No Pará, alunos convivem com reformas sem fim

11-05aulaA placa já caída é o anúncio mais exato do atraso na reforma da Escola Estadual de Ensino Fundamental Nilza Nascimento, no município de Castanhal. Antes mesmo de se ultrapassar os muros da escola, os problemas se impõem com o acúmulo de materiais decorrentes da obra iniciada em março de 2013 e prevista para encerrar em julho do mesmo ano. Já em maio de 2014, do lado de dentro do colégio, uma cerca de madeira improvisada é o que separa os alunos da obra não concluída e parada.

Impedidos de acessar o bloco onde funcionava a diretoria da escola, todo o material referente aos alunos se acumulam em uma das salas de aula, únicos espaços que chegaram a ter a reforma concluída. Em um dos locais que seria destinado à aprendizagem, professores e membros da direção da escola são obrigados a amontoar documentos, alimentos e o que restou dos antigos móveis.

Uma das seis salas disponíveis no colégio, o espaço ficou desocupado com a evasão de uma turma inteira em decorrência da demora na finalização da reforma. “Não tem sala da diretoria, eu não tenho onde ficar na escola. As salas de aula é o que temos prontas para os alunos porque foi o que conseguimos com muita briga. E ainda não estão como deveriam, o ideal era que fossem climatizadas e ainda nem recebemos todos os ventiladores”, diz a diretora da Escola, Maria das Dores Castro. “Em uma das salas está funcionando tudo da secretaria. Essa sala ficou vaga porque perdemos muitos alunos. Os pais tiraram muitas crianças daqui porque a reforma estava demorando muito”.

Sem que nenhum trabalhador desse continuidade às obras na manhã da última terça-feira, a inutilização do bloco da diretoria também impede que os alunos utilizem as ainda identificadas salas de leitura e multifuncional, destinada a alunos com necessidades especiais. No lugar dos livros, o espaço vazio, sem revestimento e repleto de materiais de construção tornam óbvios os motivos de inutilização do espaço.

Também sem revestimento, as salas da direção, da secretaria, do arquivo e o depósito de alimentos são entregues ao mesmo destino. “A escola está nesse processo de reforma infinita que já deveria ter sido concluído há mais de um ano. Começamos o ano letivo com a cara e a coragem, mas sabemos que a escola não está com estrutura pra receber os alunos”, lamenta Maria das Dores.

“Estamos sem poder usar a internet na escola porque a ligação fica na sala da diretoria, mas que ainda está em obra. O que a gente faz é usar a internet de casa pra resolver algumas coisas”.

Cheios de energia no intervalo entre uma aula e outra, a ausência de uma quadra de esportes é a urgência mais requerida não apenas pelos alunos. Diante do descampado enlameado, os professores avaliam de que maneira poderiam oferecer aos alunos as tão esperadas aulas de educação física. Com o solo molhado e escorregadio após a retirada do matagal que encobria o espaço descoberto, a saída parece não chegar. “É muito complicado. Como fazer para desenvolver as aulas de educação física sem um espaço? Isso aqui estava só mato e mandamos limpar. Só que agora, quando chove, fica só lama. A gente não sabe o que é pior”, reflete, ao ouvir de um dos alunos o pedido mais sincero. “Eu só queria uma quadra, só isso. Uma quadra coberta como a gente vê em outras escolas”, simplifica o estudante Anderson Silva, de 12 anos.

Fonte: Diário do Pará

 

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