Porto Velho, RO – Muita gente sonha em montar uma empresa e trabalhar por conta própria. Na maioria das vezes a pessoa começa em um ponto improvisado e pequeno, com o passar dos anos o local cresce, ganha forma e clientela. Mas, de uma hora para outra perder tudo faz o comerciante pensar em novos investimentos. Este é o drama da maioria dos empresários do bairro Triângulo, região central de Porto Velho. A área foi uma das mais inundadas pela cheia histórica, em razão da proximidade com o rio Madeira. A enchente afetou o bairro de tal forma que o local virou ponto turístico. Donos de embarcações passaram a cobrar R$ 5,00, por pessoa, para um passeio pelas avenidas alagadas.
Oportunidade de renda para uns e tristeza para outros. Ao mesmo tempo que barqueiros faturavam, lojas, bares, salões de beleza, mercados e demais empreendimentos tiveram suas atividade econômicas totalmente paralisadas depois que o rio invadiu os estabelecimentos.
Derivan Soares da Silva possui uma loja de confecções há 15 anos no bairro e afirma que nunca presenciou uma cheia igual a desse ano. Ele calcula que só de mercadorias a loja teve, no mínimo, R$ 15 mil de prejuízos. “A gente nunca imaginou que a água subisse desse jeito a ponto de invadir tudo. Esse valor de R$ 15 mil é só o prejuízo com as mercadorias, fora eletrodomésticos e a estrutura do prédio que ainda não contabilizamos. Ainda tem o que deixamos de faturar nos três meses em que a loja ficou parada”, narra o comerciante.
Derivan também relata que vai esperar a água baixar para analisar os prejuízos do prédio, para ver se vale a pena voltar a trabalhar no local. “Se o movimento aqui do Triângulo voltar a ser como antes pretendo abrir novamente a loja, mas tudo vai depender dos próximos meses. Tenho que sentar e analisar, pois não vale a pena voltar com a loja e ano que vem acontecer novamente uma cheia igual a desse ano e a gente perder tudo novamente”, enfatizou.
Economia afetada pela enchente
A devastação do local é perceptível, de maneira que podem ser encontradas várias mercadorias espalhadas pela lama que tomou conta das ruas. Em alguns lugares até fardos de produtos estão misturados ao lixo.
O dono de uma vila de apartamentos, Humberto Guimarães, afirma que está há três meses sem ter nenhuma fonte de renda, depois que os dez inquilinos deixaram os quartos. “Minha casa foi completamente inundada pela cheia, aproveitei para me mudar para um dos quartos desocupados pelos inquilinos. Todos deixaram meus apartamentos, desde fevereiro não ganho um centavo”, lamentou Guimarães.
Salmo Ferreira possui três estabelecimentos no bairro e se emociona ao lembrar do investimento que fez nas empresas. “Estamos tentando reformar a primeira, mas pelo que vemos vai ser muito complicado. A água danificou muito a estrutura do prédio e estamos analisando a melhor maneira da reforma. A gente fica triste ao ver um sonho ser destruído sem a gente poder fazer nada”, destacou.
Alcirene Máximo trabalha em um açougue, e afirma que desde fevereiro está só recebendo vale dos patrões, depois que o local foi obrigado a fechar as portas. “Entendemos a situação que eles se encontram. Estamos há uma semana tentando limpar tudo para voltar o mais rápido possível ao trabalho, só que tem muita lama”, explicou.
Paulo dos Santos – Repórter do Diário da Amazônia Fotos: Jota Gomes