Kamélia chega hoje para abrir o Carnaval amazonense e sairá em carreata do Eduardo Gomes

Kamélia

Amazonianarede – Redação

Manaus – Ícone do Carnaval amazonense, a mulata Kamélia, carnavalesca das boas, que resolveu se mudar para Salvador, na Bahia, anunciou a sua chegada em Manaus para as 21 horas de hoje, sábado e tudo isso, só para ter o prazer de comandar a abertura do Carnaval do Olímpico Clube, onde nasceu e foi criada.

Querida na cidade e com muitos fãs, a sua recepção no Eduardo Gomes, a exemplo dos anos anteriores ocorrerá em grande estilo e após ser abraçada pelos fãs, a morena sairá em carreta até a sede do Clube, dando um toque todo especial nestes dias que antecedem o carnaval amazonense, com o tradicional Baile da Kamélia, como ocorre desde 1938.

O COMEÇO

A boneca Kamélia surgiu em Manaus no Carnaval de 1938 e fez tanto sucesso que, com o tempo, passou a marcar o início das folias de Momo na cidade. A idéia inicial foi do ex-diretor do Olímpico, Cândido Jeremias Cumaru, o Candu.

Na época, a música ‘A Jardineira’, composta por Benedito Lacerda e Humberto Porto, fazia muito sucesso e falava de uma certa Camélia (Oh! Jardineira, por que estás tão triste? Mas o que foi que te aconteceu? Foi a Camélia que caiu do galho, deu dois suspiros e depois morreu…).

Da música para a “personificação” foi um pulo. Candu havia comprado uma boneca, trajada de baiana, de uns 75 cm de altura, por quatro mil réis nas Lojas 4.400 (esquina da avenida Eduardo Ribeiro com a avenida Sete de Setembro, onde fica a Marisa). Com a boneca amarrada num galho de ingazeira, Candu descia a avenida Eduardo Ribeiro, na época local dos desfiles carnavalescos. Foi assim que Kamélia começou a ganhar fama.

Os anos se passaram e a Kamélia, já com grandes proporções, se tornou integrante de um bloco que organizava sua chegada à cidade a cada Carnaval.

O bloco se reunia no porto de Manaus e percorria as ruas do Centro da cidade até a praça da Saudade e, de lá, seguia até a ex-sede do Olímpico, então na esquina da avenida Constantino Nery com a Leonardo Malcher.

Com a popularização do aeroporto de Ponta Pelada (inaugurado em 1947), a chegada da Kamélia foi transferida para lá, seguindo pelas ruas da cidade até a atual sede do Olímpico, na Constantino Nery.

O primeiro prefeito a conceder a chave da cidade para a boneca negra foi Gilberto Mestrinho (1956/1958), em 1957. A partir dali, o evento se tornou tradição.

ESCOLA DE SAMBA

O historiador José Martins Rocha contou que “a Kamélia ficou tão famosa que arrastava multidões pelas principais ruas da cidade a cada chegada. Participou de vários blocos no tradicional Bar Avenida, até a metade de 1940.

No passado, a grande boneca era toda confeccionada em papel marché sobre armação de ferro, pesava em torno de 70 quilos. A atual, remodelada, é construída com isopor e acrílico, pesa somente 35 quilos e mede 2,57 metros de altura”.

Mantém como traje e adereços a figura típica de uma baiana, mas a cada ano ganha uma nova fantasia estilizada. Segundo Itamar Nunes, diretor de Carnaval da Escola de Samba Império da Kamélia, quem responde pelo visual da boneca é o artista parintinense Joildo Camargo, já o miolo, responsável por dançar debaixo dela, é Erivaldo Filho, 17 anos, desde os 10 exercendo a função que foi de seu pai, homônimo, por quase 30 anos. Falando em Escola de Samba Império da Kamélia, há dez anos esta foi a nova forma que os admiradores da boneca negra encontraram para exaltá-la tornando-a rainha.

Fundada em 7 de dezembro de 2003, a Escola de Samba tenta, este ano, passar para o Grupo Especial “de onde pretendemos nunca mais sair”, disse Nunes. “No desfile, no dia 8 de fevereiro, no sambódromo, a Escola de Samba apresentará o enredo ‘Sagrado, profano, histórico.

A Império da Kamélia pinta o 7 na Avenida’. Os mistérios do número 7, sob a proteção de São Jorge, nos levarão ao título”, profetizou.

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