Pesquisa florestal ajuda a estudar efeitos do desmatamento amazônico

Manaus – Em 33 anos de estudos, o projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais já catalogou 223 mil árvores da floresta de terra-firme ao Norte de Manaus.

A pesquisa é uma das mais antigas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e vai ajudar os cientistas a determinar as consequências ecológicas do desmatamento.

As mais de três décadas de análise possibilitaram a identificação de padrões da dinâmica florestal cruciais para entender os efeitos dessa degradação sobre a fauna e flora da região.

O projeto é coordenado por José Luís Camargo e acontece em convênio com o Instituto Smithsonian (dos Estados Unidos). A área estudada compreende 94 hectares, onde são monitoradas quase 45 mil árvores de grande porte e 178 mil de pequeno porte, chamadas de arvoretas.

“Monitoramos de duas formas: pensamos na consequência da fragmentação florestal, mas nas áreas contínuas fazemos o mesmo monitoramento para saber o que está mudando nessas florestas”, contou o pesquisador.

Camargo disse que o recenseamento das árvores, que somam de 1,4 mil espécies, é feito a cada cinco anos.

“Acompanhando o monitoramento, conseguimos saber a dinâmica da floresta. Os dados são importantes para sabermos qual é a velocidade de reposição de árvores na floresta, qual a taxa de mortalidade e de crescimento”, afirmou o cientista, que destacou ainda: “Não há outra ação de monitoramento em longo prazo como nós fazemos”.

O projeto realiza também monitoramento de aves. Segundo o pesquisador, esta etapa ajuda a entender a dinâmica da fauna em relação à fragmentação da floresta. Ele disse que uma das técnicas consiste em combinar GPS (Sistema de Posicionamento Global, na sigla em inglês) para definir a área que bandos mistos de pássaros ocupam na floresta, com imagens produzidas por uma técnica para visualizar a estrutura florestal em três dimensões.

A junção das duas técnicas permite entender a mobilidade dos pássaros na floresta e o quanto a falta de cobertura florestal contínua limita a circulação deles no próprio habitat.

Dentre os resultados obtidos, o pesquisador afirmou que nas áreas degradadas é possível identificar perda de espécies de aves e morte lenta de árvores, principalmente nas bordas da floresta. “Uma das primeiras evidências é que grandes árvores tendem a morrer.

Elas ficam desprotegidas quando há a fragmentação da floresta. Para as aves de sub-bosque, as taxas de extinção de aves chega a 50% das espécies dentro desses fragmentos de floresta, em pouco tempo”, destacou Camargo, referindo-se a um estudo do pesquisador Gonçalo Ferraz sobre extinção de aves.

Fonte: INPA 

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