Belém, PA – Uma coisa é certa: há grupos de extermínio e de milícias. Não há crimes isolados”, declarou ontem o deputado Edmilson Rodrigues (PSOL), propositor da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga a existência desse tipo de crimes no Estado.
No mesmo dia em que houve oitivas com a ouvidora do Sistema de Segurança Pública, Eliana Fonseca, e com a delegada Ione Pereira Coelho, diretora de Polícia Especializada da Delegacia Geral, realizadas a portas fechadas na Sala dos Ex-Presidentes da Assembleia Legislativa, na presença do psolista; do deputado Augusto Pantoja (PPS), presidente da Comissão; do deputado Carlos Bordalo (PT), relator; e da deputada Tetê Santos (PSDB), todos membros titulares da CPI – que resultou de um apelo de mais de 100 movimentos sociais cobrando explicações sobre o que houve entre os dias 4 e 5/11 últimos, quando dez pessoas foram mortas em quatro bairros da periferia de Belém em retaliação ao assassinato do policial militar Antônio Marco da Silva Figueiredo, o cabo ‘Pet’, que seria miliciano.
“É possível afirmar, com base nos depoimentos colhidos, sem medo de errar, que não há crimes isolados – como o de Icoaraci, cujo autor está preso, condenado a 100 anos de prisão – mas faz parte de uma ação coletiva, sistemática e complexa, que envolve pagamento de empresários por serviços de extermínio, proteção dos negócios e outros e a relação criminosa com grupos de tráfico de armas e de drogas”, declarou Rodrigues.
“Temos a clara convicção de que o cabo ‘Pet’ comandava um grupo de extermínio, que agia como justiceiro e cobrava taxas diferenciadas de famílias e empresários, oferecia serviços de segurança privada, quase como uma imposição, pois quem se recusasse teria a casa invadida ou assaltada”. Ao reafirmar a participação de policiais nesses grupos, Edmilson preocupou-se em não generalizar o envolvimento de membros da corporação. “Cobra-se por uma proteção que deveria ser pública. É inadmissível que pessoas usem o cargo de policial para atender interesses próprios”.
De acordo com Bordalo, a oitiva desta quarta-feira acrescentou informações significativas para o desenrolar da apuração. Hoje serão colhidos novos depoimentos de autoridades policiais, pela manhã e a tarde.
Até o momento, a CPI já ouviu familiares de vítimas da chacina ocorrida na periferia de Belém em 4 e 5 de novembro; o ex-secretário de Segurança Pública, Geraldo Araújo; e o promotor de Justiça Militar, Armando Brasil. “Já conseguimos avançar muito. É difícil o acesso a informações detalhadas. Faremos um relatório que vai dignificar a Assembleia Legislativa”, informou Edmilson.
O relatório da CPI deve ser entregue até 31 de janeiro, último dia antes da nova legislatura assumir a AL. “É papel da CPI indicar caminhos para o restabelecimento da tranquilidade das famílias e dos moradores dos bairros e dos municípios do Estado, que ficam apreensivos sem explicações sobre a motivação desses crimes e quem é, ou são, os responsáveis, e autores desses delitos”, reforçou o petista.
Além dos depoimentos, assessores técnicos da Comissão analisam documentos recolhidos sobre as operações “Navalha na Carne”, deflagrada em agosto de 2008; “Katrina” (agosto de 2014); e “Falso Patuá” (setembro de 2014), além de relatórios sobre as chacinas ocorridas em Rondon do Pará (fevereiro de 2010); Abaetetuba (junho de 2011); Santa Izabel (agosto de 2011); Icoaraci (novembro de 2011), e ainda sobre a atuação de grupos de extermínio e de milícias nos municípios de Igarapé-Açu, Tomé-Açu, Paragominas, Ananindeua e Marituba.
EXTERMÍNIO
“Temos a clara convicção de que o Cabo Pet comandava um grupo de extermínio, que agia como justiceiro e cobrava taxas diferenciadas de famílias e empresários, oferecia serviços de segurança privada, quase como uma imposição, pois quem se recusasse teria a casa invadida ou assaltada”, revelou nesta quarta-feira, 7, o deputado Edmilson Rodrigues (Psol), autor e membro da Comissão Parlamentar de Inquérito que apura a existência de grupos de extermínio no Pará. A CPI já colheu vários depoimentos, na Assembleia Legislativa do Pará.
Nesta quarta-feira, 7, prestaram depoimento a diretora de Polícia Especializada, delegada Ione Coelho, e da ouvidora do Sistema de Segurança Pública, Eliana Fonseca. A oitiva ocorreu a portas fechadas, pela manhã, na presença dos deputados Edmilso, do relator Carlos Bordalo (PT), do presidente Augusto Pantoja (PPS) e Tetê Santos (PSDB).
Ao reafirmar a participação de policiais nesses grupos, Edmilson preocupou-se em não generalizar o envolvimento de membros da corporação. “Cobra-se por uma proteção que deveria ser pública. É inadmissível que pessoas usem o cargo de policial para atender interesses próprios”.
Edmilson reconheceu o mérito do trabalho policial que apurou as chacinas de Icoaraci e de Santa Izabel do Pará, entre outros, mas reivindicou do governo uma política efetiva que coíba o uso da força do estado para atender interesses particulares.
(Diário do Pará com assessoria de Edmilson Rodrigues)