Amazonianarede – Osny Araújo
Amazonas – Nesta matéria, o Portal Amazonianarede que vem procurando destacar a história e a sócio economia dos municípios interioranos dos nove estados brasileiros que formam a chamada Amazônia Legal, mostra um pouco a história, o turismo, economia e a cultura do município de Barcelos, banhado pelas águas do chamado alto Rio Negro.
Neste início de reportagem, é bom lembrar que a cidade de Barcelos, município pouco desenvolvido ainda, tem um ponto marcante na sua história. Foi a primeira capital da Província do Amazonas.
INSTALAÇÃO DA CAPITANIA
Num povoado fundado por religiosos católicos e a participação de indígenas, a cidade de Barcelos nasceu na década de 1739, com algumas palhoças erguidas, sob a liderança do Frei José de Madalena, construindo ainda um modesto hospital, um colégio e um seminário. O povoado ganhou o nome de Missão Nossa Senhora da Conceição de Maria.
Quando da instalação da Capitania de São José do Rio Negro, em março de 1755, a aldeia ou missão foi elevada com foros de capital da Capitania, tendo sido o seu primeiro governador Joaquim de Melo e Póvoas e a partir daí, passou a ser denominada Barcelos.
No ano de 1791, o governador Manoel da Gama Lodo Dalmada, transferiu a sede da capital para o lugar Barra do Rio Negro (hoje Manaus) por situar-se estrategicamente localizada, mas oito anos mais tarde a sede do governo da Capitania retornou à Barcelos e transferida definitivamente para o Lugar da Barra em 1806.
A partir dessa ocorrência, Barcelos entrou num profundo estado de decadência e ficou na simples condição de Comarca e somente com a chegada dos Salesianos no início do século XX, começou a se soerguer. Em 1938, Barcelos ganhou foro de cidade, trinta anos mais tarde foi reconhecido como área de segurança nacional.
ATRAÇÕES TURÍSTICAS
Distante de Manaus 495 Km por via fluvial a cidade de Barcelos, cerca pelas águas do Rio Negro e afluentes, tem fortes atrativos turísticos, com destaque para a pesca esportiva do tucunaré, uma das espécies mais nobres da Amazônia e na economia, o destaque é para a pesca e exportação de peixes-ornamentais
A sua vegetação e intensa e diversificada, onde são encontradas facilmente diversas espécies de orquídeas e bromélias. No verão, as suas pras de areais brancas, é um convite ao banho dos seus habitantes e dos visitantes, numa perfeita comunhão com a exuberante natureza do local.
Com clima tropical e temperatura variando entre 26 e 34 graus, o município abriga ainda considerável parte do Parque Nacional do Jau, o Parque Estadual da Serra do Araçá e a Reserva de Proteção Ambiental Mariuá e ainda o maior arquipélago fluvial do mundo com mais de 1400 ilhas.
Lá também está localizada a Cachoeira do El Dorado, a maior queda d’água livre do Brasil com aproximadamente 400 metros de altura, além do abismo Guy Collet, considerado pelos pesquisadores como a caverna mais profunda no território nacional.
ECONOMIA
A maior riqueza do município pousa na produção, pesca e comercialização do peixe ornamental, essas espécies do Rio Negro ganham em grande quantidade os aquários do mundo.
Pra dar sustentação a essa atividade, existe desde 1989 o Projeto Piaba, que trabalha no desenvolvimento dos sistemas sócio-culturais e ecológicos, com a finalidade de garantir a preservação das espécies dos peixes ornamentais, onde se destaca o cardinal, descoberto na década de 50 biólogo Herbert Axelrod.
Os pesquisadores explicam que a grande concentração de peixes ornamentais na região, leva em consideração vários fatores, como a dimensão da bacia do Rio Negro, a variedade de condições ecológicas, além da fácil conexão com outras bacias hidrográficas, como a do Orinôco e Solimões, o que permite a proliferação as diferentes espécies no município.
Durante a época das cheias, nos meses de maio a julho, o IBAMA proíbe a pesca e comercialização dessas espécies, para não prejudicar a reprodução.
Pesquisas realizadas na bacia, apontam que existem mais de 750 espécies, mas somente aproximadamente 100 devem estar sendo explorada comercialmente e o grande campeão na comercialização é o cardinal.
No mês de maio, essa atividade é homenageada com a realização do Festival do Peixe Ornamental de Barcelos. Instituído em 1994, com a participação de centenas de “piabeiros” em grupos folclóricos e aos poucos vai se transformando numa das maiores manifestações culturais do município.
PREPARAÇÃO PARA EXPORTAÇÃO
A preparação para a exportação começa logo após a captura. Os peixes são levados para viveiros montados no próprio rio e em seguida são levados para a cidade de Barcelos e depois seguem numa viagem de barca de 30m horas até Manaus.
Na capital, nas lojas, os peixes são mantidos em quarentena, para detectar e eliminar doenças ou fungos e segundo estudos desenvolvidos pelo Projeto Piaba o índice de mortalidade não passa de 5% da captura à exportação.
No mercado internacional, os principais concorrentes do Brasil nessa área, são: Colômbia., Peru, Venezuela, Malásia e Chile, mas algumas espécies amazônicas já estão sendo criadas no sudeste asiático.
Com o objetivo de promover a sustentabilidade da atividade, que representa 80% da economia do município, o Projeto Piaba, trabalha na conscientização da sua importância para o município, trabalhando junto as escolas, além de manter na cidade vários aquários públicos para mostrar a beleza que eles representam.
TUCUNARÉ
No campo turístico, uma das mais rendosas atividades é a pesca esportiva do tucunaré, Dás águas negras dos rios do município, saíram praticamente todos os recordes mundiais da IGFA para o tucunaré – açu.
Para preservar a espécie e fomentar ainda mais esse turismo de pesca, em 2002 foi baixado um decreto estadual proibindo a pesca comercial do tucunaré no município.
O barcelense do município se gaba e bate com orgulho no peito, para afirmar em alto e bom som que estão em Barcelos os maiores tucunarés do mundo.. os belos e requisitados peixes ornamentais, a maior queda d’água livre do Brasil e ainda uma exuberante natureza.
