Amazonianarede – Ag.Fapeam
Manaus – Uma expedição composta por cientistas brasileiros e colombianos percorreu, aproximadamente, 500 quilômetros de rios e canais da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus, região central do Amazonas, para realizar a primeira estimativa de abundância de golfinhos no Rio Purus.
A viagem, ocorrida em dezembro, em um barco regional adaptado para pesquisas, reuniu representantes do Instituto Mamirauá (por meio do Projeto Aquavert), a Fundação Omacha, o Instituto Piagaçu, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e o WWF.
Durante a expedição, foram realizados 1.640 registros da espécie tucuxi (Sotalia fluviatilis) e 528 de boto-vermelho (Inia geoffrensis). “Esse valor excede de maneira significativa todas as contagens feitas anteriormente em outros rios da América do Sul, mostrando que o Purus é um ponto de grande concentração de golfinhos na Amazônia e merece grandes esforços para preservá-los”, afirmou o diretor científico da Fundação Omacha, o biólogo Fernando Trujillo.
Segundo ele, o Rio Purus parece ter se tornado um dos principais pontos de pesca ilegal de golfinhos, que são utilizados como isca para a captura da piracatinga.
Na avaliação da bióloga Verónica Iriarte, que integra o Projeto Aquavert, do Instituto Mamirauá, a presença massiva de botos e tucuxis não surpreende e se explica pela grande produtividade de peixes e pelo pequeno número de pessoas vivendo na região.
Desafio
O desafio, diz o biólogo Alexandre Diogo de Souza, da Associação Amigos do Peixe-boi, é manter essas altas densidades de golfinhos e a alta produtividade pesqueira do Rio Purus. A expedição faz parte da iniciativa para estimar a abundância de golfinhos nas bacias dos rios Amazonas e Orinoco, uma ação que começou em 2006 e já capacitou, aproximadamente, 160 pesquisadores e guarda-parques em métodos de contagem em seis países da América do Sul.