Pesquisa quer diminuir acidentes com embarcações provocados pelo banzeiro na Amazônia

Amazonianarede – Ifam

Manaus – Um grupo de pesquisadores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam) realizou testes de uma tecnologia que poderá diminuir os riscos das viagens em embarcações tipo recreio, meio de transporte mais comum na Amazônia.

O projeto, que recebeu investimentos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), usou uma réplica de uma embarcação regional para analisar a oscilação causada pela frequência dos banzeiros.

De acordo com o coordenador do grupo, Flávio Soares, o teste realizado consistiu em construir um tanque no formato da letra “U” e colocá-lo dentro de uma réplica de uma embarcação regional. Segundo ele, o tanque em “U” diminui a oscilação causada pela frequência das ondas marítimas. A oscilação é o principal motivo que leva ao tombamento de embarcações nos rios da região.

“Existem técnicas modernas para diminuir a oscilação, mas a que estudamos foi à aplicação de um processo simples que diminui essa oscilação e que pode evitar acidentes. Preferimos essa técnica simples porque, na região, as embarcações são artesanais e algo muito sofisticado dificultaria o acesso a esse mecanismo. O custo para implantação em uma embarcação é que baixo. Basicamente é um tubo com água.”, explicou.

Testes

Para os testes, o grupo construiu uma réplica semelhante às embarcações recreio de 1,20 metro de comprimento. A réplica foi levada para o laboratório de testes da Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo (USP), onde foram realizados os estudos. Os dados sobre as características dos barcos foram repassados pela Capitania dos Portos em Manaus.

Segundo o coordenador, no laboratório da USP há uma espécie de piscina coberta e totalmente fechada para que não haja interferência de vento e uma praia artificial que simula a inclinação natural da terra sob as águas dos rios e um batedor que gera ondas com frequências moduladas. “No barco, colocamos ainda, um mecanismo chamado acelerômetro para medir a oscilação. O tanque em ‘U’ conseguiu atenuar bastante a oscilação, entre 18 e 20%”, disse Soares.

O pesquisador explicou que o barco se movimenta dentro de certa frequência e a chegada de uma onda com a frequência diferente tira a estabilidade da embarcação, isso faz com que ela tombe. O tanque em “U” absorve a energia trazida pela onda com frequência diferente e a dissipa gradativamente. “Cada vez que a água vai e volta dentro do tanque vai dissipando energia e isso faz com que o barco oscile numa faixa menor”, disse.

O coordenador do grupo, Flávio Soares, doutor em engenharia mecânica na escola Politécnica da Universidade de São Paulo, disse que o próximo projeto do grupo é a criação de um aparelho capaz identificar o ponto de gravidade dentro do barco para ajustar a quantidade de água dentro do tanque em ‘U’. “Para o tanque funcionar com maior eficiência ele precisa estar associado ao ponto de gravidade do barco”, concluiu.

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