Vladimir Putin está, como previsto, reeleito como presidente da Rússia e com uma votação dez pontos percentuais acima do seu resultado em 2012, segundo pesquisa de boca de urna divulgada pelo instituto FOM. Mas seu objetivo de repetir ou superar os 65% de comparecimento às urnas da eleição passada não deu certo, apesar da intensa propaganda do governo e de pressões variadas sobre grupos como funcionários públicos.
Segundo a Comissão Eleitoral Central, o comparecimento ficou um pouco abaixo, na casa dos 60%. O dado não é final porque ainda há contagem em vários pontos do país, que tem nada menos que 11 fusos.
Segundo a pesquisa de boca de urna, Putin teve 73,9% dos votos (contra 63% em 2012). Em segundo lugar vem o candidato do Partido Comunista, Pavel Grudinin, com 11,2%, seguido por Vladimir Jirinovski(Partido Liberal Democrático), com 6,7%. A surpresa veio para KseniaSobchak, a socialite e jornalista, que na pesquisa marcou 2,5% —vinhapontuando abaixo de 1% em sondagens anteriores ao pleito. Se confirmada a votação, será o melhor resultado de Putin desde sua primeira eleição, em 2000 —em 2004, teve 71% dos votos.
Denúncias de fraudes se multiplicaram pelo país, e foram amplamente registradas pelo sistema de monitoramento por câmeras das seções eleitorais, dando materialidade aos relatos de oficiais colocando votos retirados de gavetas diretamente nas urnas. A quantidade de episódios suspeitos registrados no país pela ONG Golos ficou abaixo de mil, o que sugere que o movimento pode não ter sido decisivo para o bom resultado —além disso, a Comissão Eleitoral Central diz que vai invalidar votos de todas as seções com fraudes comprovadas.
A abstenção era a única preocupação de Putin em um pleito para o qual ele era amplamente favorito. O ano de 2017 viu surgir um movimento de oposição baseado em convocações pela internet, liderado pelo ativista Alexei Navalni, que promoveu atos gigantescos em toda a Rússia. Com isso, houve um crescimento na abstenção nas eleições municipais e regionais realizadas em alguns lugares em setembro. Em Moscou, só 14% apareceram para votar. Neste domingo (18), foram 52%
O resultado do pleito deverá ser anunciado às 2h (20h no Brasil). Putin, com o novo mandato até 2024, só perderá para o ditador soviético Josef Stálin (de 1925 a 1953) em longevidade no poder desde o fim do Império Russo, em 1917.
Ele votou no centro da cidade perto das 10h, após um início de dia com temperaturas na casa dos -20°C —que, com o sol, viraram bem mais toleráveis -5°C ao longo da tarde. Na saída da seção eleitoral da Academia Russa de Ciências, foi perguntado por repórteres qual seria a votação que ele consideraria satisfatória. “Qualquer número de votos que me dê o direito de executar o papel de presidente”, afirmou ele, que disse votar em si mesmo porque acredita no seu programa.
Na praça Vermelha, coração da cidade, um grande palco está montado em uma de suas saídas para um evento em comemoração à anexação da Crimeia, ocorrida em 2014 e considerada um trunfo geopolítico de Putin reconhecido pelo eleitorado. Desde então, o presidente surfa acima dos 80% de popularidade. Putin fez sua última viagem antes do pleito, como presidente e não em campanha, justamente para a ponte que a Rússia está construindo para ligar-se fisicamente à península que ficava na Ucrânia.
A eleição deste ano teve sua data atrasada em uma semana por determinação da Duma (Parlamento) justamente para coincidir com a comemoração do aniversário da reabsorção do território de maioria russa que havia sido cedido a Kiev pelo líder soviético NikitaKrushchov, que era ucraniano, em 1954. Se repetir a tradição dos três anos anteriores, Putin irá comparecer ao evento.
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