A cidade de Manaus, plantada no coração da floresta amazônica e banhada pelo caudaloso Rio Negro é, sem nenhuma dúvida, a maior e mais importante capital da Amazônia brasileira e está completando hoje, 24 de outubro, 345 anos de fundação, por isso a homenagem do Portal.
Manaus dos igarapés, dos parques temáticos em homenagem a natureza, do encontro das águas, do Teatro Amazonas, mercado Adolpho Lisboa, da Ponte Rio Negro, da Arena da Amazônia, de Rio Negro e Nacional, da sua culinária a base do peixe, da ponte Rio Negro, da praia da Ponta Negra, do Carna-boi, dos festivais de Ópera, do Boi Manaus, do seu calor tropical e de um povo hospitaleiro trabalhador, que recebe a todos de braços abertos.
Manaus, conhecida também como a “cidade sorriso” possui uma arrojada arquitetura misturando um pouco da Europa com a arquitetura brasileira e a cabocla, uma espécie de miscigenação arquitetônica.
A capital amazonense, tem a maior população das capitais amazônicas, com mais de 2 milhões d e habitantes, é o maior PIB regional e o 6º Nacional, graças ao Pólo Industrial que recebe os benefícios da Superintendência da Zona Franca de Manaus,(Suframa), sediada na cidade.
A cidade, banhada por um forte mais saudável calor tropical possui a maior Região Metropolitana do norte brasileiro.
A cidade que na sua grande maioria cultua a religião católica, tem como padroeira Nossa Senhora da Conceição. No momento é governada pelo “tucano”, prefeito Arthur Virgílio Neto.
De frente para o futuro
Para muitos, a Paris dos trópicos para outros, pela influência que sofreu logo no início da sua história por países do velho continente, a capital amazonense, a maior e mais rica da Amazônia brasileira, banhada pelo caudaloso Rio Negro à sua margem esquerda, de clima tropical forte, administrada no momento pelo prefeito Arthur Neto (PSDB), está festejando hoje, 24 de outubro, 345 anos de fundação.
Segundo antigos historiadores, as primeiras construções na cidade ocorreram de fundos para o Rio Negro, a exemplo do mercado Adolpho Lisboa, por isso, afirmam que ela nasceu de costas para o rio.
Manaus do Palácio Rio Negro, Praia da Ponta Negra e seus arranha céus, do Parque do Mindu, da Zona Franca, do Rodway, da Arena da Amazônia, dos luxuosos e sofisticados condomínios, do Mercado Municipal Adolpho Lisboa, que após anos de reforma que hoje (24), será reinaugurado, do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, da Ponte Benjamim Constant, da chegada da luz elétrica, dos balneários do Parque 10, da Cachoeira do Tarumã e Ponte da Bolívia e Parque 10, do Parque Amazonense, do clássico Rio X Nal, do Encontro das Águas que inspirou o poeta cearense Quintino Cunha, para uma das suas mais belas poesias, do Comando Militar da Amazônia, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, da Maloca dos Bares, palco de shows inesquecíveis, do SIVAM E SIPAM, Hospitais Beneficente Portuguesa e Santa Casa (hoje um prédio abandonado), dos colégios Pedro II, D. Bosco e IEA e do centenário Jornal do Commercio e Radio Baré, cujo primeiro nome foi Baricéia.
Recordamos ainda da chegada do bonde elétrico, dos extintos restaurantes Chapéu de Palha e Gabriela, dos cines Odeon, Avenida, Politheama e Guarany, Hotel Amazonas, um dos seus primeiros arranha-céus, que hoje funciona como centro comercial e de escritórios, do Hotel Tropical, das construções centenárias com estilo europeu, Matriz de Nossa Senhora da Conceição, dos igarapés que cortam a cidade, das palafitas e da extinta cidade flutuante, do terreiro da Mãe Joana, além da culinária cabocla, a base do pescado à cozinha internacional, das festas que eram realizadas nos tradicionais clubes da cidade, como Barés, Nacional, Rio Negro, Olímpico e das famosas manhãs de sol do Luso Sporting Club e União dos Estudantes do Amazonas (UESA), São Raimundo entre outras.
Lembramos também, dos bares do Armando, frequentado por intelectuais e pseudos e Jangadeiro, ponto de encontro dos mais humildes que caminham pelas redondezas do mercado Adolpho Lisboa, das batalhas de confetes na Av. Eduardo Ribeiro, do Arraial da Vila Municipal, Festival Folclórico no estádio General Osório, da boneca carnavalesca Kamélia, do Olímpico Club e tantas outras coisas desta terra de um povo hospitaleiro e acolhedor e do rico e variado folclórico, ainda sonha com um futuro melhor, com mais ordenamento, transito com maior fluidez, mais segurança, educação, saúde pública, em fim, mais condições de vida para os seus habitantes e visitantes.
A cidade, mesmo com todo o crescimento urbano que experimenta, ainda preserva o charme da arquitetura parisiense, característico das obras realizadas no início da sua rica história.
Contrastes da cidade
Cidade plantada a margem esquerda do Negro, em meio à selva amazônica, que ainda não é totalmente arborizada, tem muitos contrastes, como alguns que a partir de agora enumeramos aqui. No futebol,a Arena da Amazônia, palco de jogos da Copa do Mundo e as maiores torcidas são para os clubes cariocas, talvez pela falta de organização e gestão do nosso futebol.
Aqui temos também o chamado Plano Inclinado, o bairro de Aparecida, tem como padroeira Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e as novenas em louvor a Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, são celebradas as terças feiras na Igreja de Aparecida.
A cidade abriga o bairro das Flores, onde não existem ruas ou praças ajardinadas e nenhuma floricultura, isso para não falar na Igreja de Santo Antonio, apelidada de capela do pobre diabo, no bairro da Cachoeirinha e na Praça dos Remédios, onde não existe nenhuma farmácia ou drogaria.
O bairro de Aparecida, tradicionalmente habitando no seu início por portugueses, tem como padroeira uma santa negra, a padroeira do Brasil, Nossa Senhora de Aparecida e a Praça 14 de Janeiro, berço de sambistas e onde no início foi habitado por milhares de negros, sem nenhum laço com Portugal, tem como padroeira uma santa portuguesa, Nossa Senhora de Fátima.
Apesar de ser banhados por um dos maiores rios de água doce do mundo, vários de seus bairros periféricos ainda não são servidos por uma rede de água encanada. Este talvez seja um dos seus piores contrastes.
Um passeio pela história
Para comemorar os 345 anos de Manaus, vamos fazer um ligeiro passeio pela sua história, relembrando um pouco da Manaus mais que tricentenária famosa por ser considerada a Paris dos trópicos.
Iniciamos o nosso passeio, recordando os tempos áureos da borracha, ocorrido nos século XIX e dar uma grande caminhada pela sua história é talvez a melhor maneira de comemorarmos os 344 anos da capital do Amazonas.
Famosa por ser a ‘Paris dos Trópicos, Manaus oferece ao público uma eclética história, que recorda os tempos áureos vividos com a ascensão da borracha na capital – séculos XIX e XX, quando a cidade respirava usos e costumes europeus, especialmente Paris, tempo também, conhecido como “Belle Epoque”, escrita por vários famosos historiadores.
O tempo passou o desenvolvimento, aliado ao progresso e ao modernismo, chegou mais não tirou o seu lado caboclo de ser, embora hoje seja uma das grandes metrópoles brasileiras.
Ninguém pode falar de Manaus sem dedicar um capítulo especial ao ciclo da borracha, que entre outras coisas, protagonizou o primeiro movimento migratório para o Amazonas, todos fascinados pelo látex, também conhecido à época como “ouro branco”, extraído das nossas florestas, com uma grande participação dos irmãos nordestinos, especialmente do Ceará, considerados” soldados da borracha”.
Na metade do século XX, um surto de desenvolvimento tendo como base essa preciosidade das nossas florestas, especialmente da região do rio Purus, provocou uma grande revolução no desenvolvimento da cidade e aqui se estabelecia entre outras coisas importantes, um jornal impresso, sistema de abastecimento d’água, telefone e chegava também à luz elétrica e o bonde.
Ainda naquele período, a aniversariante de hoje se transformava no centro econômico do País e tudo graças ao chamado leite da seringueira, que mais tarde, “migrou para a Ásia” e a economia amazonense e Manaus entraram em profunda decadência e o seu declínio foi absoluto e por muito tempo, sobrevivendo à duras penas nesta Amazônia fantástica, longe dos grandes centros, ou seja, no mais completo isolamento.
Charme parisiense
Apesar do modernismo, a cidade ainda insiste em preservar o charme da arquitetura parisiense, característica de grandes e monumentais obras realizadas naquele longínquo período áureo, tais como o Palácio da Justiça, o Teatro Amazonas, o Palácio Rio Negro, a Igreja de São Sebastião, a Alfândega e outros, ocorrido já após o século XX.
Quando o Amazonas e Manaus começaram a perder a hegemonia da borracha e sua economia definhou, aos poucos a cidade transformou-se num porto de lenha, como diz muito bem a musica do jornalista e amigo Aldizio Filgueiras e Cilene, intitulada “Porto de Lenha”, até que no Governo Militar do saudoso presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, através do Decreto-lei 288, de 28 de fevereiro de 1967, implantou a Zona Franca de Manaus, e a partir daí, começou um no novo ciclo na sócia-economia do Estado e a cidade voltou a respirar aliviada, gerando empregos no comércio, indústria e serviços e cidade começou a uma grande massa de migrantes, que para cá vinham em busca de oportunidades de trabalho.
Esse modelo de desenvolvimento, foi idealizado pelo então a deputado federal pelo Amazonas, Francisco Pereira da Silva , através da lei 3.173 de 6 de junho de 1957, ou seja, dez anos após a aprovação da lei, o modelo foi implantado.
A partir daí, a cidade começou a ganhar shoppings, luxuosos hotéis, universidades particulares e outros equipamentos necessários ao bom funcionamento de uma metrópole e dessa forma, começou uma grande expansão horizontal e vertical e como tudo tem mão e contramão, surgiram também às favelas e a proliferação das palafitas de forma bem desordenada, fruto das invasões que a cidade sofria naquele momento, com muitos desses problemas, perdurando até os dias atuais, como a violência urbana.
Retornando aos velhos tempos, vale ressaltar que o Largo de São Sebastião é considerado um dos mais valiosos patrimônios históricos da cidade e engloba a Praça de São Sebastião, juntamente com o Monumento de Abertura dos Portos do Amazonas ao Comércio Mundial (1866), o Teatro Amazonas (1896), a Igreja de São Sebastião (1888), Núcleo de Artes Plásticas do Centro Cultural Cláudio Santoro, Casa J.G Araújo, Casa do Restauro, Casa Ivete Idiapina e a Casa das Artes.
Cultura e lazer no largo
O Largo acolhe todos os tipos de atividades, desde o ambiente calmo de uma praça, alimentação de boa qualidade e diversas manifestações culturais.
Muitos artistas de rua se apresentam pelo espaço e o público não precisa pagar nada por isso, apenas curtir uma boa música ou, quem sabe, uma performance teatral gratuita.
Há opções de lazer para adultos e crianças, normalmente a programação cultural começa nas noites de sexta-feira e seguem até domingo, além disso, há o passeio de charrete, onde estão disponíveis ao público duas charretes que fazem um tour pela história de Manaus.
Aos sábados e domingos, a partir das 17hr, ocorre o ‘Cinema no Largo’, onde há apresentação de filmes infantis. Para os adultos há a programação do ‘Cinemantigo’, a partir das 19hr, transmitindo filmes clássicos de grandes nomes da história do cinema mundial.
Há épocas do ano em que o Teatro Amazonas oferece o Festival de Ópera e o Amazon Film Festival, onde muitos espetáculos são realizados em torno da praça, também com a participação de grandes artistas nacionais e internacionais durante esses eventos culturais.
O lugar também oferece várias opções para os amantes de refeições rápidas com restaurantes, lanchonetes e até mesmo quiosques especializados em comidas regionais, como pirarucu de casaca, caruru e o famoso tacacá, sem esquecer o açaí com guaraná.
A primeira faculdade
Coube a nossa mais que tricentenária Manaus, o privilégio de instalar a primeira faculdade brasileira.
A Escola Universitária Livre de Manáos teve origem no Clube da Guarda Nacional do Amazonas, entidade fundada em 5 de setembro de 1906, e cujos Estatutos, publicados no ano seguinte, previam a criação de uma escola prática militar.
O Clube da Guarda tinha, entre outros objetivos, o de fomentar o desenvolvimento profissional de seus associados e cultivar as ciências auxiliares da arte da guerra, além de criar uma escola prática militar.
O que era aspiração máxima do Clube da Guarda Nacional somente se concretizou em 10 de novembro de 1908 quando foi criada em Manaus a Escola Militar Prática do Amazonas.
A Escola mantinha apenas dois cursos um preparatório e outro superior, ambos destinados à instrução militar de oficiais da Guarda Nacional e de outras milícias.
Os cursos, porém, eram abertos a qualquer brasileiro. Naquele mesmo ano, a Escola passou a chamar-se Escola Livre de Instrução do Amazonas.
Menos de um ano depois, em 17 de janeiro de 1909, a Escola de Instrução Militar do Amazonas se transformava na Escola Universitária Livre de Manáos.
De acordo com seus Estatutos, elaborados e apresentados pelo tenente-coronel Eulálio Chaves, a Escola deveria manter os cursos das três armas, segundo o programa adotado para as escolas do Exército Nacional.
Fora os cursos de instrução militar, também seriam ministrados os cursos de Engenharia Civil, Agrimensura, Agronomia, Indústrias e outras especialidades; Ciências Jurídicas e Sociais, bacharelado em Ciências Naturais e Farmacêuticas e Letras. Outros cursos deveriam ser criados posteriormente, com preferência o de Medicina.
Dirigida em seu primeiro ano pelo Dr. Pedro Botelho (1909-1910) e, posteriormente, pelo Dr. Astrolábio Passos, (1910/1926) a Escola Universitária instalou seus cursos em 15 de março de 1910, em sessão solene presidida pelo governador do Estado Antônio Clemente Ribeiro Bittencourt. Em 13 de julho de 1913, a Escola Universitária muda de nome, passando a chamar-se Universidade de Manaus.
A experiência bem sucedida da primeira universidade brasileira durou somente 17 anos, sendo ela desativada em 1926. A partir daí, passaram a funcionar como unidades isoladas de ensino superior, mantidas pelo Estado, as Faculdades de Direito, Odontologia e Agronomia.
Com a extinção das duas últimas, poucos anos depois, restou apenas a Faculdade de Direito, que formou os primeiros bacharéis em 1914, e foi incorporada pela Universidade Federal do Amazonas. Esse elo histórico entre as duas instituições testemunha e revalida a atual Ufam como a mais antiga universidade brasileira.
Criada pela Lei Federal 4.069-A, assinada pelo presidente João Goulart em 12 de junho de 1962, a sucessora legítima da Escola Universitária Livre de Manáos, a Universidade do Amazonas, teve seu Projeto de Lei, de autoria do então deputado federal Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Filho, publicado no Diário Oficial da União em 27 de junho do mesmo ano, mas só se instalou como Fundação de Direito Público mantida pela União Federal em 17 de janeiro de 1965. O autor da Lei era pai do atual prefeito de Manaus, Arthur do Carmo Ribeiro Neto.
Europa cabocla
Para quem já teve a oportunidade de visitar a Europa pode observar que Manaus possui muito daquele continente, marcada em especial na sua arquitetura eclética, que mistura traços de arte barroca e do romantismo. O lugar é inspirador, talvez porque essa mistura caracteriza um lugar único em plena Amazônia.
Uma das obras características da ‘Belle Époque’ é a calçada do Largo, feita em ondas preto e branco para lembrar o encontro dos Rios Negro e Solimões, os quais banham a capital e formam o Rio Amazonas.
O calçadão foi finalizado em 1901 e posteriormente, adotado em Copacabana (RJ), em 1905. A verdade é que este tipo de arte veio de Portugal, onde decora a Praça do Rossio, em Lisboa.
O desenho existe há muitos séculos e homenageia o encontro das águas do Rio Tejo com o Oceano Atlântico e foi idealizado em Manaus juntamente com a construção do Teatro Amazonas devido à forte influência da cultura portuguesa na cidade.
Isto é Manaus, que se expande na vertical e horizontal, onde vive um povo, hospitaleiro, alegre e feliz. Manaus nasceu de costas para o rio, mas está de frente para o futuro. Parabéns cidade querida.