Washington, EUA – o candidato republicano à casa branca, Donald Trump, chamou sua rival democrata, Hillary Clinton, e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de “cofundadores” do Estado Islâmico (EI) nesta quinta-feira, 11, em comentários que devem desencadear novas críticas a seu estilo de campanha.
O magnata já havia criticado Obama e a ex-secretária de Estado pela maneira como o país se retirou do Iraque depois da guerra, dizendo que isso ajudou a criar o grupo militante islâmico, que ocupou territórios em solo iraquiano e sírio.
A ideia de que um presidente ainda no cargo tenha criado um grupo militante determinado a matar americanos e outros ocidentais elevou as críticas a um novo patamar.
Trump fez a colocação pela primeira vez durante um discurso na noite de quarta-feira no Estado da Flórida, e depois a repetiu em uma entrevista à rede de televisão CNBC na manhã desta quinta-feira.
Seus comentários surgem em uma semana conturbada para o candidato republicano. Líderes partidários exortaram o empresário a se concentrar na campanha para derrotar Hillary, depois de ele despertar repúdio em razão de uma confrontação persistente com os pais de um soldado americano muçulmano que morreu no Iraque e por sua recusa inicial a declarar apoio a candidatos proeminentes de seu partido em suas disputas de primárias.
O fundador
“Ele (Obama) foi o fundador do Estado Islâmico. E ela também. Quer dizer, eu os chamo de cofundadores”, disse Trump. “Ele não deveria ter saído do jeito que saiu. Foi um desastre o que ele fez”, afirmou à CNBC.
O presidente americano foi contra a Guerra do Iraque e se candidatou à Casa Branca em 2008 prometendo encerrá-la. Os Estados Unidos retiraram suas tropas de combate do país em 2011.
Presente no Iraque e na Síria, o Estado Islâmico tem suas raízes na insurgência da Al-Qaeda, que surgiu após a invasão do Iraque liderada por Washington em 2003. Conhecido por sua brutalidade, o grupo declarou um califado islâmico nestes dois países em 2014.
Em resposta aos comentários de Trump, um porta-voz de Hillary observou que milícias apoiadas pelos Estados Unidos retomaram o bastião do Estado Islâmico na Líbia na quarta-feira graças aos ataques aéreos autorizados por Obama.
Não recua
Trump não recuou e disse à CNBC: “Há algo errado em dizer isso? Ora, há gente se queixando por eu ter dito que ele foi o fundador do Estado Islâmico? Tudo que eu faço é dizer a verdade, sou uma pessoa que diz a verdade.”
Apoiadores do magnata, que jamais ocupou um cargo público, gostam de seu estilo combativo e muitas vezes ofensivo, que lhe rendeu muitas críticas, inclusive de alguns correligionários. Em uma entrevista abrangente, Trump disse ainda que os Estados Unidos continuarão engajados no livre comércio se ele for eleito.
“Com certeza manteremos o comércio. Não sou um isolacionista. Sou um comerciante justo”, disse.
Mais cedo na quarta-feira, Hillary Clinton disse que Trump foi longe demais ao sugerir, segundo ela, uma resistência dos detentores de armas no caso de uma vitória democrata na corrida pela presidência, em novembro.
Na longa lista de frases incendiárias ou ambíguas ditas durante sua campanha presidencial, Trump acrescentou na véspera que incendiou a polêmica, durante um comício em Wilmington, na Carolina do Norte.
O empresário advertiu seus simpatizantes de que se a ex-senadora chegar à presidência, poderá nomear os próximos juízes da Corte Suprema que, de acordo com suas palavras, buscariam acabar com a Segunda Emenda da Constituição sobre o direito à posse de armas.
“Se ela escolher seus juízes, vocês não poderão fazer nada, gente”, disse Trump. “Embora as pessoas da Segunda Emenda talvez possam fazer, eu não sei”, acrescentou, deixando a frase em aberto.
Amazonianareee-Estadão