Facção criminosa se alia a ‘piratas’ para dominar rota do tráfico no Solimões, no AM

Nego do Catara (acima) atuava no rio Solimões e é apontado por liderar grupo de piratas. - Foto: Márcio Silva/Arquivo AC

Os traficantes Raimundo Araújo de Souza, o “Nego do Catara”,  e José Gerson Mota da Silva, o “Mata Porco”, conhecidos por chefiarem grupos de piratas que atacam embarcações que transportam grandes remessas de droga da Colômbia para Manaus pelo rio Solimões, foram recrutados pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). 

As investigações da Polícia Civil apontam que os traficantes foram recrutados pelo PCC porque a facção quer ter o domínio da rota do tráfico na região e os dois lideram esses grupos que atuam, principalmente, entre os municípios de Coari e Tefé.

Nego Catara e Mata Porco são presos da Comarca de Coari, mas foram transferidos para Manaus em agosto do ano passado por apresentarem riscos, já que mesmo presos, continuavam comandando o tráfico e uma série de assassinatos no município. Atualmente eles estão presos no Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM 2), no quilômetro 8 da BR 174 (Manaus – Boa Vista).

A direção da unidade prisional informou que, até pouco tempo, Nego Catara e Mata Porco ficavam em uma área isolada do presídio porque viviam ameaçados por integrantes de facções rivais, devido eles e seus bandos terem matado pessoas que transportavam drogas e ficado com os carregamentos.

Guerra do tráfico

As autoridades de segurança temem que a associação dos dois traficantes ao PCC possa resultar em uma guerra pelo domínio do tráfico na região, também conhecida como “hidrovia do pó”. Nos últimos anos, a polícia registrou vários ataques de piratas no Solimões que resultaram em mortes.

Segundo as investigações, os piratas agiam sempre à noite nos rios. Eles usavam lanchas rápidas, armas de grosso calibre e abordavam as embarcações que vinham transportando droga. A tripulação era rendida e morta. Os corpos eram abertos, enchidos com pedras e jogados nos rios enquanto a droga era levada e vendida.

Para o superintendente da Polícia Federal, Alexandre Saraiva, existe uma situação complexa nos rios Solimões e Japurá, onde nos últimos dois anos se vê uma “corrida armamentista”. Com esse recrutamento a situação pode piorar ainda mais, segundo ele.

Quebra de sigilo

Nego do Catara foi denunciado pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM) por tráfico de drogas. Na denúncia, o promotor de Justiça Weslei Machado afirmou que ele é um traficante perigoso e intimidava as pessoas, razão pela qual houve grandes dificuldades em apurar os fatos, o que somente foi possível após quebra de sigilo bancário e telefônico do investigado.

Ele é pedreiro e tem cinco imóveis em Coari. A esposa dele é micro-empresária e tem mais três imóveis no nome dela. Na conta bancária, havia um depósito de R$ 110 mil o que levantou a suspeita do MP de que o patrimônio do casal teria sido adquirido de forma ilícita.

Ele deveria ter sido julgado no dia 8 do mês passado, mas o comparsa dele, Sarney Araújo de Souza, não foi apresentado. A defesa não aceitou o desmembramento do processo e o júri acabou sendo suspenso.

Ataque de piratas

Em 2006, Nego do Catara foi preso acusado de pertencer a uma quadrilha de piratas que roubava balsas de combustível para vender a carga a empresários do interior do Amazonas. Cada roubo poderia render ao grupo cerca de R$ 200 mil. Segundo a polícia, o grupo utilizava botes e “voadeiras” para abordar balsas que saíam de Manaus. Em algumas ocasiões, os bandidos estupravam as mulheres a bordo.

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