Memorial das Águas, projeto de Niemeyer em Manaus, permanece apenas no papel, mas poderá ser materializado

Amazonianarede – G1

Manaus – A única obra do arquiteto Oscar Niemeyer – morto na noite desta quarta-feira (5) – projetada no Amazonas segue sem prazo para ser iniciada. O Memorial Encontro das Águas, criado por ele em 2005, iria compor o pacote de obras da capital para a Copa de 2014, mas esbarrou na licença ambiental e segue no papel há sete anos. Os investimentos previstos são de cerca de R$ 48 milhões.

Planejado para ocupar uma área de 9.383,33 m², o memorial será composto por um pavilhão em formato de oca, com 35 metros de diâmetro na base e altura de sete metros, elevado em relação ao piso da praça, proposta como espaço aberto à paisagem. No local, ainda haverá espaço para restaurante com visão panorâmica para o Encontro das Águas do Rio Negro e Solimões. A estrutura traz traços em curvas, característica das obras idealizadas por Niemeyer.

Com a escolha de Manaus como sede da Copa 2014, o local passou a ser planejado para receber o Fifa Fan Fest. Porém, em outubro, a Unidade Gestora do Projeto Copa (UGP-Copa), no Amazonas anunciou que o memorial não ficaria pronto a tempo do mundial de futebol.

De acordo com o coordenador da UGP-Copa, Miguel Capobiango, o Encontro das Águas é Patrimônio Histórico e a Unidade Gestora aguardava por licença ambiental para iniciar a obra. “O projeto está adjacente à área tombada. Esse tombamento está sendo questionado pelo Governo e o caso está hoje no STF [Supremo Tribunal Federal] sendo julgado e analisado”, explicou. Na época, a UGP informou que locais como a Ponta Negra, Largo de São Sebastião e o Centro Cultural dos Povos da Amazônia estão entre as opção para receber o Fan Fest.

A Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra), responsável pela obra, informou que o “Memorial continua sendo uma obra de interesse do estado, mesmo não sendo mais uma construção relacionada à realização da Copa”. No entanto, a secretaria informou que o local definitivo ainda não foi decidido, o que ocorrerá em parceria com a Prefeitura de Manaus.

Ao G1, a superintendente do Iphan no Amazonas, Sheila Campos, disse que aguarda dados do projeto executivo da obra para dar prosseguimento à analise do caso. Ela explicou que o projeto base foi enviado ao órgão pela UPG-Copa e Seinfra, mas que o instituto determinou complementação e fez recomendações arqueológicas. “A área onde o memorial vai ser implantado tem três sítios arqueológicos já identificados. É uma área de grande potencial arqueológico. Essa resposta do Iphan, de Brasília, veio em junho, foi entregue à UGP-Copa, e nós estamos no aguardo do projeto executivo, quanto aos procedimentos de arqueologia”, explicou ela.

Esforço de todos
O ex-prefeito de Manaus, Serafim Corrêa, que deu início ao projeto durante sua administração, disse em seu blog pessoal que lamenta a perda do arquiteto e o impasse para a construção do projeto. “Por falta de recursos não foi possível fazer a obra. Em 2011, o governador Omar Aziz pediu o projeto da Prefeitura para fazer a obra com o objetivo de receber turistas para a Copa do Mundo, mas, lamentavelmente, também por falta de recursos, não houve avanços”, diz a publicação. “Niemeyer nos deixou. Até por isso entendo que deva acontecer um esforço de todos para fazer essa obra que vai unir a beleza do projeto de Niemeyer com a beleza do Criador”.

Corrêa disse ao G1 que Niemeyer analisou fotos e vídeos para elaborar o projeto. “Como ele não viajava de avião, equipes vieram aqui. Ele me disse que quando viu imagens do Encontro das Águas imaginou duas mãos, que são as duas peças de concreto que se tocam”, explicou. “Na época, disse a ele que nos empenharíamos para fazer a obra e um convite para que ele viesse para a inauguração. Ele sorriu e me disse que não viajava de avião, mas viria de bote”, lembrou.

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