Pastor representará Brasil em mundial de aviõezinhos

O pastor demonstra como se lança um aviãozinho
O pastor demonstra como se lança um aviãozinho
O pastor demonstra como se lança um aviãozinho

O pastor e estudante de Filosofia Roberto Duarte Cidral, de 40 anos, é o que se pode chamar de talento nato em um esporte pouco conhecido: o lançamento de aviõezinhos do papel. Ele competiu apenas três vezes na modalidade e vai representar o Brasil no campeonato mundial da categoria, o Red Bull Paper Wings, que acontece nos dias 8 e 9 de maio em Salzburg, na Áustria.

Desenvolto com as palavras como pede a profissão religiosa, Cidral já estudou Direito, é formado em Teologia e conta, sem falsa modéstia, que notou seu talento com as aeronaves de celulose ainda na infância, na cidade de Campo Mourão, interior do Paraná, onde viveu até o início da juventude.

“Morava em um terreno grande, como eram os das casas no início do loteamento da cidade.  Ficava lançando aviões e pensava: sou bom nessa coisa”, lembra o pastor, que nunca aprendeu com ninguém como dobrar os aviõezinhos. “Sempre inventei meus modelos”, garante.

Vinte anos depois, já morando em Florianópolis, foi essa certeza que levou o pastor paranaense a achar que poderia bater os competidores do Red Bull Paper Wings que viu em 2012, durante a etapa catarinense daquele ano.  “Cara, se eu jogar eu ganho desses caras”, relembra o teólogo, que levou os filhos para assistir à disputa.

Ainda seriam necessários dois anos para que ele competisse pela primeira vez. A estreia aconteceu em um evento organizado por alunos da UFSC em Joinville, em 2014. Roberto ficou em segundo lugar, ganhou uma medalha, mas não conseguiu satisfazer o filho mais velho, de 5 anos, que queria ver o pai com um troféu nas mãos, como o reluzente prêmio do campeão.

O estudante de Filosofia admitiu que é teimoso, e muniu-se dessa tenacidade para decidir buscar o troféu para o primogênito. Não deu outra: no começo de 2015 ele venceu a etapa catarinense do Red Bull Paper Wings, na categoria distância, e em abril sagrou-se campeão nacional.

“Fico moído com o esforço”

Cidral conquistou o direito de disputar o mundial na Áustria e, para tentar trazer o troféu, contou que está testando um novo modelo de aviãozinho, com “mais massa e menos asa”, para poder alcançar uma distância maior que 30,8 metros que deram a ele o campeonato nacional.

“Lá fora lançam os aviõezinhos a mais de 50 metros”, explicou o pastor, que tem dificuldades em treinar por causa da altura e comprimento dos ginásios no Brasil – as disputas são sempre realizadas em espaços fechados, para o vento não interferir na performance dos competidores.

Por causa disso,  Roberto tem treinado em centros esportivos com piscinas cobertas, que segundo ele são mais altos e permitem que a aeronave de papel faça uma parábola maior, indo mais longe. O esforço já deu resultados e ele afirma que conseguiu lançar o aviãozinho a 44 metros.

Todo o exercício de Cidral, que lança com a mão direita, cobra seu preço no corpo do estudante de 40 anos. “Fico moído com o esforço”, diz ele, que treina de duas a três horas, em dias alternados. Adepto da corrida, o pastor resolveu trabalhar os músculos e tem feito abdominais, flexões e exercícios com elásticos para aguentar o ritmo puxado.

Já na parte psicológica o pastor garante ser uma fortaleza e que nem mesmo o fato de nunca ter ido à Europa vai atrapalhar seu desempenho. “Estou totalmente focado, não vou nem passear, vou só para o campeonato.”

O foco, porém, não tira o bom humor do falante Roberto, que mostra muita tranquilidade com a proximidade do mundial. “Sou cabeça fresca, extrovertido. Vou chegar e fazer o maior berreiro. Brasileiro é assim e esse também é o meu jeito.” BAND

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