Maués comemora 180 anos de fundação e muita história

Maués – Terra do Guaraná, Maués, também conhecida como Mundurucânia, comemora 180 anos, neste dia 25 de junho, lembrando o ano de 1833 quando foi elevada a categoria de Vila. A cidade é conhecida pela longevidade do povo, pelos ritos sateré mawé, pelo encontro das águas, pela receptividade do povo, sendo considerada uma das mais belas do Amazonas.

As comemorações dos 180 de Maués anos encerram nesta terça-feira (25) com a inauguração do novo Fórum de Justiça, o primeiro a ser inaugurado na gestão do Presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas – TJA, Ari Moutinho. Desde sexta-feira a cidade festeja a data com atividades esportivas e culturais.

A historia de Maués tem início com os antigos habitantes da região, os índios mundurucu e mawé, que viviam em constante conflito devido suas diferenças culturais e a disputa da posse das terras dessa região, conhecida como Mundurucânia, em meados do século XVIII.

A primeira notícia que se tem de Maués foi por intermédio do relatório feito durante a visita do superior provincial jesuíta padre Batendorf, o qual referiu-se a Maués como “Vila dos Maguases”. Esses índios viviam em liberdade junto com a natureza, retiravam dos rios e da mata o alimento necessário à sua sobrevivência, usando instrumentos de caça e de pesca, fabricados por sua comunidade.Praticavam a agricultura, principalmente do guaraná e da mandioca. Da mandioca faziam farinha, beijus, goma, tucupi, caxiri (bebida de mandioca fermentada com mistura de ervas) e outros.

Tanto os mundurucu como os mawé possuíam cultura própria, isto é, suas crenças, costumes, danças e rituais, que eram passados de geração a geração, por meio da família e da comunidade. 

Mudança de costumes

A chegada dos portugueses modifica a vida dos mawé, pois eles eram obrigados a trabalhar para os brancos, falar sua língua e adotar sua religião. Mas essa mudança não afetou apenas os hábitos, uma vez que com a vida dos colonizadores, várias doenças vieram juntas. A cultura indígena, assim como várias tribos vão desaparecendo pouco a pouco.

Um pouco da história

A região onde hoje se encontra a cidade, era conhecida pelos indígenas que por ali habitavam como “Mundurucânia”. Em 1669 os jesuítas fundam a aldeia missionária de Maguases construindo uma capela às margens do atual rio Maués-Açu, mas a missão religiosa não teve sucesso e fracassou em 1759. Em 1798, os portugueses Luís Pereira da Cruz e José Rodrigues Porto fundaram o povoado de Luséa, nome este que vem da junção dos nomes de seus fundadores: Lu de Luiz e Sé de José, acrescido da vogal a, formando a palavra “Luséa”. Existem outras explicações para a origem desse nome, mas por meio de pesquisas é possível observar que os índios a chamavam de Uacituba, que significa terra grande ou fértil.

Construção da Capela

Nesse mesmo ano é criada pelo bispo do Grão–Pará, dom Manuel de Almeida Carvalho, a paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Maués do Amazonas, sendo construída uma capela de palha e barro pelo carmelita frei José Álvares da Chagas, que também trouxe a imagem de madeira de Nossa Senhora da Conceição, conservada até os dias de hoje na atual igreja da Matriz.

Em 1803 é criada a missão de Maués, e o trabalho missionário foi entregue aos capuchinhos; em 1832 acontece à revolta dos índios mawé contra a escravidão da tribo e pela autonomia política em relação ao domínio paraense, tendo à frente o tuxaua Manuel Marques.

Povoando a Região

A partir da fundação do povoado, várias famílias chegaram à Luséa em busca de riqueza e de trabalho. Dessa forma, o pequeno povoado vai prosperando. Com o ato constitucional de 25 junho de 1833, Luséa é elevada à categoria de vila, que se tornou palco de sangrentas lutas na revolta da Cabanagem, com início em 1835. Em 25 de março de 1840, Luséa desempenha um importantíssimo papel nesse fato da historia regional, pois foi em nossa cidade que o último grupo cabano – 980 homens –, entregou as armas, rendendo-se. Em 1850, com a criação da província do Amazonas, Luséa passa a ser município, juntamente com Manaus, Barcelos e Tefé.

Mudando de Nome

Pela Lei nº 151, de 11 de setembro de 1865, foi mudado o nome da Vila Maués, passou a denominar-se Vila Conceição (Mello.1967.p.86). Este nome foi em homenagem a padroeira municipal Nossa Senhora da Conceição.

E com a Lei Estadual nº 35, em 04 de novembro de 1892 o município finalmente recebe o nome de Maués, homenagem aos primeiros habitantes os índios Mawé, nome este que significa papagaio falante e inteligente, na língua Tupi mau significa curioso, inteligente; ueu significa ave da família dos papagaios e s é o plural em português.

Proclamada a República em 1889, o governador provisório do Amazonas dissolve a Câmara Municipal da Vila da Conceição de Maués, “por decreto nº03-A de 09 de janeiro de 1890″(Mello 1967.p.86. A Câmara torna-se Intendência Municipal de Maués, e o governador provisório nomeia para superintendente o Sr. Antônio José Verçosa. Sendo assim, Maués é mantido como município.

Categoria de cidade

Por meio da lei estadual nº 35, de 4 de novembro de 1892, é oficializado a denominação “Maués” ao município e a sua sede administrativa, em justa homenagem aos índios mawé, os primeiros habitantes da região.

A lei nº 133, de 5 de outubro de 1895, cria a comarca de Maués, sendo o 1º juiz, o Dr. Octaviano de Siqueira Cavalcante e o 2º juiz, o desembargador Luiz Furtado de Oliveira Cabral de 1897–1900, cuja instalação só ocorreu em 9 de março de 1896.

Finalmente no dia 4 de maio de 1896, pela lei estadual nº 137, sancionada pelo governador do Estado, Dr. Eduardo Ribeiro, a vila da Conceição de Maués é elevada à categoria de “cidade de Maués”. Essa condição era almejada desde 1853, quando o deputado provincial Dr. Marcos Antônio Rodrigues de Souza, presidente da Assembléia da província, apresentava o projeto de elevação da vila de Maués à categoria de cidade, com o nome de São Marcos de Mundurucami. “O Dr. Marcos Antônio de Souza ensaia para se perpetuar numa cidade do interior da província… porém o projeto fracassou”. (MELLO.1967. p.88)

Sendo Maués, o sexto município do interior do Estado a ter a sua sede administrativa elevada à categoria de cidade, depois de Tefé, Itacoatiara, Parintins, Humaitá e Lábrea.

(Assessoria e pesquisa –Bryan Levy e internet)

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.