Índice de gravidez na adolescência em Roraima é o maior do Brasil

06-11barrigaBoa Vista, RR – Enquanto que em outras cidades brasileiras houve grande redução de adolescentes mães, Boa Vista teve a maior média, 16,9%.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou, no dia 31 passado, que a taxa de incidência de gravidez em adolescentes entre 15 a 19 anos de idade teve uma queda significativa. Entre os anos de 2000 a 2010, houve uma redução de 14,8% para 11,8% no país.

Porém, o Estado que obteve maior taxa de gravidez na adolescência foi Roraima, com 20,1%, seguido do Acre, que registrou 19,9%. Enquanto que em outras cidades brasileiras houve grande redução nessa situação, Boa Vista teve a maior média, 16,9%.

O técnico do IBGE, Vicente de Paulo Joaquim, acredita que os principais fatores para a taxa de gravidez entre as mulheres nessa faixa etária são a baixa renda que a maior parte da população recebe e o preconceito que boa parte das pessoas do Estado demonstra ter principalmente contra indígenas, impedindo que as políticas públicas cheguem até elas. Além do fator de pouco poder aquisitivo, ele pontua a questão de abuso sexual na família.

Ainda segundo Joaquim, a situação pode ser mais acentuada nas áreas rurais de Roraima bem como nas áreas indígenas, onde as políticas públicas acabam sendo menos efetivas. Aspectos como cultura e estrutura familiar influenciam para que a ocorrência desse problema seja maior. “Muitas vezes pode haver pressão social para que essas mulheres casem-se e constituam família mais precocemente ou as adolescente não vejam perspectiva em relação à escolaridade e a emprego. Ou ainda devido a lacunas do conhecimento sobre concepção”, explicou.

De acordo com Vicente de Paulo Joaquim, Roraima tem uma particularidade que são as populações indígenas, porque entre esses povos, por questão cultural, elevam esse índice de gravidez. “Com 13 ou 14 anos as meninas indígenas casam-se e já são mães. São bem diferente esses casos com habitantes de zonas urbanas e zonas isoladas”, destacou.

Ele enfatizou que esse problema acontece por motivos bem diferentes em locais urbanos e rurais. Vicente de Paulo disse ser preciso considerar que uma boa parcela dos habitantes dos municípios de Boa Vista é rural e indígena, portanto, se encaixaria dentro do contexto de fatores desencadeadores para a situação de gravidez na adolescência. “A exemplo da questão da renda, entre os povos indígenas, o conceito de renda é distinto do conceito das pessoas de áreas urbanas. Esse indicador pode ser referência por causa da diversidade da sociedade pesquisada, pois com pouca renda o grau de instrução é menor”, disse.

A Região Norte registrou a maior incidência de mães muito jovens. O Sudeste foi o que apresentou menor índice. Em âmbito nacional, ter filhos na idade de 15 a 19 anos foi constatado na pesquisa ser mais comum entre as mulheres negras e pardas. (T.C)

Fonte: Folha BV

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