Maués, a cidade do Guaraná e das belas praias em águas negras

Maués AM
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Amazonianarede – Redação – pesquisas 

Maués – Hoje, 30 de dezembro, data da abertura da 33ª Festa do Guaraná, matéria postada desde ontem no Portal, o Amazonianarede resolveu homenagear a cidade de Maués, a “Mundurucânia” com esta matéria para mostrar que o turismo no município não sobrevive apenas com a realização desse grande festival patrocinado pela Ambevea, por ser a terra que mais produz guaraná no Brasil, mas existem outras fortes razões para visitar a cidade, como as suas belas praias, o pôr-do-sol amazônico, as comidas típicas, o artesanato e tantas outras coisas.

“Com a Festa do Guaraná, a cidade divide com Parintins, com o famoso Festival Folclórico de “Caprichoso” e Garantindo” e Itacoatiara com o seu já tradicional Festival da Canção, os três municípios com maiores eventos culturais da chamada região do baixo-Amazonas e a cada ano, recebem milhares de visitantes nacionais e internacionais, fomentando o turismo que vai aos poucos se fortalecendo.

Talvez, a cidade possua o maior aglomerado de praias urbanas do interior amazonense, fato que tanto orgulho os seus habitantes.

ORIGEM

A bela Maués, distante de Manaus aproximadamente 15 horas e barco e que só tem acesso por via aérea ou fluvial, é banhada pelas negras águas do rio do mesmo nome e tem orte descendência indígena.

Maués ou mawés é o nome de uma tribo indígena, também conhecida por Maooz, Mabué, Mangués, Manguês, Jaquezes, Maguases, Mahués, Magnués, Mauris, Maraguá, Mahué, Magueses, Sateré-Mawé. Falam a língua maué, integrante única da família lingüística de mesmo nome, pertencente ao tronco tupi.

“Nós somos como um Pássaro no Mundo”, palavras de um índio Maué (PEREIRA, 1954).

Atribuem a sua origem ao cadáver (Icançoque) do filho de Onhiámnuaçabê, plantadora e conservadora do Noçoquém. Depois da tribo dos tapajós, tornou-se a mais numerosa naquela região de confluência do rio Tapajós.

Teve como principal inimigo a tribo mundurucu, e seus vizinhos, os apiacás, os kawahib-parintintins, os andirazes e os muras.

COSTUMES

Os jesuítas chegaram à região em 1659, com a fundação da Missão de Tupinambarana, fazendo cessar o comportamento dos Maués com os restos mortais de seus pares, que consistia na defumação do cadáver, mumificando-os, e uso de urnas funerárias, casas especiais, na companhia de ídolos de pedra.

A puberdade das suas mulheres e homens eram acontecimentos marcados com rituais de extremo valor na comunidade. Os homens eram submetidos à prova das formigas “tucandeiras”.

Os maués mantinham um amplo comércio de guaraná, de objetos e ornatos de plumas. Por seu vasto e estabelecido comércio do guaraná estão no célebre mapa de P. Samuel Fritz, em 1691, bastante conhecido dos viajantes descidos do Alto Madeira e do Alto Arinos.

Eram sedentários e de ânimo pacífico, valentes, corajosos, destemidos e vingativos. E defendiam a cultura pré-colombiana, que tinha como fundamento o guaraná, vínculo a terra pela agricultura, onde teve sua origem mítica, na teimosa atitude de Uaçiri-Pot, o grande legislador da tribo.

A resignação e a audácia são características marcantes dessa tribo tidas por descendeste dos incas, descida do Altiplano Andino, já que apegada ao uso do paricá Mimosa acacioides, cultivando-o.

Em 1626 fora feito um reconhecimento do rio Tapajós e registrou-se mais de 35.000 índios, na Mundurucânia.

Os Maués não utilizam a língua do peixe pirarucu para, por atrito, obter o pó fino do guaraná, mas sim uma pedra, de grão fino, abundante no rio Andirá.

CIVILIZAÇÃO

Os maués jamais se afeiçoaram aos portugueses. Comandaram às suas mulheres que não aprendessem a língua lusa. Tendo-se por principal prova dessa resistência (acomodação inteligente) o seguinte documento primário de fonte histórica, qual seja a Carta Instrutiva que aos Diretores das Capitanias do Pará e Rio Negro, datada de três de outubro de 1769, mandou o Governador Fernando da Costa de Ataíde Teive, nesses resumidos termos:

“Ao cabo da canoa dará V. Mcê ordens em meu nome no acto da partida pa. O sertão, de não entrar em rio aonde conste qe. se poderá encontrar com Índios da Nação Manguês, porque tendo mostrado a experiência que esses miseráveis homens resistem as praticas que se lhe fizer, para caírem das trevas do paganismo, pela introdução das ferramentas, e outros gêneros que vão comerciar com elles; é necessário reduzi-los a necessidade, para deles tiremos os fructos de os descer, quando se virem preconizados, o q. ha de certamente vir a succeder, vendo se destituídos do socorro que lhe aqui inconsideradamente lhes tem levado…”

Noutro momento histórico foram tidos, inexplicavelmente, contra a Cabanagem, em 1835.

No começo do século XX, fomentados pelas expedições dos seringueiros de Itaituba, aderiram e colaboraram, irrestritamente, com as forças militares do Estado do Amazonas, em 1916, no conflito armado travado contra o Estado do Pará, por conta de velha questão de limites entre essas duas unidades da Federação.

LENDAS E TRADIÇÕES

* Origem da Noite.
* História da Pedra ou da Aliança entre os Maués.
* A criação do Mundo.
* Lenda do Timbó.
* Lenda da Primeira Água.
* História da Mandioca.
* História do Mucura e do Acurau.
* Origem dos Bichos.

HABITOS CABOCLOS

No rio Maués-Açu, ou no Paraná (atalho fluvial) do Ramos, todos muito próximos ao rio Amazonas, há mais de 600 anos os indígenas descobriram o guaraná. Hoje, o “fruto dos olhos” é hábito dos amazonenses e está presente no café-da-manhã, no aperitivo do almoço de feijão e macaxeira.

A noite ele acompanha o mingau de tapioca, mas só para quem está acostumado com o seu teor protéico e energético.

Com três ou quatro vezes mais cafeína que o café puro, o guaraná, se consumido em excesso, pode deixar a pessoa sem pregar os olhos à noite todos – mas tomada por aquele prazer de euforia natural que ele é capaz de dar.

Um caboclo produtor e sua família sempre oferecem ao visitante o guaraná in natura, ralado na hora na língua do peixe pirarucu. É um costume quase ritual que precede a conversa.

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