Barrerinha, AM – A interiorana Rosangela Carneiro Mateus, 37, moradora da comunidade Paraíso do Ramos, município de Barreirinha-AM (distante 331 km de Manaus), procurou a 3ª Delegacia Interativa de Polícia de Parintins (3ª-Dip) para denunciar que um sargento da Polícia Militar do Amazonas (PM-AM), identificado por ela como Raimundo Carneiro Pinto, Sargento Carneiro, atentou contra a vida dela, de seu filho de 16 anos de idade e de um cidadão identificado por “Seo Mundico” quando tentou passar com uma voadeira por cima da canoa (rabeta) em que seguiam viagem.
Uma testemunha afirma que o PM só não passou por cima da canoa porque percebeu que estava sendo observado.
Em entrevista a reportagem do Gazeta Parintins, Dona Rosangela Carneiro, que afirmou ser prima do acusado, conta que o fato aconteceu às 17h40, de quarta-feira (17), no rio Andirá, próximo a comunidade Paraíso do Ramos. Ela acredita que a atitude do suspeito possa ter sido motivada porque o marido dela, Marcio Tavares de Oliveira, 38, estaria movendo uma ação trabalhista contra o militar. Segundo Rosangela.
O fato ocorreu quando ela, o filho dela e Seu Mundico retornavam à comunidade onde moram, após o termino da Audiência na Justiça do Trabalho em Parintins, que aconteceu das 11hs às 15H30, envolvendo as partes.
A cidadã relata detalhes do que ele denominou como um momento de terror vivido por ela e as outras duas pessoas que estavam na pequena embarcação que foi tomada pelas águas.
“Reconheci o sargento”
“Avistei uma voadeira se aproximando e reconheci que era o Sargento Carneiro. Quando ele reconheceu a gente, meteu a voadeira pra cima, porém momentos antes de consumar o fato percebeu que só íamos nós três na voadeira, eu, meu filho e o Seo Mundico, que serviu como testemunha de meu esposo na audiência, ele viu que meu marido não estava na canoa, e desviou”, enfatiza Rosangela.
Dona Rosangela enfatizou ainda que, “se meu marido tivesse na viagem, com certeza o Carneiro tinha passado por cima de nós, pois a voadeira dele desviou a menos de meio metro de nós. E quanto entrou água na canoa que estávamos e comecei a gritar por socorro, eles olharam pra trás e foram embora rindo e não nos socorreram”, relata emocionada a interiorana ao afirmar que, “essa é a terceira vez que ele comete atentado contra a vida de alguém da minha família”.
A interiorana relatou ainda que além do Sargento Carneiro, estavam na voadeira a esposa dele e uma cidadã que ela identificou como “Dona Terezinha”, que teria servido de testemunha na audiência na Justiça do Trabalho em Parintins. Dona Rosangela aproveita para expor que mesmo denunciando os casos de ameaças praticadas pelo militar à Polícia Civil, ao Ministério Público e ao Comando da Polícia Militar em Parintins, “ele (Sargento Carneiro) nunca sofreu qualquer penalidade e por isso continua a nos ameaçar. Será que as autoridades só vão querer fazer algo quando ele tirar a vida de um de nós?”, pergunta.
Socorro
As vítimas do episódio foram socorridas pelo pescador Francisco Carlos de Assis Santos, 53. O pescador afirma que estava aproximadamente 30 metros de distância do local do fato e, se propôs vir à Parintins servir de testemunha do caso. Ele afirma ainda ter visto quando a voadeira se aproximou, em velocidade, da canoa onde viajavam as três pessoas e acredita, “se o condutor da voadeira tivesse atingido a canoa, teria sido uma tragédia para todos eles”, calcula.
Francisco Carlos revela que, “eram aproximadamente 5h40min, já estava escurecendo. Não reconheci quem estava na voadeira, mas vi que a voadeira ia pra cima, quando se aproximou rápido da canoa e jogou água dentro. Ela (Dona Rosangela) fez alarme, me aproximei rápido e ajudei as vítimas. Acredito que ele (Sargento Carneiro) só não meteu em cima mesmo porque ele me enxergou. Se ele não tivesse me visto, tinha feito desgraça, porque ele desviou rápido e foi embora. Acredito que se ele entrasse direto com a voadeira na canoa, ele tinha se prendido na tolda e tinha desgraçado tanto o pessoal que estava na canoa quanto a família dele que estava na voadeira” enfatiza o pescador.
A reportagem manteve contato telefônico com Sargento Carneiro, que atualmente está servindo a PM na cidade Boa Vista do Ramos-AM (distante 271 km de Manaus). Ele afirma ter passado pelo rio Andirá no dia citado, mas diz desconhecer o caso. Ele afirma ainda que a pessoa que o acusa tem interesse de prejudica-lo.
“Desconheço essa história. Não sou irresponsável para cometer uma situação dessas. Essa situação não procede. Esse pessoal está com problema comigo na justiça e na verdade eles estão fazendo de tudo pra tentar me prejudicar”, relatou o sargento.
Momentos antes da publicação da matéria, a senhora Rosangela Carneiro, em contato telefônico com a reportagem, afirmou que o Sargento Carneiro será chamado à 3ª-Dip para depor sobre o caso. Ela relatou também que a denúncia será levado a conhecimento do Ministério Público e do comandante do 11º Batalhão da Polícia Militar de Parintins.
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