Manaus, AM – O ex-secretário de Administração e Gestão do Estado Evandro Melo, irmão do ex-governador José Melo, o ex-secretário de Saúde Pedro Elias voltaram a ser presos pela Polícia Federal, em Manaus. Os mandados foram cumpridos na manhã desta sexta-feira (9).
Eles são acusados de receber cerca de 20 milhões de reais em propina com recursos da saúde. O esquema criminoso foi apontado na Operação Maus Caminhos. O ex-governador do Amazonas José Melo (PROS) e a ex-primeira dama Edilene Oliveira também foram presos suspeitos de envolvimento no caso.
Por volta das 10h30, eles deixam a sede da Polícia Federal, na Zona Oeste da capital, e seguiram para a sede do Instituto Médico Legal (IML), de onde devem ser conduzidos para cadeia.
Os ex-secretários haviam sido beneficiados com a prisão domiciliar por decisão judicial dada pelo juiz plantonista durante o recesso forense.
O retono à prisão ocorreu em virtude de decisão dada pelo juízo da 4ª Vara Federal, onde tramitam os processos da Operação Maus Caminhos e suas fases, em virtude o recurso interposto pelo Ministério Público Federal contra decisão que concedeu a prisão domiciliar.
Maus Caminhos
A investigação da Operação Maus Caminhos apontou que a movimentação financeira do ex-governador do Amazonas, José Melo, é considerada incompatível com sua renda. Ele teria recebido dinheiro em espécie do médico Mouhamad Moustafa, apontado como o chefe do esquema que desviou recursos destinados à saúde pública.
A participação de Melo no esquema foi identificada por meio de conversas telefônicas interceptadas entre o irmão do ex-governador e Mouhamad Moustafa. Ex-secretários de governo também foram presos durante a Maus Caminhos.

“Nota técnica da CGU [Controladoria-Geral da União] aponta indícios de enriquecimento de José Melo, especialmente em virtude da aquisição de um imóvel de alto valor, avaliado em cerca de R$ 7 milhões, além de reformas vultuosas em sítio também de sua propriedade”, informou comunicado do MPF.
Em 2016, a Operação Maus Caminhos desarticulou um grupo que possuía contratos firmados com o governo do estado para a gestão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Campos Sales, em Manaus; da Maternidade Enfermeira Celina Villacrez Ruiz, em Tabatinga; e do Centro de Reabilitação em Dependência Química (CRDQ) do Estado do Amazonas, em Rio Preto da Eva. A gestão dessas unidades de saúde era feita pelo Instituto Novos Caminhos (INC), instituição qualificada como organização social.
As investigações que deram origem à operação demonstraram que dos quase R$ 900 milhões repassados, entre 2014 e 2015, pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) ao Fundo Estadual de Saúde (FES), mais de R$ 250 milhões teriam sido destinados ao INC.
A apuração indica o desvio de R$ 50 milhões em recursos públicos, além de pagamentos a fornecedores sem contraprestação ou por serviços e produtos superfaturados, movimentação de grande volume de recursos via saques em espécie e lavagem de dinheiro pelos líderes da organização criminosa.
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