O uso incorreto de lentes de contato tem preocupado médicos e especialistas da área por um motivo forte: nos últimos 14 anos, 19,5% das pessoas que entraram na fila de transplante de córnea no Amazonas são portadoras úlceras adquiridas em infecções ocasionadas pelo mal uso das lentes.
A úlcera de córnea é a segunda causa no ranking de transplante ficando um pouco atrás da ceratopatia bolhosa, responsável por 30,7% da fila do transplantes. A ceratopatia é ocasionada por complicações na cirurgia de catarata.
Atualmente existem 200 pessoas na fila de espera para este tipo de transplante no Amazonas, de acordo com a diretora do Banco de Olhos da Secretaria Estadual do Amazonas (Susam), Cristina Garrido.
Garrido informou que 180 estão na fila aguardando transplante bilateral. O problema das lentes estão relacionados a simples cuidados de higienização. “Acontece que muitos usuários acham que elas podem ser lavadas com água, soro fisiológico, e até dormir, mas não sabem o quando isso pode fazer mal. Há soluções próprias para a limpeza da lente, o soro fisiológico é para inalação”, disse.
De acordo com Garrido, esses procedimentos ocasionam a infecção na córnea. “Além da infecção, há casos em que o mau uso pode ocasionar feridas e nesses, rapidamente pode evoluir para a úlcera. O paciente de imediato entra na fila de transplante, a situação é preocupante”, explicou.
A diretora sugeriu, no momento em que apresentava os dados de transplante do Amazonas, na 6º Jornada Científica da Fundação Hospital Adriano Jorge, que encerrou na manhã de ontem, que fosse criada uma campanha sobre os riscos nas próprias caixas das lentes de contato, da mesma forma que é realizado nas caixas de cigarro.
“Creio que seja necessário a realização de campanhas de educação ao usuários das lentes de contato, para reforçar os procedimentos de limpeza e os cuidados em geral. Entre usar lente ou um óculos, como aftamologista aconselho aos meus pacientes a se aventurarem no óculos, porque o risco de transplante é menor”, reforçou.
Pacientes beneficiados são 1,5 mil
O Amazonas iniciou o transplante e recolhimento do córnea em 2000. Até este ano foram captadas 2.400 órgãos destes. No Estado, foram realizados 1.500 transplantes. De acordo com a diretora do banco de olhos, Cristina Garrido, 95% das coletas são realizadas no Instituto Médico Legal, doados por familiares das vítimas.
Das córneas captadas, 38,7% são de pessoas na faixa etária de 21 a 31 anos, 22,8% são de 11 a 20 anos e 15,4% de 31 a 40 anos. Quase 49% são pessoas vítimas fatais de arma de fogo, 84,5% são de de homens e 15,5% são de mulheres.
Garrido explicou que uma córnea, após coletada, serve para o implante em um prazo de 14 dias. Ela afirmou que houve casos de doações para outros Estado. São 12 anos que o Amazonas vem realizando este tipo transplante. ACRÍTICA ONLINE