma catalã divulgou nesta segunda-feira (21) a identidade do autor do atentado de Barcelona, que segue foragido. O motorista da van que atropelou e matou 13 pessoas, além de deixar mais de 100 feridos, é Younes Abouyaaqoub, segundo o responsável de Interior do governo da Catalunha, Joaquim Forn.
Segundo informações da imprensa espanhola, que já havia antecipado a divulgação da identidade do suspeito, Younes Abouyaaqoub é marroquino e tem 22 anos. Ele seria integrante de uma célula terrorista que planejava executar vários ataques na capital da Catalunha.
Em entrevista à Rádio Catalunya, Forn disse que a identidade do motorista da van foi informada para todas as polícias europeias e que vai se iniciar uma caçada internacional. As autoridades não dispõem de dados que apontem uma saída do fugitivo do país.
“Se soubesse que está na Espanha e soubesse a localização, iríamos atrás dele. Não sabemos onde está”, disse à imprensa internacional o comandante da polícia catalã, Josep Luís Trapero, em referência ao foragido.
Segundo Trapero, os planos iniciais da célula terrorista, composta por 12 pessoas – incluindo um imã -, foram frustrados por uma explosão acidental na quarta-feira (16) em uma casa de Alcanar, 200 km ao sul de Barcelona. “Naquele momento estavam preparando os explosivos para, de modo iminente, executar um ou vários atentados na cidade de Barcelona”, disse Trapero.
Ele acrescentou que na casa estavam armazenados mais de 100 botijões de gás e que a polícia catalã encontrou “ingredientes” de TATP, um explosivo utilizado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), que reivindicou os atentados.
Martine Groby, uma aposentada francesa de 61 anos, vizinha desta casa, contou à AFP que desde abril observou um ir e vir contínuo de quatro homens que falavam francês e eram muito “discretos”, que “sempre davam um jeito para que eu não vissem o que estavam descarregando”.
O papel do imã
Dos doze membros identificados da célula terrorista, quatro estão detidos, cinco morreram após o ataque em Cambrils (120 km ao sul de Barcelona), um está foragido e outro morreu na casa de Alcanar. Em Cambrils, horas depois do ataque em Barcelona, o carro onde estava os cinco suspeitos avançou sobre um ponto de controle policial. Uma pessoa morreu.
O 12º também pode ter morrido na explosão de Alcanar, pois na residência foram encontrados “vestígios de no mínimo duas pessoas”, disse Trapero.
Nenhum dos 12 integrantes da célula, com idades entre 17 e 34 anos, tinha antecedentes vinculados com delitos de terrorismo, informou o comandante dos Mossos d’Esquadra.
Trapero confirmou que um dos integrantes da célula é o imã de Ripoll, uma pequena cidade do norte da Catalunha onde moravam diversos integrantes do grupo.
O imã foi identificado por seu colega de apartamento, Nordeen el Haji, como Abdelbaki Es Satty. No sábado (19), a Polícia realizou uma operação de busca na casa do religioso.
Nas últimas horas aumentaram as suspeitas de que o imã, de 42 anos, liderava a célula. “Ele se reunia mais com os jovens do que com pessoas da sua idade”, afirmou à AFP um vizinho de Ripoll, ao descrever o imã, que chegou à cidade em 2015. Em junho, ele pediu férias de três meses, ao afirmar que precisava viajar ao Marrocos.
O imã morou em Machelen, na periferia de Bruxelas, “de janeiro a março de 2016”, afirmou à AFP o prefeito da localidade fronteiriça de Vilvorde, Hans Bonte.
“Segundo as informações que tenho”, o imã Abdelbaki As Satty, procurado pelos investigadores espanhóis, hospedou-se “em Machelen de janeiro a março de 2016”, declarou Bonte, encarregado da polícia das duas localidades, confirmando uma informação da rede pública flamenca VRT.
Homenagem na Sagrada Família
No domingo, Barcelona homenageou as vítimas em uma cerimônia solene na Sagrada Família, o famoso templo concebido por Antonio Gaudí, na presença de 1.800 pessoas.
A cerimônia, sob fortes medidas de segurança que incluíram a presença de franco-atiradores, contou com a participação do rei Felipe e da rainha Letizia da Espanha, do primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy e do presidente da região da Catalunha, Carles Puigdemont.
A capital catalã recuperou parte da normalidade com o início da Liga no Camp Nou, onde o Barça dedicou à sua torcida, de luto, a vitória por 2 a 0 sobre o Betis.
No gradil, a torcida repetiu o lema “Não tenho medo” e em campo, Leo Messi e companhia exibiram braçadeiras pretas e camisetas especiais, nas quais seus nomes foram substituídos pelo da cidade de “Barcelona”.
Doze vítimas identificadas
Até o momento já foram identificadas 12 das 14 vítimas fatais. Entre elas destaca-se um menino britânico-australiano de 7 anos, e outro espanhol de 3.
O garoto de 7 anos, Julian Cadman, estava sendo procurado pela família desde que ele aparentemente se separou de sua mãe no dia do ataque. Neste domingo, a polícia catalã confirmou a sua morte. Após a notícia, familiares disseram que irão se “lembrar do seu sorriso e guardar sua memória no coração”.
Cidadãos de pelo menos 34 países estão entre os 14 mortos e mais de 100 feridos do atentado, todos atropelados por uma van que avançou em ziguezague contra os pedestres no calçadão da avenida Las Ramblas, um dos principais pontos turísticos de Barcelona.
A polícia catalã investiga também o caso do jovem Pau Pérez, de 34 anos, encontrado morto com ferimento de arma branca em um veículo que na quinta passou por um posto de controle, três horas depois do atropelamento em Las Ramblas. Se for confirmada a relação com o atentado, seria a 15ª vítima do atentado.
Amazonianarede-Globo/El País