Protestos e estouro de tempo marcam primeira noite de desfiles no Rio

Da esquerda para a direita: Império Serrano, São Clemente, Vila Isabel, Paraíso do Tuiuti, Grande Rio, Mangueira e Mocidade. (Foto: Marcos Serra Lima e Alexandre Durão/G1)

A Paraíso de Tuiuti recontou a história da escravidão no Brasil e fez críticas à reforma trabalhista aprovada recentemente.

O destaque ficou no último carro da escola, que levou um vampiro com uma faixa presidencial para a Marquês de Sapucaí.

A Mangueira condenou o corte de verbas da Prefeitura do Rio, que neste ano repassou menos dinheiro às escolas de samba, com críticas diretas ao prefeito Marcelo Crivella.

Também desfilaram neste primeiro dia Império Serrano, São Clemente, Vila Isabel e Mocidade Independente de Padre Miguel, que tenta o bicampeonato.

Império Serrano

Após sete anos longe da elite, o Império Serrano retornou ao Grupo Especial e abriu o carnaval do Rio de Janeiro neste domingo (11).

Com enredo que homenageou a China, a escola verde e branca também lembrou Arlindo Cruz, sambista que se recupera de um AVC e é muito identificado ao Império.

Uma ala com 180 membros, incluindo Maria Rita e Regina Casé, usou camisas com as frases “Força, Arlindo” e “O show tem que continuar”, além de uma ilustração com o rosto do cantor. A mulher dele, Babi Cruz, e o filho Arlindinho participaram da homenagem.

São Clemente

A São Clemente levou à Sapucaí um desfile sobre os 200 anos da Escola de Belas Artes (EBA) do Rio, na tentativa de conquistar o título inédito no Grupo Especial.

Carros e fantasias foram inspirados nas obras de grandes mestres da arte brasileira que têm ligação com a EBA, a mais importante escola de artes da América Latina. Algumas fantasias foram pintadas à mão, e alunos da Belas Artes participaram da produção no barracão da São Clemente. A escola também colocou o carnaval dentro do carnaval ao levar para a Sapucaí seis alas inspiradas em desfiles criados por carnavalescos formados na EBA.

A comissão de frente fez uma coreografia elaborada, que envolvia um telão de LED em uma alegoria móvel. O coreógrafo Kiko Guarabyra foi contratado em dezembro do ano passado e teve só dois meses para criar a apresentação e ensaiar os bailarinos.

Vila Isabel

Terceira escola a entrar na Sapucaí no primeiro dia de desfiles do Grupo Especial do Rio, a Vila Isabel contou as grandes invenções da humanidade, sob o comando do carnavalesco Paulo Barros.

Com o enredo “Corra que o futuro vem aí”, a escola usou abusou do visual futurista, do brilho e das luzes. Vestidos de Leonardo da Vinci, integrantes da comissão e frente levaram círculos com projeção 3D à avenida. A fantasia da porta-bandeira também impressionou, com uma saia de LED “em chamas”.

Sabrina Sato, rainha de bateria, usou um look dourado e transparente que representou a “luz da inspiração”. Já Martinho da Vila, presidente de honra da Vila e aniversariante do dia – ele completa 80 anos nesta segunda-feira (12) –, foi destaque no carro abre-alas.

Paraíso do Tuiuti

A Paraíso do Tuiuti passou pela Sapucaí deixando uma pergunta: “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”

A escola de São Cristóvão fez uma crítica ao racismo e às dificuldades dos trabalhadores brasileiros e recontou a história da escravidão no Brasil, nos 130 anos da Lei Áurea. A comissão de frente trouxe um “grito de liberdade”, com bailarinos interpretando escravos negros sendo açoitados por um capataz.

Uma ala mostrou o trabalho informal, com integrantes fantasiados de ambulantes, e outra destacou os “guerreiros da CLT”, com operários segurando uma carteira de trabalho gigante. O desfile também contou com “manifestantes fantoches”, ironizando os “paneleiros” que vestiram verde e amarelo. O último carro chamou a atenção ao mostrar um vampiro com uma faixa presidencial.

Grande Rio

A Grande Rio fez um desfile saudoso e cheio de irreverência sobre Chacrinha, mas foi prejudicada porque o último carro quebrou na concentração, a 500 metros da entrada da Marques de Sapucaí.

A escola viveu momentos de drama, com buracos na avenida, e não conseguiu terminar o desfile dentro do tempo limite, atravessando o portão da dispersão após 1 hora e 20 minutos, estourando o tempo em 5 minutos. A ausência do último carro pode prejudicar as notas de alegoria e enredo, e a escola vai perder 1 décimo para cada minuto excedente no desfile – totalizando 0,5 ponto.

A atriz Juliana Paes voltou a pisar na avenida no posto de rainha da bateria da Grande Rio, escola que levou muitos famosos para a Sapucaí: Thayla Ayala, Monique Alfradique, Gretchen, Rita Cadillac, Wanderléa, Paloma Bernardi e David Brazil.

Mangueira

Após o corte de verba da Prefeitura do Rio para as escolas de samba, a Mangueira levou para a Sapucaí o enredo “Com dinheiro ou sem dinheiro eu brinco”.

Em clima de “protesto irreverente”, vários trechos da letra do samba ironizaram a decisão de cortar os recursos destinados às escolas. Um dos carros representou o prefeito Marcelo Crivella como um boneco de Judas, acompanhado da frase: “Prefeito, pecado é não brincar o carnaval”.

Em dia de escolas que abusaram de luzes de LED e efeitos especiais, a Mangueira se destacou pela aposta no saudosismo e no “carnaval retrô”. A escola tem 18 títulos no Grupo Especial, e seu último campeonato foi em 2016.

Mocidade Independente

A Mocidade Independente de Padre Miguel fechou a primeira noite de desfiles do Grupo Especial do Rio exaltando a Índia e mostrando as semelhanças entre as culturas brasileira e indiana no enredo “Namastê… A estrela que habita em mim saúda a que existe em você”.

A escola apostou em elefantes “puxando” o carro abre-alas e jacarés à frente do segundo carro. Com efeitos especiais, a comissão de frente levou “deuses e monges” para a Sapucaí, além de figuras emblemáticas como Gandhi (1869-1948).

Os 265 integrantes da bateria se vestiram como se estivessem a caminho de um casamento indiano.

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