Em 2015, o PIM já demitiu 13,9% a mais que em 2014

O desemprego se faz presente no PIM
O desemprego se faz presente no PIM
O desemprego se faz presente no PIM

Amazonas – O atual momento econômico brasileiro tem gerado desaceleração em oportunidades no setor industrial do Amazonas. No primeiro semestre de 2015 houve registro de 15.487 demissões de trabalhadores do Polo Industrial de Manaus (PIM). No mesmo período de 2014, o volume de desligamentos foi de 13.598, o que representa um aumento de 13,9% no comparativo semestral. Os dados são do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal-AM).

A maior parte das demissões é atribuída ao cenário nacional. A redução de linhas de produção também pode ter motivado os desligamentos.

Demissões 1º semestre de 2015
Mês Nº demitidos (masculino) Nº demitidos (feminino)
janeiro 1.003 729
fevereiro 1.270 663
março 1.680 987
abril 1.556 982
maio 1.938 1.601
junho 1.757 1.321
Fonte: Sindmetal-AM

Os meses de maio e junho deste ano concentraram os maiores volumes de demissões no PIM com 3.539 e 3.078 desligamentos, respectivamente. A Samsung foi a empresa que mais demitiu funcionários no PIM. Ao todo, 1.941 trabalhadores foram dispensados pela multinacional coreana em Manaus.

Segundo o presidente do Sindmental-AM, Valdemir Santana, muitas empresas do PIM adotaram uma “manobra” para reduzir a folha de pagamento. A entidade sindical disse que pediu explicações das empresas, pois avalia que as demissões divergem dos faturamentos das fábricas.

“São demissões sem necessidade porque o faturamento das empresas não caiu. Elas demitiram colaboradores em junho para contratar trabalhadores com salários menores em agosto. Fazem uma pressão psicológica para demitir os trabalhadores e contratam outros com salários mais baixos. A redução da folha de pagamento é prejuízo para sociedade, pois circula menos recursos no estado”, afirmou Valdemir Santana.

A Samsung Eletrônica da Amazônia informou, por meio de nota, que “passou por uma reorganização no seu quadro de funcionários em Manaus para atender a variações na produção e demanda de mercado”.

Ainda segundo a empresa, esse processo ajudará a manter uma operação eficiente e assegurar o compromisso de longo prazo com o Brasil.

Migração de linhas de produção A empresa chinesa Lenovo Group anunciou a compra da CCE em setembro de 2009, numa transação de R$ 300 milhões (combinação entre dinheiro e ações da companhia para adquirir 100% da empresa). Na época, a nova proprietária da CCE disse que não realizaria cortes no quadro de colaboradores no Polo Industrial de Manaus. Porém, desde o final de 2014 havia no mercado rumores de que a maior fabricante de computadores do Brasil e do mundo estava reduzindo a produção de computadores na unidade da capital amazonense. Uma medida também apontada pelo volume de demissões, que chegou a 1.118 somente de janeiro a junho de 2015.

Em março de 2015, a Lenovo confirmou que remanejou linhas de produção de bens de informática do PIM para a fábrica de Itu (São Paulo), “com o intuito de promover o crescimento sustentável e manter o equilíbrio no momento econômico vivido no Brasil”. A medida integra uma série de iniciativas envolvendo as instalações fabris da Lenovo na Zona Franca de Manaus.

Demissões 1º semestre de 2014
Mês Nº demitidos(masc.) Nº demitidos(fem)
janeiro 1.254 784
fevereiro 1.378 726
março 1.295 740
abril 1.546 819
maio 2.247 1.784
junho 623 438
Fonte: Sindmetal-AM

No Amazonas, a Lenovo/CCE tem duas fábricas: Digibras e Digiboard. No caso da Digibras, as linhas de produção de tablets foram transferidas para São Paulo. Enquanto a Digiboard manteve apenas a produção de placas e componentes de bens de informática na capital amazonense, de acordo com fontes ouvidas pelo G1.

O presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM), Wilson Périco, confirmou que a Lenovo/CCE reduziu as linhas de produção. “Eu estou sabendo disso e é uma decisão da empresa baseada em análise interna, que pode ter levado em consideração além do segmento que ela atua e o momento econômico que o país está passando. O momento econômico do país é difícil, mas não nos cabe questionar e opinar”, comentou Périco.

Já o presidente do Sindmetal-AM classificou a medida da Lenovo como “ação da guerra fiscal”. O sindicalista acusa a empresa de receber incentivos fiscais e não cumprir acordo de manutenção de postos de trabalho em Manaus.

“Eles optaram em fazer informática em São Paulo por mais que tenham prometido para o governo do estado de gerar 4 mil empregos em Manaus. Simplesmente enganaram o governo do estado e não deram nenhuma satisfação. Cabe as autoridades do estado cobrar da empresa”, enfatizou Santana.

Em nota, a Lenovo/CCE disse que para manter um crescimento sustentável e ajustar-se ao momento econômico vivido no Brasil, a empresa está promovendo o balanceamento de sua força de trabalho na Zona Franca de Manaus (AM) considerando a sua atual demanda de produção.

“A companhia informa que todos os trabalhadores desligados serão orientados com apoio dos Sindicatos. A Lenovo esclarece ainda que essa medida não afeta clientes e fornecedores e coloca-se à disposição em caso de dúvidas”, divulgou a Lenovo.

Em 2014 foram homologadas cerca de 28 mil demissões de funcionários de empresas do Polo Industrial de Manaus.

Amazonianarede-Adneison Severiano/ G1 AM

 

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