A tribo Manau vivia num lugar muito bonito da floresta amazônica e era era conhecida pela beleza das mulheres indígenas. Um dia um índio estranho estava pescando no lago próximo a tribo. Era Piripari que pescava pirás.
Quando o bando de cunhãs da tribo Manau o avistou, elas se aproximaram para tentar conhecê-lo melhor. Uma delas falou:
– De que terra vens, ó moço bonito? Tu és lindo feito a manhã.
Piripari não as olhou, mas uma das índias botou a mão no ombro dele. Mal a mão tocou o moço, ficou toda perfumada. As cunhãs ficaram maravilhadas. – Moço, conta para nós qual é o teu segredo. Se não contares, o levaremos preso para nossa taba. Mas, ele apenas gritou:
– Meu nome é Piripari! Ao gritar, ele pulou rapidamente no rio, e na linha de pescar levava três cunhãs.
As outras moças pediam para ele não ir embora:
– Piripari, não vás, somos amigas e te queremos bem. Elas esperaram por muito tempo que ele voltasse. Sentaram-se na praia e esperaram longamente pelo moço.
No entanto, Piripari não voltou. Apenas o seu cheiro ficara no vento, um cheiro embriagador que envolvia toda a floresta.
Lá longe, Piripari libertou as moças presas à linha de pesca. Ele disse a elas: – Não queiram pensar no meu amor. Ainda não é meu tempo de amar, não me esperem mais, cunhãs Manaus.
Apaixonadas porém, as cunhãs permaneceram inconsoláveis na espera. Depois de muito tempo, vendo a tristeza das cunhãs, apareceu na tribo um jovem feiticeiro chamado Supi.
Querendo ajudar as moças, ele disse:
– Se o cabelo de vocês tocar Piripari, ele ficará preso. Quando a lua cheia vier, vão até a praia onde ele costuma estar e cada uma leve na mão um fio de cabelo para amarrá-lo.
No dia marcado, as cunhãs foram para o rio. Ela viram Supi que estava pescando. Supi puxava a linha e tirou um peixe. Ele enterrou o peixe na areia. A lua subia bem alto. Elas viram que o peixe virava Piripiri.
As cunhãs, devagarinho, com os fios de seus cabelos amarraram Piripari. Elas vibravam de contentes. Enquanto elas o amarravam ele olhava para o céu e cantava uma linda cantiga, mas ele não se mexia. Elas então queixaram-se a Supi: – Nós o prendemos, mas ele nem se deu conta.
O feiticeiro tratou de tranquilizá-las:
– Enquanto ele está cantando a alma dele passeia pelo céu, entre as estrelas. Não toquem no corpo dele, do contrário ele desperta e a alma ficará no céu. Logo que ele despertar, podem levá-lo para casa. No entanto, Piripari demorava a acordar.
As cunhãs começaram a perder a paciência e diziam:
– Acorda, Piripari. Puraê, uma das cunhãs, chegou a tocar no ombro num gesto muito impaciente. Neste momento, Piripari se calou e a lua tornou-se escura. Soprou forte um vento frio e as cunhãs caíram em sono profundo.
Quando elas acordaram, no mesmo local onde haviam deixado o corpo de Piripari estava uma pequena planta, uma plantinha apenas, mas de um perfume encantador. Neste instante, Supi se aproximou:
– Me escutem, cunhãs Manaus. Quem quiser cheiro de encanto, use no banho esta planta que desde hoje passar a se chamar piripirioca, a planta que nasceu de piripiri.
E Puraê, a cunhã mais desobediente, de castigo, caiu nos braços de um sapo cururu gigante. As outras cunhãs, entristecidas voltaram para a taba.
Nunca mais Piripari foi visto à beira do rio ou cantando uma cantiga voz de estrela misteriosa.
Até hoje as caboclas da Amazônia usam a planta cheirosa para conquistar outros moços.
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