Em Mosqueiro (PA), porto sem manutenção prejudica ribeirinhos

22-04portoCentenas de estudantes de comunidades ribeirinhas próximas ao Porto do Pelé, em Mosqueiro, estão há um mês sem embarcação para a escola. Mães de alunos disseram que o transporte fluvial foi suspenso depois do agravamento da deterioração da ponte utilizada para o embarque e desembarque de pessoas no Porto do Pelé.

O Porto utilizado por mais duzentas famílias das comunidades ribeirinhas está sem condições de uso. Por isso, as embarcações concedidas pela Secretaria Municipal de Educação deixaram de ser usadas para o transporte dos estudantes.

Apenas uma pequena parte da área flutuante está visível, prejudicando ribeirinhos que dependem exclusivamente do rio para o transporte diário. Crianças e idosos são os mais prejudicados ao descerem por uma rampa de aço, que oferece um grande perigo com o surgimento de partes pontiagudas que pode incorrer em quedas e corte profundos.

Mãe de quatro filhos, a pescadora Lilian da Conceição, de 27 anos, disse que muitas pessoas sequer tem condições de comprar o combustível para o transporte fluvial da família. “Mora muita gente pobre no final da linha do Maracajá e as pessoas que dependem totalmente de barcos nem sempre possuem condições de comprar gasolina. Políticos só aparecem quando querem voto”, disse a pescadora.

Proprietários de barcos se negam a atravessar as crianças para a escola, alegando a responsabilidade por possíveis danos a elas.

Aqueles que não têm embarcações próprias ficam sem ter como ir às aulas. É o caso da pescadora Simone do Amaral, de 47 anos.

“Meu filho faz a quarta série e está perdendo aula. Não tenho como levá-lo para a escola porque não tenho barco”, disse a mãe de aluno.

Quem depende de pescados para tirar o sustento da família sofre com a falta de acesso para as regiões das Ilhas. “Eu vivo de peixe e camarão. Quando levo a mercadoria no barco fretado, como é que vou levar meus filhos ao mesmo tempo de volta para a casa?”, indagou a pescadora. “A minha mãe tem 70 anos e perdeu uma consulta em Belém porque não conseguimos ninguém que fizesse essa travessia. Só quando acontecer uma tragédia é que alguém vai olhar pelas condições da ponte”, completou Simone.

Foto: Bruno Carachesti – DOL

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