Papa lava os pés de jovens detentos em ritual da Quinta-Feira Santa

Amazonianarede Com AP e Reuters

Vaticano – O papa Francisco lavou os pés de 12 detentos de um centro juvenil em um ritual da Quinta-Feira Santa que ele celebrou durante anos como arcebispo e manteve agora que é pontífice . Dois dos 12 eram mulheres jovens, uma escolha incomum dado que o rito se refere a quando Jesus lavou os pés de seus apóstolos homens.

A missa foi celebrada no reformatório Casal del Marmo em Roma, onde 46 jovens e mulheres estão atualmente detidos. Muitos são ciganos e migrantes do norte da África, e o Vaticano disse que os 12 selecionados para o rito não eram necessariamente católicos.

Como os detentos são em sua maioria menores – o local mantém pessoas entre 14 e 21 anos – , o Vaticano e o Ministério de Justiça da Itália limitaram o acesso da imprensa. Mas a Rádio do Vaticano transmitiu a cerimônia ao vivo, e Francisco disse aos detentos que Jesus lavou os pés de seus apóstolos na véspera da crucificação em um gesto de amor e serviço.

“Se o Senhor lavou os pés de seus apóstolos, vocês deveriam fazer o mesmo um com o outro”, disse Francisco em sua homilia. “Dei-lhes o exemplo para que possam fazer o mesmo.”

Quando era arcebispo de Buenos Aires, o ex-cardeal Jorge Mario Bergoglio celebrava o ritural do lava-pés em prisões, hospitais ou hospícios – parte de seus serviço aos pobres e aos mais marginalizados da sociedade. É uma mensagem de que ele mantém esse compromisso agora que é papa, dizendo que quer uma igreja “para os padres”.

Papas anteriores celebrararam o rito do lava-pés na Quinta-Feira Santa na Basílica de São João Latrão, com os 12 escolhidos sendo padres representando os 12 apóstolos. O fato de Francisco ter incluído mulheres é simbolicamente digno de nota pelo fato de que o Vaticano proíbe padres mulheres.

Missa na Basílica de São Pedro

Iniciando a intensa programação de eventos da Páscoa, o papa conclamou mais cedo nesta quinta os padres católicos a se dedicar a ajudar os pobres e sofredores em vez de se preocupar em fazer carreira como “gestores” da Igreja.

A homilia de Francisco reforça a postura adotada por ele desde sua surpreendente eleição como papa, há duas semanas – a de que a Igreja deve se aproximar dos pobres.

“Precisamos sair, então, a fim de experimentar nossa própria unção (como padres) até as periferias, onde há sofrimento, derramamento de sangue, a cegueira que anseia por visão, e prisioneiros servos de muitos senhores maus”, disse em missa na Basílica de São Pedro.

O argentino de 76 anos assumiu a Igreja Católica após o escândalo resultante do vazamento de documentos que mostravam casos de corrupção e disputas internas na Cúria Romana (a burocracia vaticana).

Na missa, que marcou o início de quatro dias de frenética atividade até a Páscoa, Francisco disse que os padres não devem se acomodar na “introspecção”. “Aqueles que não saem por si mesmos, em vez de serem mediadores, gradualmente se tornam intermediários, gestores. Sabemos a diferença: o intermediário, o gestor não põe sua própria pele e seu próprio coração na linha de frente, nunca escuta uma palavra calorosa e compungida de agradecimento.”

Dirigindo-se aos cerca de 1,6 mil padres de Roma presentes à missa, o papa disse que os que não vivem em humildade, perto do povo, correm o risco de se tornar “colecionadores de antiguidades ou novidades – em vez de pastores vivendo com ‘o cheiro das ovelhas'”.

Depois de ser eleito papa, o cardeal Jorge Bergoglio assumiu o inédito nome de Francisco como homenagem a São Francisco de Assis , associado à austeridade e à benemerência. Em outras atitudes, ele já deixou claro que pretende tornar o papado e a Igreja mais humildes.

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