Manaus, AM –Para recordar com grandeza o passado da bela cidade de Manaus, Um museu a céu aberto será mantido no trecho que compreende a Avenida Eduardo Ribeiro com Rua 10 de julho no Centro de Manaus. Técnicos dos órgãos e outros profissionais envolvidos na revitalização da região estiveram nesta segunda-feira (11), no local alinhando as ações estratégicas para a conservação e exposição dos trilhos do antigo bondinho elétrico usado como transporte em Manaus no século XIX. A ideia é deixar os trilhos encontrados na própria via e preservando a história para mostrá-la à população.

O levantamento arqueológico já realizado no local aponta que os trilhos, encontrados estão conservados e foram evidenciados no mesmo nível dos paralelepípedos. Os achados históricos, de acordo com o subsecretário de Obras Públicas da Seminf, Antônio Nelson, passam a integrar, a partir de agora, o projeto de revitalização da via. “Estamos adotando a indicação feita pelas arqueólogas que atuam no monitoramento arqueológico da obra. Para isso, vamos realizar intervenções mínimas no local, preservando o trecho da forma como ele foi encontrado”, explica.

Integrar este cenário histórico evidenciado pela revitalização da Eduardo Ribeiro com a rotina de uma cidade contemporânea é a proposta da prefeitura, lembra o presidente do Implurb, Roberto Moita. “Essa é uma novidade na vida de Manaus. É um pedaço da cidade surgindo e contando sua própria história. E é um grande desafio integrar esse cenário histórico herdado com o cotidiano de uma cidade contemporânea. Mas a adequação entre a história e a revitalização se dará de forma harmoniosa”, destaca Moita.

Para o superintendente do Iphan, Almir de Oliveira, que visitou o local, a preservação do trecho onde estão localizados os trilhos do bondinho é a iniciativa mais correta adotada pela prefeitura. “Esse é um momento muito especial para a requalificação do Centro de Manaus. Esse novo elemento vai agregar muita informação, valor e ambiência histórica para nossa cidade. Além de se tratar de um sítio arqueológico de grande importância para a história do urbanismo”, destacou.

Bloco Testemunho

No primeiro trecho da primeira etapa de revitalização da Eduardo Ribeiro, entre a praça do Congresso, na rua Monsenhor Coutinho, e a rua 10 de Julho, explica Antônio Nelson, os paralelepípedos recuperados foram fixados nos cruzamentos e nas faixas laterais próximas ao meio-fio. A pista de rolamento central ganhou peças pré-moldadas de concreto.

No cruzamento da Eduardo Ribeiro com a 10 de Julho essa intervenção não será feita. Esse trecho – composto pelos trilhos, paralelepípedos e blocos históricos datados do século XIX – será chamado de Bloco Testemunho, segundo a arqueóloga Margaret Cerqueira. “Chamamos de bloco testemunho justamente por deixá-lo da forma como encontramos e como era no século XIX. Quanto menor a intervenção, mais fiel será o testemunho da história”, acrescenta.

Obras

Para evidenciar os paralelepípedos e os trilhos que ainda estão abaixo da camada asfáltica, os trabalhos no local seguem um ritmo mais manual, sem intervenções de maquinários pesados. “Vamos trabalhar com a retirada manual do asfalto que está sob o trilho, assim como alguma evidência de concreto que existe por conta de intervenções no passado”, explica Margaret.

Para dar celeridade aos trabalhos, a Seminf e o Implurb já iniciaram as tratativas com a SEC. De acordo com Moita, o corpo técnico de restauro da pasta possui o know-how para atuar na ação preventiva de conservação dos trilhos e limpeza dos paralelepípedos in loco. Outro ponto já avaliado pela prefeitura, segundo Moita, é o deslocamento do fluxo de veículos pesados nesse trecho. “Nesse momento estamos focando no trabalho de restauro e preservação desses achados. Mas um dos pontos a ser repensado é o trânsito de veículos pesados nessa área”, completa.

A História

A avenida Eduardo Ribeiro nasceu em meados dos anos 1900, a mais afável, luxuosa e pitoresca da cidade de Manaus. A via tomou o mais alto lugar do pódio e tornou-se a primeira e única avenida com requintes românticos e calorosos (resultado de toda a luxúria e deslumbramentos aos moldes das mais pitorescas e românticas cidades europeias, em especial, Paris) existente na região.

Quanto aos aspectos físicos, a arquitetura e materiais do projeto inicial servirão de base para o projeto atual. A camada de rolamento do pavimento (via de tráfego automobilístico) foi concebida com paralelepípedos, peças de uma pedra sólida colocada sobre um leito de areia e terra; e, as calçadas eram de pedra tipicamente portuguesa, a pedra de lioz.

O projeto de revitalização abrange a Av. Eduardo Ribeiro em toda a sua extensão e os cruzamentos com as seguintes ruas: Av. Sete de Setembro, Rua Henrique Martins, Rua Saldanha Marinho, Rua 24 de Maio e a Rua José Clemente; e, apenas as esquinas da Rua Monsenhor Coutinho.

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