Manaus, AM – O grupo com cerca de 50 haitianos que realizou um protesto no Aeroporto de Manaus na quinta-feira (2) será realocado em voos de outras companhias aéreas, segundo o Programa de Orientação de Proteção do Consumidor do Amazonas (Procon-AM).
A decisão foi divulgada nesta sexta-feira (3), quando parte do grupo foi transferida para três abrigos na capital após problemas em voos da companhia Insel Air.
A decisão foi um acordo entre o Procon-AM e as companhias aéreas. As empresas que se responsabilizaram por realocar os haitianos são a Azul Linhas Aéreas e a Gol.
Por meio de assessoria, a Azul informou que, até a tarde desta sexta, pelo menos dez passageiros serão realocados em voos da companhia.
A Gol comunicou que “a companhia Insel Air encerrou as atividades no início da semana e não notificou [a companhia] sobre possíveis reacomodações de passageiros”. A empresa citou ainda que vai incluir parte dos haitianos nos próximos voos sem pagamento de taxas e que parte do grupo deve seguir ainda nesta sexta para Guarulhos.
Protesto
Cerca de 50 haitianos fizeram um protesto no Aeroporto de Manaus, na noite desta quinta-feira (2), após terem voos para cidades do Sul e Sudeste do país cancelados pela companhia aérea Insel Air. O grupo diz não ter para onde ir depois que a empresa fechou a conta do hotel onde estavam hospedados à espera de remanejamento para outros voos.
A reportagem tentou contato com a empresa por e-mail e telefone, mas não obteve retorno.
Ao G1, os haitianos contaram que estão há quatro dias em Manaus e fariam apenas uma conexão na capital amazonense. Segundo o grupo, as despesas referentes à alimentação não foram cobertas pela companhia aérea, que pagou a hospedagem apenas até a quinta-feira.
Abrigos
Parte do grupo de haitianos foi transferida para três abrigos na capital e outra ainda tenta vagas nas companhias aéreas nacionais cerca de 12 horas depois do protesto. Representantes do Programa de Orientação de Proteção do Consumidor do Amazonas (Procon-AM) e da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) estiveram no aeroporto para tentar resolver o problema junto com a Infraero e as companhias aéreas.
Voos perdidos

Grupo tinha passagens compradas em diversas companhias nacionais para vários estados no sudeste e sul do país.
O montador de móveis Marckens Viky, de 25 anos, disse que chegou em Manaus dia 27 de fevereiro, pela companhia Insel Air. A chegada em Manaus ocorreu com 11 dias de atraso da data limite. Ele tinha que pegar a conexão para São Paulo, no dia 16 de fevereiro.
“O ônibus nos pegou no hotel. Nos trouxeram para cá ontem a noite e não falaram nada. Passamos a noite aqui, muitos dormiram no chão, eu não consegui. Fiquei conversando com os meus amigos para passar a noite. A alimentação de ontem a noite nós compramos, hoje não tenho mais”, disse Marckens.
Multa
Equipes do Programa de Orientação de Proteção do Consumidor do Amazonas (Procon-AM) e da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) vão fazer o levantamento da situação dos 150 haitianos que tiveram o voo cancelado pela companhia aérea Insel Air, em Manaus.
Se for constatada culpa da empresa, o Procon vai dar entrada em um processo administrativo e a companhia pode ser multada em até R$ 3 milhões. A coordenadora do Procon Amazonas, Rosely Fernandes, informou que apesar de o órgão não ter recebido ainda nenhuma reclamação sobre o caso, vai deslocar uma equipe para averiguar a situação.
Se confirmada a denúncia de que a empresa cancelou os voos sem dar quaisquer assistências aos clientes, Rosely informou que o processo será instaurado, com possibilidade de aplicação de multa. “A multa vai sempre a partir de R$ 200 a R$ 3 milhões, podendo aumentar, tendo em vista reincidência, o caso, o porte da empresa aérea, tudo vai de acordo com o contrato social da empresa”, concluiu.
Amazonianarde-G1