Belém: Fila para cirurgias no HC tem quase 400 crianças

16-11belemUm bebê de sete meses de vida, portador de sopro cardíaco, que por recomendações médicas precisava passar por um procedimento cirúrgico até os seus primeiros seis meses de vida, ainda não havia sido contemplado com a cirurgia.

A mãe do lactente, então, acionou o Ministério Público do Estado do Pará (MPE) para que o Estado fosse obrigado a realizar o procedimento gratuitamente. Desde seu nascimento, ele é atendido pelo Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, em Belém, que após ser acionado pelo MP foi submetido ao tratamento cirúrgico, quando o menino já estava com 7 meses de idade.

Como ele, há outras centenas de crianças na mesma situação na fila de espera no HC. A promotora de justiça de Direitos Constitucionais do MPE Suely Cruz informou que a demanda de casos de crianças que aguardam na fila por uma cirurgia naquele hospital é de 387.

“Pedimos informações ao Estado e a presidência do Hospital de Clínicas e ficamos sabendo que juntamente com este bebê, haviam 387 crianças aguardando por uma cirurgia cardíaca”, informou. “Infelizmente, esse é o único hospital público que faz cirurgias cardíacas em crianças. Tem outros hospitais conveniados que fazem esse procedimento em adultos, mas não em crianças porque não possuem leitos de CTI para crianças”, explicou.

O MPE convocou uma reunião entre o Estado e o Município para que cada um tivesse uma responsabilidade no caso. “A partir deste mês, até o final do ano, serão atendidas 100 crianças. É o expediente que o secretário de saúde tem. Até porque não temos 100 leitos de UTI”, comentou.

A atuação do Ministério Público é na questão administrativa. De imediato, foi pedido o organograma dos 100 pacientes que serão contemplados com a cirurgia. Em caso de falha, o MPE entrará com uma ação. “Mas só no âmbito judicial é que podem ser aplicadas multas”, explicou Cruz.

Suely Cruz pontuou a questão de prazos para que as crianças recebam o atendimento. “Não existe um prazo estipulado para a realização desses procedimentos com essas 100 crianças, dada a necessidade de leitos. De acordo com uma reunião que fizemos foi constatado que várias crianças podem fazer essa cirurgia com hemodinâmica (dedica-se à realização de diagnósticos e procedimentos terapêuticos utilizando a técnica do cateterismo)”, pontuou.

Os custos com o procedimento seriam muito altos. “A realização dessa técnica possui um custo muito elevado, de mais de R$ 40 mil reais porque a válvula, especial, que é utilizada custa mais de 20 mil e mais os equipamentos que variam de acordo com o perfil de cada paciente, relacionados à idade, peso e tamanho de cada criança”, apontou.

“A cardiologista do HC, durante a audiência com o MPE, revelou que esse procedimento permite uma melhor condição de sobrevida às crianças, porque tem crianças que pelo tamanho, não têm condições de fazer a cirurgia pelo problema que possuem, de peito aberto, por exemplo. É como se fosse uma endoscopia, mas para o coração, sem precisar abrir o peito da criança. Para que essa criança ganhe mais peso e tamanho para poder passar pela cirurgia sem graves complicações”, lembrou.

(Diário do Pará)

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