Ex-secretário da Sefaz investigado por corrupção se hospedou em hotel de luxo acompanhado de deputada, aponta investigação da PF

Ex-secretário Afonso Lobo, quando foi preso

Estadia, no luxuoso Hotel em Brasilia, segundo a investigação foi paga com dinheiro público, segundo PF. Afonso Lobo cumpre prisão domiciliar.

Manaus, AM  – O relatório da Polícia Federal que pede o indiciamento de presos na operação “Maus Caminhos” revelou outros capítulos do desvio de dinheiro público do Amazonas. Segundo as investigações, em setembro de 2015, o então secretário de Fazenda do Estado, Afonso Lobo, se hospedou por três dias em um hotel de luxo em Brasília com a deputada estadual Alessandra Campêlo. A hospedagem, segundo a PF, foi paga com dinheiro de corrupção.

Afonso foi preso durante investigação da segunda etapa da “Maus Caminhos”, denominada “Custo Político”. Ele cumpre prisão domiciliar. Além dele, também estão presos o ex-governador José Melo, a ex-primeira dama Edilene Oliveira e outros ex-secretários de Estado.

Conforme o relatório, no dia 8 de setembro de 2015, uma suíte de um hotel de luxo em Brasília estava reservada para Lobo e Campêlo. Segundo a PF, a reserva foi feita pelo empresário Mouhamad Moustafá, apontado como chefe de um esquema de corrupção que desviou mais de R$ 110 milhões dos cofres públicos.

Uma transcrição feita pela PF mostra que Lobo pediu ao empresário que fizesse uma reserva no hotel. Moustafá responde e diz que irá providenciar. Em seguida, ele encaminha por celular a foto da reserva para os dias 8, 9 e 10 de setembro. Nela, constam os nomes do então secretário e da deputada.

Deputada estadual Alessandra Campêlo é deputada federal (Foto: Divulgação/ Assessoria)

Na agenda da parlamentar, consta que ela tinha uma reunião no Senado Federal no dia 8 daquele mês. Nas outras datas, não havia compromissos agendados. Afonso Lobo não tinha agenda oficial.

Procurada pela Rede Amazônica, a defesa de Afonso Lobo disse que ainda aguarda que o Ministério Público Federal (MPF) ofereça denúncia para que possa demonstrar “a injustiça das acusações”. A defesa afirmou ainda que a “veiculação de factoides tem o único objetivo de criar uma percepção distorcida dos fatos para constranger indevidamente o cliente e manchar sua imagem e reputação”.

Os representantes de Afonso Lobo também negaram que o cliente tenha qualquer relacionamento com Alessandra Campelo e que ela tenha solicitado qualquer reserva.

A defesa de Moustafá disse que não tem nenhuma informação para passar sobre isso e que desconhece o fato.

Já a deputada estadual Alessandra Campêlo disse em nota que a tentativa de ligar a imagem dela aos desvios de recursos públicos apurados na “Maus Caminhos” é “absurda e irresponsável”. Ela afirma que tem sido “a principal opositora dos desmandos da saúde pública do Estado desde o começo do seu mandato, em 2015”, e cita o pedido de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da operação, na Assembleia Legislativa do Estado (ALE-AM).

A parlamentar pontua ainda que “nunca pediu, recebeu ou sequer aceitou qualquer benefício vindo dos crimes contra o Estado”. Por fim, disse que, “como mulher, não aceita que distorçam ou criem fatos envolvendo sua vida pessoal e colocando em dúvida sua atuação política”.

Entenda

Em 2016, a Operação Maus Caminhos desarticulou um grupo que possuía contratos firmados com o governo do estado para a gestão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Campos Sales, em Manaus; da Maternidade Enfermeira Celina Villacrez Ruiz, em Tabatinga; e do Centro de Reabilitação em Dependência Química (CRDQ) do Estado do Amazonas, em Rio Preto da Eva.

A gestão dessas unidades de saúde era feita pelo Instituto Novos Caminhos (INC), instituição qualificada como organização social.

A participação do ex-governador José Melo no esquema foi identificada por meio de conversas telefônicas interceptadas entre o irmão do ex-governador e Mouhamad Moustafá.

A partir da análise do material colhido na primeira fase da Maus Caminhos foi instaurado um inquérito e constatou-se mais irregularidades. A partir disso, chegou-se a alguns secretários do governo.

Amazonanarede-G1 AM

 

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