Murais feitos com cinzas de queimadas florestais destacam Amazônia urbana em Manaus

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Artistas usam cinzas de queimadas florestais para pintar mural em Manaus. — Foto: Nayara Serrão/Divulgação

Intervenções artísticas usam cinzas de queimadas reais para alertar sobre a crise ambiental.

O “Festival Paredes Vivas – Cinzas da Floresta” transformou cinzas de queimadas florestais de diversas regiões do país em tinta para a realização de murais em um prédio e em uma escola de Manaus.

A edição de 2025 reforçou a presença da Amazônia urbana e periférica no debate ambiental e antecipou discussões que devem ganhar força na COP30, prevista para acontecer no Brasil.

Manaus foi a primeira cidade a receber esta nova edição do festival — uma iniciativa cultural que transforma cinzas reais de incêndios florestais em pigmento para a criação de murais urbanos que denunciam a destruição ambiental e homenageiam brigadistas florestais.

Durante o evento, o bairro Lago Azul, na Zona Norte da capital, recebeu duas intervenções principais: a pintura de uma empena em um prédio residencial, assinada pela artista local Mia Montreal, e a criação de um mural colaborativo com estudantes da Escola Estadual Eliana Socorro Pacheco Braga, conduzido por Denis L.D.O.

Além das obras, os alunos participaram de uma oficina de arte e educação socioambiental, que incluiu a exibição do curta-metragem “Cinzas da Floresta”, um debate e atividades com tintas produzidas a partir das cinzas.

O encerramento do festival foi marcado pela visita dos estudantes à obra que homenageia Débora Avilar, intitulada “A Altruísta”, instalada em um prédio na Avenida da Felicidade.

Cinzas transformadas em arte

Entre maio e julho de 2024, cinzas de incêndios florestais foram coletadas em várias partes do Brasil para a produção dos pigmentos usados nas obras. A coleta envolveu articulação com brigadas florestais e apoio da Rede Nacional de Brigadas Voluntárias (RNBV).

Após o recebimento, o material foi pesado, peneirado e enviado aos artistas. Misturado com resina acrílica, o pigmento passa a funcionar como aquarela. As tonalidades variam conforme o bioma de origem e o tipo de matéria queimada.

“Um projeto como a força do Cinzas da Floresta fortalece redes, valoriza saberes locais e reafirma o papel dos artistas como agentes ativos nas lutas socioambientais”, destacou Cria, produtor local da iniciativa.

Parte do processo de produção das tintas foi registrada no documentário Cinzas da Floresta, dirigido por André D’Elia. O filme acompanha a jornada de Mundano em 2021 por um Brasil em chamas para coletar cinzas e produzir a tinta que daria origem à obra “O Brigadista da Floresta”, em São Paulo, ponto de partida do projeto.

“É importante que as pessoas conheçam esse trabalho, apoiem e divulguem. Esperamos, a partir disso, envolver cada vez mais pessoas nesse cuidado ambiental, para que um dia a gente não precise mais combater incêndios”, afirmou Bea Mansano, coordenadora do festival.
O Festival Paredes Vivas – Edição Cinzas da Floresta é uma realização da Parede Viva, com apoio da Rede Nacional de Brigadas Voluntárias (RNBV).

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amazonianarede
Por g1 AM

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