Maceió de cidade provinciana a destino turístico, completa 200 anos

Maceió, uma bela capital turística do Nordeste, completa hoje 200 anos
Maceió, uma bela capital turística do Nordeste, completa hoje 200 anos
Maceió, uma bela capital turística do Nordeste, completa hoje 200 anos

Maceió – O surgimento da cidade de Maceió foi a modo do Brasil Colônia: em função das atividades extrativistas, onde existia o comércio do pau-brasil e a escravidão. No começo, as atividades se concentravam no bairro de Jaraguá, por causa do porto, e no Centro, cortado pelo antigo Riacho Salgadinho, que fornecia água e peixes para movimentar o comércio e alimentar os escravos.

Neste sábado (5), a capital alagoana completa 200 anos, e o sistema Globo entrevistou historiadores, economistas e com quem viveu na época em que estourou o desenvolvimento da cidade para contar um pouco dessa história.

Os índios que primeiro habitaram a cidade deram ao pequeno, mas robusto, riacho que banhava o sítio maceioense, o nome de Massayó ou Massai-ó-k, que significa “o que tapa o alagadiço”. Mais tarde, esse nome foi dado ao engenho construído em frente, onde hoje é a Catedral Metropolitana, e depois foi o nome escolhido para batizar a cidade.

Segundo o historiador Douglas Apratto, Maceió “brigou” com mais oito vilas para esse título. E foi justamente por causa do Porto, que conquistou a sua autonomia.

De acordo com o historia­dor, em 5 de dezembro de 1815, houve o alvará régio de Dom João VI, determinando que a Vila de Maceió fosse desmem­brada da Vila de Santa Maria Madalena da Lagoa do Sul, que atualmente é o município de Marechal Deodoro.

Mas há um certa confusão sobre a data do aniversário da cidade, já que muita gente considera a data de 9 de dezembro, data em que Maceió passou a ser a capital da província de Ala­goas. “No dia 9 de dezembro de 1839, o então governador Agostinho da Silva foi libertado e venceu a facção que apoiava a transferência da capital da Província de Alagoas”, afirma Apratto.

Maceió antiga
Maceió antiga

Aos poucos, Maceió começou a crescer e se desenvolver. Foram surgindo os bairros da parte baixa, Trapiche, Vergel, Bebedouro. Em 1940, a parte alta começou a crescer, o bairro do Farol foi o primeiro a surgir, e aos poucos, o restante.

E só depois dos anos 1960 que o litoral começou a ser habitado. Antes disso, a região da Praia da Avenida já havia sido povoada e se tornou o ponto de encontro de amigos e família. De acordo com o Douglas Apratto, os bairros Pajuçara, Ponta Verde, Jatiúca, Guxuma, Jacarecica e Ipioca, que compõem a orla da capital, são nomes herdados dos indígenas.

“É tão forte a presença indígena na toponímia (estudo dos nomes próprios de lugares) e na etimologia (estudo da origem das palavras) maceioense e, no entanto, nós nem associamos esses nomes às nossas raízes indígenas nem à herança que nossos ancestrais deixaram em vários campos de atividade”, reforça o historiador.

No início do desenvolvimento, toda a maior parte das atividades se concentravam no interior do estado. A maior parte da população morava na zona rural. Mas em 1950, ocorreu um fato histórico: a população da zona rural se equiparou à da zona urbana.

“Alagoas sempre foi muito rural, com fazendas e com a presença do poder político e econômico. Mas houve uma crise no setor da cana-de-açúcar, os trabalhadores perderam suas casas e vieram tentar a sorte na capital”, conta Apratto.

De acordo com o historiador, naquela época a estiagem já influenciava na geografia local. “A seca também foi um dos fatores que contribuíram com a migração dessa população. Ao chegar aqui, a maioria não conseguiu arrumar emprego e foi viver de bicos, morar nas ruas e assim foram surgindo as favelas”, afirma. O historiador diz ainda que isso foi um fator fundamental para as diferenças sociais na cidade. “Foi criada uma cortina de exclusão e que se arrastou por longos anos. Hoje, Maceió tem mais de 1 milhão de habitantes e prefeitura e governo do estado não conseguem absorver a demanda da capital. Até hoje, não temos um sistema de esgoto eficiente. É preciso que se invista em educação, para que a população mais carente tenha condições de mudar de vida”, afirma.

Crescimento econômico e populacional 

Apesar da grande diferença entre ricos e pobres, a renda de Maceió continua sendo a maior parte de riqueza gerada em Alagoas, segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao ano de 2012. A cidade possui os melhores resultados em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), ocupando a 41ª colocação no país.

Atualmente, com um milhão de habitantes, concentra um terço da população do estado, três milhões de habitantes. Para o economista Cícero Péricles, o acelerado crescimento populacional chama a atenção.

“Na década de 70, eram cerca de 170 mil habitantes [em Maceió] e em 2014 já estava em um milhão. Isso reflete um crescimento de diversos setores da cidade, o que acabou atraindo migrantes do interior para morar na capital. E também metade da riqueza alagoana está concentrada em Maceió”, observou.

Com uma população tão grande, o mercado consumidor também se tornou expressivo.

“Maceió é o 25º mercado consumidor do país. A cidade tem uma economia baseada na rede de serviços e comércio, tanto no setor formal, como de trabalhadores sem carteira assinada”, explica Péricles. E esse crescimento veio com obras de infraestrutura e com novos bairros surgindo.

“Maceió era um vilarejo inexpressivo. Hoje tem muitos bairros. Cresceu muito na área da parte alta e do Litoral Norte. Além das moradias, vieram as empresas e os comércios como os três shoppings que existem hoje”, falou.

“A cidade teve uma evolução nos serviços de saúde, com exames e serviços de média e alta complexidade. Na educação, tem universidades, faculdades e cursos profissionalizantes e de pós-graduação. Existe um número grande de alunos na rede pública de ensino”, destacou.

Turismo

Maceió, moderna
Maceió, moderna

Maceió tem uma posição geográfica privilegiada, que a transformou num destino turístico nacional. “Temos uma rede hoteleira muito competitiva no âmbito nacional. O aeroporto internacional ajudou muito ao turismo. A rede hoteleira e gastronômica é muito desenvolvida”, avalia Péricles.

Mas não só o turismo se destaca na capital alagoana. “Nos últimos anos, Maceió passou a atrair grandes investimentos. A cada ano, novos compradores e investidores de outros estados são atraídos para cá”, destaca o economista.

Apesar de se destacar entre as cidades que mais crescem, Maceió enfrenta um problema de má distribuição de renda que pode ser comprovado pelo baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Segundo o último levantamento, com base nos dados de 2010, o baixo IDH deixou a cidade na posição 1266º dos municípios do país, sendo a primeira das capitais.

“Uma cidade que tem uma parte da população muito pobre e a prefeitura não tem condições de suprir todas as necessidades. Outra característica é que a cidade é muito polarizada. Alguns bairros têm um grande índice de desenvolvimento, como o Adelbaram. Ao mesmo tempo, lugares como o Vale do Reginaldo têm o indicador muito baixo. E o acesso aos bens públicos também encontra problemas”, expõe Péricles.

Apesar dos índices negativos, o economista diz que a perspectiva é positiva e de crescimento. “Como a cidade tem uma infraestrutura instalada, atrai mais empresas que buscam isso. Então, Maceió tende a trazer novos investimentos. Isso sem falar do potencial turístico que é gigantesco. Desde que resolva problemas como o de saneamento e outros”, completou.

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