Maioria das hidrelétricas da região não tem reservatório e as vazões estão abaixo da média histórica.
A grave seca que enfrenta a região Norte do país está colocando o setor elétrico em estado de atenção. A vazão dos rios nas principais hidrelétricas da Amazônia está muito aquém da média histórica. Algumas, como a de Jirau e Santo Antônio, localizadas no rio Madeira, em Rondônia, operam com vazão equivalente a 15% da média. Na usina de Belo Monte, no Pará, o índice chega a 10%. Os índices foram calculados pelo Poder360 a partir de dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). A usina de Santo Antônio teve as operações suspensas na 2ª feira (2.out.2023) pelo baixo nível. Parte da energia que produzia era levada para o Sudeste, mas a linha de transmissão também foi desligada. A de Jirau continua produzindo, abaixo da capacidade, atendendo somente a Rondônia e Acre.
Embora tenha algumas das maiores hidrelétricas do país, a região Norte responde por apenas de 6% da capacidade total dos reservatórios do sistema elétrico. A maioria das usinas da região foi construída no modo fio d’água, ou seja, sem reservatório. Vigente no Brasil nos últimos 20 anos, o modelo não dá a devida segurança de abastecimento por deixar as usinas mais suscetíveis a esses fenômenos.
As hidrelétricas de Tucuruí (PA) e Balbina (AM) apresentam vazões maiores, acima de 20% da média histórica. Como são mais antigas, estão entre as poucas exceções da região por contarem com reservatórios de água. O volume útil dos lagos atualmente ultrapassa 50%, índice padrão para esse período do ano.
Para garantir o abastecimento, o governo tem recorrido a térmicas. Duas já foram acionadas em Rondônia: Termonorte 1 e 2. Estão despachando para suprir a falta da UHE Santo Antônio. Outras podem ser acionadas se a situação se agravar. Um estoque emergencial de óleo diesel foi feito para garantir o funcionamento dessas usinas, capaz de assegurar o abastecimento por 30 dias.
A temporada de maio a outubro é tradicionalmente mais seca na região Norte. Neste ano, porém, a estação menos chuvosa foi mais grave que o normal. Isso foi provocado pela junção de 2 fenômenos climáticos: o El Niño e o aquecimento da porção norte do oceano Atlântico.
A especialista aponta que a seca na região neste ano foi intensificada pelas altas temperaturas no oceano Atlântico Norte. Ela explica que o Norte teve chuvas muito abaixo da média de julho a agosto deste ano, mesmo em comparação a outras secas históricas na região amazônica, como em 2005, 2010 e 2015.