Rio – Em meio à euforia da disputa pelo título do Campeonato Brasileiro, Flamengo volta ao Maracanã às 17h, neste domingo (23), após quase um ano, com outro desafio além de obter uma vitória sobre o Corinthians para encostar no líder Palmeiras.
Com todos os 54 mil ingressos vendidos, o jogo será um teste para o clube rubro-negro tentar reverter uma realidade da nova versão do estádio, reformado para a Copa do Mundo de 2014. Jogar na sua tradicional casa virou um mau negócio até agora.
No período em que esteve longe da arena, que foi cedida ao Comitê Organizador Rio-2016 para a realização do evento, o clube conseguiu lucrar mais com bilheteria.
Foram 15 jogos em cinco estádios diferentes (Raulino de Oliveira, Arena das Dunas, Mané Garrincha, Pacaembu e Kleber Andrade) e a maior renda líquida com bilheteria das últimas três temporadas -mais de R$ 11 milhões.
Em 2015, a equipe foi mandante em 16 jogos do Campeonato Brasileiro no Maracanã e arrecadou cerca de R$ 6,8 milhões, mesmo com uma média de público maior em relação a atual temporada.
“O Maracanã se mostra um mau negócio para os clubes do Rio. Em 2015, o Flamengo arrecadou R$ 26 milhões em bilheteria com o estádio, e apenas 36% foram para os cofres do clube”, afirma o pesquisador Marcelo Rotenberg, da FGV/DAPP.
Concessionária
Até o ano passado, quem utilizava o Maracanã como casa tinha que pagar à concessionária que o administra, formada por Odebrecht (95%) e AEG (5%), um valor de aluguel que variava de acordo com o número de ingressos disponibilizados -e mais as taxas pagas para serviços como segurança e limpeza.
“O clube e a concessionária dividiam as receitas e as despesas, em uma proporção média de 60% para o clube e o restante para a concessionária”, informa a Concessionária Maracanã.
Nos 15 jogos disputados no Brasileiro de 2015 no estádio, as despesas chegaram a cerca de R$ 12 milhões, quase o dobro do lucro do clube.
“A partir de agora, o clube será responsável pela organização dos jogos, o que vai reduzir essas despesas. Já renegociamos com empresas que prestam serviços (segurança, limpeza, etc)”, afirma Fred Luz, o CEO do Flamengo.
A reabertura do estádio será uma espécie de laboratório para operá-lo. Pela primeira vez desde a reforma do Maracanã em 2013, o Flamengo será o responsável pela arena. O clube espera lucrar R$ 1,5 milhão com o jogo.
O Maracanã foi reformado por cerca de R$ 1,2 bilhão pela Odebrecht e pela Andrade Gutierrez. Depois de pronto, foi repassado ao consórcio, com acordo válido por 35 anos após licitação realizada em 2013. Até 2015, o grupo liderado pela Odebrecht acumulou um prejuízo de R$ 173 milhões com o estádio. A empreiteira agora tenta devolvê-lo para o governo do Rio.
Novo edital
No início de 2017, o Estado vai lançar um novo edital de licitação com todos os detalhes do processo.
O Flamengo negocia com uma série de empresas internacionais uma parceria para ficar com o Maracanã nas próximas décadas. Pelo projeto em execução na Gávea, o futebol será a prioridade.
No modelo montado pela Odebrecht, o complexo esportivo ganharia um centro comercial e estacionamentos para viabilizar financeiramente o negócio. Os dirigentes do Flamengo não querem repetir a experiência.
“Pretendemos gerar receitas alternativas, mas o estádio será a prioridade”, diz Luz.”A nossa projeção é para ter um resultado [financeiro] muito estreito. Mas queremos lucro”, completa.
Em setembro, a Fundação Getúlio Vargas foi contratada pelo governo fluminense para produzir um novo modelo de licitação para a arena.
O documento ficará pronto em 90 dias. A ideia do governo é repassar o Maracanã para um novo dono antes do segundo semestre de 2017.
Amazonianarede-Agncia Foha