Pesquisa afirma que Florestas no sul do Amazonas estão mais vulneráveis a incêndios

Amazonianarede – Inpa – Daniel Jordano 

Manaus – Uma pesquisa feita pela engenheira agrônoma Sumaia Vasconcelos, aluna de doutorado do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), revelou que uma área de aproximadamente 86.600 hectares de floresta em pé nos municípios de Boa do Acre e Lábrea, sul do Amazonas, está mais propícia a incêndios florestais recorrentes. A constatação foi feita após coleta de dados no campo e análises de imagens de satélite referente a 11 anos da história de fogo na área.

A área de floresta afetada pelo fogo nesses municípios equivale a124 mil campos de futebol levando em consideração as medidas oficiais estabelecidas pela Federação Internacional de Futebol (Fifa). De acordo com Vasconcelos, o local foi impactado por grandes incêndios florestais ocorridos durante a seca de 2005.

Ela explica que incêndios florestais geralmente são causados pela prática humana de atear fogo em áreas já cultivadas (como cultivos agrícolas e pastagens) que saem do controle e invadem a floresta. Vasconcelos disse que se o clima mudar como previsto por modelos de circulação global (MCG) na região, aliado ao uso descontrolado do fogo pelo homem, podem ocasionar novos incêndios florestais de maior magnitude.

“Hoje Lábrea e Boca do Acre concentram mais de 86.600 hectares de floresta em pé que foram afetadas pelo fogo (incêndio florestal) e que estão mais propícias a queimarem novamente. Nesse caso, o impacto pode ser duas vezes maior que no primeiro incêndio. No incêndio de 2005 a estimativa de carbono comprometido para emissões foi de 1,8 e 2,2 milhões de toneladas, um e quatro anos depois do fogo”, disse.

O estudo revelou também que a região sul do Amazonas concentra 60% dos focos de calor (indicador de queimada) de todo o Estado. Além de Lábrea e Boca do Acre, Apuí, Novo Aripuanã, Manicoré, Humaitá e Canutama também registram alto índice de focos de calor. Segundo Vasconcelos os picos de focos de calor ocorrem em período de menos chuva.

“Essa região concentrou cerca de 60% dos focos de calor detectados no Amazonas no período de 2000 a 2010. Ao longo desses 11 anos esses municípios foram os campeões de queimadas. A maior ocorrência de focos de calor incidiu em área com precipitação de chuva inferior a 100 milímetros por mês.

É uma região mais seca, comparado ao norte e noroeste do Amazonas, mas na Amazônia além do fator meteorológico o fogo, para existir, geralmente precisa ter o homem como fonte de ignição. Há forte pressão do uso da terra nessa região ”afirmou.

Clima Global

Para o pesquisador do Inpa, Philip Fearnside, que foi o orientador da tese de doutorado de Vasconcelos, a ação humana gera impactos ambientais na região. “Essas ações geram um grande impacto e isso vem aumentando.

Há 30 anos não se ouvia falar em incêndios florestais na Amazônia. Outro fator é a mudança climática. O ano de 2005 foi preocupante e não era ano de El Niño. O El Niño causou incêndios florestais em Roraima nos anos de 1998 e 2003, mas ele afeta a parte norte da Amazônia.

A parte sul do Amazonas tem muito menos influência do El Niño, mas secas provocadas por aquecimento no oceano Atlântico, como aconteceu em 2005 e novamente em 2010, representam uma ameaça grave para essa região. Essas secas são previstas a aumentar com mais aquecimento global”, destacou.

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