Ufa! que Infernoooooo…

Amazonianarede – Osny Araújo

Manaus – Quer testar a sua paciência ou ver como está o seu grau de estresse, é fácil. Tire o seu carro da garagem, respire fundo, peça a proteção de Deus e saia dirigindo nos dias úteis, nas congestionadas ruas e avenidas da cidade. Quem resolver fazer o teste, e milhares de pessoas o fazem diariamente, vai sofrer um bocado até chegar ao destino.

Num passado não muito distante, alguns sabiam os horários e locais dos engarrafamentos da cidade nas chamadas horas de pico. Hoje isso acabou, em todas as horas e em todo o sistema viário o trânsito anda travado e se por ventura precisar passar numa escola nos horários de entrada e saída dos alunos, a situação se complica muito mais.

Os pais fazem questão de deixar os filhos nas portas das escolas, nada contra, desde que respeitassem as leis do trânsito mas ao contrário, fazem curvas em locais errados, param em fila dupla, estacionam nas calçadas, um verdadeiro caos e o pior é que os agentes fiscalizadores não agem para punir os infratores e haja paciência para suportar os engarrafamentos.

Manaus, uma cidade grande, a mais importante capital na economia da Amazônia ocidental e talvez a mais populosa, se espalhou horizontalmente nos últimos 10/15 anos e agora começar a crescer com velocidade também na vertical, com grandes empreendimentos imobiliários nos mais diferentes pontos da cidade, em áreas nobres e também nas mais distantes, com grandes condomínios e para atender toda essa demanda haja carros nas ruas.

Apesar de todo esse crescimento a cidade caminha com pouca infraestrutura, sistemas viários complicados e incapazes de dar fluidez ao trafego de veículos, poucas alças para retornos, péssima sinalização e poucos agentes nas ruas. Para alguns, o nosso trânsito deve ser realmente muito parecido com o inferno.

FROTA SUPERIOR A 600 MIL

Com as vantagens oferecidas pelo Governo para a aquisição de veículos, financiamentos a longos prazos, concessionárias surgindo constantemente com ofertas interessantes de modelos e marcas, além das lojas dos chamados seminovos, a frota vai esticando como um elástico e com isso os carros vão ganhando as ruas e aumentando os problemas.

Além das facilidades hoje para a compra de um carro, os chamados populares, principalmente quem adquire para se deslocar para o trabalho, garante que se a cidade tivesse um sistema digno de transporte de massa, o carro ficaria durante a semana na garagem e serviria apenas para passeio com a família, mas na falta do transporte coletivo, a sua utilização para ir e vir ao trabalho ou à escola é indispensável e haja engarrafamentos.

Nesta matéria, não estamos tratando de estatísticas do nosso tumultuado trânsito, como por exemplo, a contabilidade dos acidentes. O objetivo é mostrar as mazelas do sistema na mais importante capital da Amazônia brasileira, um verdadeiro caos o trânsito de uma cidade que se prepara para ser uma das sub-sédes da Copa do Mundo de 2014.

Apesar disso, informamos extraoficialmente que Manaus tenha hoje em torno de 650 mil veículos motorizados, contra um pouco mais de 560 mil em dezembro do ano passado, o que equivale a aproximadamente um carro para mais ou menos 3,5 pessoas, bem próximo da média nacional.

Para tentar melhorar o vai e vem de carros nas ruas, a Prefeitura e o DETRAN até que procuram fazer algumas coisas, dentro das suas possibilidades, mas tudo o que realizam é pouco e pouco ou nada adianta para resolver os problemas que são muitos, como por exemplo, os viadutos e passagens de níveis que são construídos.

As coisas melhoram num ponto e engarrafam num outro e tudo, pela falta de escoamento no bojo do precário sistema viário da cidade, que não foi pensado para a velocidade que a cidade avança em todos os sentidos.

MÁ EDUCAÇÃO

Além da grande frota em circulação, o trânsito da capital amazonense conta ainda com outros fortes ingredientes para aumentar ainda mais o problema, a má educação de pedestres, condutores e comerciantes, o que eleva em muito as estatísticas de acidentes de trânsito na cidade, inclusive com perdas de muitas vidas.

Devido a essa falta de educação numa tentativa de forçar os pedestres a utilizarem as passarelas e faixas de pedestres, a Prefeitura numa ação conjunta com a iniciativa privada, especialmente com os Shoppings e chegam a colocar telaspróximas as passarelas e faixas, mas mesmo assim os pedestres não obedecem o preferem continuar a arriscar a vida correndo entre os carros ao atravessar uma artéria de trafego intenso, por isso, vez por outro um acidente é registrado.

Essa má educação é vista claramente nas ruas, atingindo inclusive a grandes, pequenos e médios comerciantes, incluindo os “camelôs” que juntamente com os donos de bares e pequenos restaurantes enchem as calçadas de mesas e cadeiras, exposição de produtos do comércio com a armação de bancase os pedestres precisam fazer malabarismo para caminhar entre os carros pelas ruas, arriscando suas vidas e vez por outra, um acidente.

CARRETAS E CAMINHÕES

Temos plena consciência de que os carreteiros e caminhoneiros, especialmente os caminhões que transportam tijolos e outros tipos de materiais de construção, como areia e barro, sem nenhum tipo de proteção para não espalhar sujeira pelas ruas e colocar em perigo os veículos que circulam emparelhados, mas algumas regras precisam ser estabelecidas e respeitadas, para que o trânsito possater maior fluidez.

O que se vê nas ruas de Manaus, são caminhões e carretas trafegando em fila dupla, como se as russas fossem só para eles, fazendo ultrapassagens em coletivos, o que também atrapalha em muito o trafego, isso para não falar nas paradas impróprias para carga e descarga no comércio. Um absurdo que se observa em abundância na cidade, em todas as zonas.

Um exemplo disso está de forma muito clara na tradicional Manaus-Moderna, próximo ao Mercado Municipal Adolpho Lisboa, onde também funciona o “Porto da Manaus-Moderna” com um grande movimento de passageiros e cargas para os chamados barcos de linha que interligam Manaus ao interior do Amazonas e a outros Estados como Rondônia, Roraima, Pará, Acre e Amapá, o que ajuda a tornar o trânsito insuportável na área, com maior responsabilidade para os caminhões que param onde querem para carregar e descarregar, sem que haja uma fiscalização ou punição para coibir esse tipo de infração.

Na chamada Zona Leste, a mais populosa da capital, o maior problema é causado pelo chamado “transporte alternativo”, formado por micro-ônibus, que param para apanhar ou deixar passageiro em qualquer ponto da via e ainda tem a colaboração do transporte clandestino operado pelos chamados “taxis-lotação”, que atuam na área sem nenhuma restrição por parte das autoridades, mesmo sendo uma atividade ilegal, considerando que o serviço não é regulamentado pela Prefeitura.

OS ABUSADOS MOTOQUEIROS

Outro fator importante para a desorganização do nosso trânsito são os abusos praticados pelos famosos motoqueiros que não respeitam ninguém no trafego e muito menos as leis que rem o trânsito e vão “zig-zag” com os rostos encobertos pelos capacetes, fazendo malabarismo pelas vias e colocando em perigo o trânsito, por isso, diariamente existem acidentes com esses condutores de veículos de duas rodas, que além de utilizarem as pistas, também trafegam com tranquilidade pelas calçadas e mais uma vez, o pedestre é prejudicado.

Nada contra esse meio de transporte, o que estamos protestando e contra a imprudência e irresponsabilidade da maioria dos motoqueiros, especialmente dos chamados “moto-bois” que trabalham entregando compras e os moto-taxistas, que fazem o que bem entendem no trânsito “pilotando” as suas motocicletas.

Mal educados e com os rostos escondidos pelos capacetes, eles fazem o que entendem e quando provocam algum pequeno acidente, que não resulte numa queda, o prejudicado não tem o que fazer, pois imprimem fuga rápida pelos corredores estreitos formados entre os veículos e dessa forma, escapam de alguma possível punição.
Essa questão é muito complicada, pois não depende apenas da ação das autoridades, mas especialmente do bom caráter e da boa educação dos motoqueiros, respeitando as pessoas e cumprindo as determinações legais do trânsito, o que simplesmente ignoram, logo, o problema é de difícil solução.

ESPERANÇA

O que se espera, é que com a aproximação da Copa do Mundo de 2014, o futuro prefeito de Manaus, Artur Neto que assumirá o cargo no dia 1º de Janeiro de 2013 em sucessão a Amazonino Mendes,coloque em prática o que prometeu na campanha política e sinalize com algumas melhorias no sistema logo nos anunciados primeiros cem dias, e depois trabalhe com mais tranquilidade e com importantes parcerias, uma solução definitiva, para que tenhamos um trânsito digno para os manauras e para os turistas que nos visitam.

Existe um projeto para viabilizar esse transporte de massa para a Copa, mas até o momento, nada aconteceu, pois está emperrado por questões burocráticas junto aos órgãos do Patrimônio Histórico e do próprio Ministério Público.

O certo, é que alguma solução precisa ser encontrada, pois entendemos que a população, o seu conforto e dignidade, valem muito mais do que um prédio velho e caindo aos pedaços, servindo de esconderijo para bandos e maconheiros que não pode ser implodido para que o Monotrilho ou sei que lá que outro nome possam dar e o projeto possa ser materializado e possa fazer que a cidade ganhe um transporte de massa confortável, ágil e de qualidade.

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