Manaus já  registrou  mais de 1,2 mil casos de assaltos a ônibus somente este ano

 Manaus já registrou  mais de 1,2 mil casos de assaltos a ônibus somente este ano

Passageiros, motoristas e cobradores relataram casos de assaltos a coletivos na capital. Reportagem acompanhou rota da linha considerada a mais perigosa da cidade.

Manaus, AM –  janeiro a junho deste ano, Manaus registrou um total de 1.285 assaltos a ônibus. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), 783 assaltantes foram presos, mas os passageiros e motoristas continuam a reclamar da falta de segurança no transporte público da capital.

Quem depende do serviço em Manaus está com medo. A cidade vive uma rotina de assaltos a coletivos. Em média, 10 assaltos são registrados por dia na capital. As vítimas são passageiros, motoristas e cobradores.

A reportagem do Grupo Rede Amazônica fez uma viagem na linha 560, que faz o trajeto do terminal 4, na Avenida Jorge Teixeira, até o Terminal 1, na Av. Constantino Nery. A linha é considerada a mais violenta de Manaus, segundo levantamento do Sindicato das Empresas de Transportes (Sinetram).

O motorista José dos Santos faz o percurso há dois anos e disse já ter sido assaltado 25 vezes. O último caso ocorreu no dia 12 de junho. Para não ser surpreendido pelos bandidos, o motorista se apega com Deus.

“Quando a gente sai daqui carregado de gente, a gente vai se apegando com Deus direto, que livre a gente, que não deixe o sangue ruim subir no carro e a gente está trabalhando”, disse.

A viagem dura cerca de uma hora e meia. Sobram relatos de passageiros que foram assaltados na linha, como a industriária Aloma dos Santos, que já foi roubada duas vezes.

“Inclusive dois adolescentes entraram uma vez e fizeram arrastão. Levaram nossas bolsas, relógios, celulares e ameaçaram. Teve até um assalto que eu tive que teve tiroteio. (…) Todo dia quando entro eu oro, porque é preocupante. A gente sai de casa com vida e não sabe se vai retornar com vida, infelizmente”, conta.

Em todo o ano passado, o Sinetram registrou 3.844 assaltos a ônibus. Em 2017, a SSP informou que 1.785 pessoas foram presos pelos crimes.

Relatos

Um local escuro, deserto e sem policiamento, na Ponta Negra, Zona Oeste de Manaus, é o ponto final da linha 450. No local, motoristas têm diversas histórias para contar. Em todas, eles foram vítimas de criminosos.

” Simplesmente levei uma coronhada na cabeça na linha 450 . Eles cortaram o meu braço. Na linha 450, lá no núcleo 5. Uma facada no braço em cima do ombro, aqui na estrada da Ponta Negra. Era um sequestro, o cara queria que eu fosse do Centro para Zona Leste, com o ônibus cheio de passageiros”, disse um motorista, que preferiu não se identificar.

Uma cobradora, que também não quis ter o nome revelado na reportagem, contou que já houve um arrastão no ponto de ônibus.

“Um arrastão horrível. A gente estava todo mundo reunido aqui, uns estavam dentro do ônibus. Chegaram cinco, seis homens fazendo arrastão. Trancaram a gente dentro do banheiro, foi horrível. Eles levaram tudo, é complicado. A gente está precisando mesmo de polícia nas ruas”, reclamou.

Foi durante o trajeto, que sai da Ponta Negra e vai até a Cidade Nova, na Zona Norte, que o motorista Francisco Araújo da Silva foi morto em uma tentativa de assalto. Os colegas dele dizem estar com medo, como a cobradora Ana Tárcia de Oliveira Maia.

“A população está tão aflita, fica tão insegura na viagem, que qualquer coisa estranha todo mundo começa a ficar desesperado. É o tempo todo. Qualquer horário do dia tem assalto. Todas as linhas têm, mas aqui é bem visado. O 450 é bem visado”, relatou.

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