Descoberto por cientistas purificador de água nos rios Negro e Solimões

Amazonianarede – Fapeam – Inpa 

Manaus – O desafio de levar água potável e de qualidade às famílias ribeirinhas do Amazonas agora conta com uma nova perspectiva. O projeto ‘Formulação de um produto à base de sementes de Moringa Oleifera Lam, para ser usado no tratamento de água consumida por moradores ribeirinhos da região amazônica’, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), pretende chegar ao desenvolvimento de um produto feito com sementes de moringa, que sirva como potabilizador da água coletada pelos ribeirinhos nos rios Negro e Solimões.
A moringa é uma planta originária da Índia e chegou ao Brasil nos anos 1950. Até 1996, seu poder coagulante era pouco conhecido, quando tiveram início estudos de pesquisadores nordestinos sobre as possibilidades de aproveitamento da planta para tratamento de água.

As certezas da eficácia das sementes da moringa foram comprovadas após a conclusão do projeto de pesquisa ‘Sistema simplificado de tratamento de água para remoção de cor a ser utilizada nas pequenas comunidades rurais na Amazônia utilizando plantas como coagulante natural’, realizado pelo Inpa, com financiamento da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), nos últimos quatro anos.

Nesse período, o objetivo era comprovar a eficácia da moringa e apresentar uma contribuição para o melhoramento da qualidade das águas superficiais nas regiões hidrográficas do Alto Rio Negro, no Amazonas. O primeiro passo, ainda em 2008, foi coletar as sementes de moringa. A parte experimental da pesquisa foi realizada no laboratório de Química Analítica Ambiental do Inpa, com participação do técnico de laboratório, mestre em Ciências (Energia Nuclear na Agricultura), pela Universidade de São Paulo (2006), Marcos Alexandre Bolson.

No laboratório, foram feitos ensaios de coagulação e floculação na qual a partir dos resultados foi possível determinar os parâmetros para avaliar os níveis de clarificação da água do Rio Negro, utilizando como coagulante natural sementes de moringa.

A mestre em Biotecnologia de Produtos Naturais, pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), pesquisadora Edilene Sargentini, informou que as amostras de águas foram coletadas em Manaus e no município de São Gabriel da Cachoeira, em sítios próximos às margens do Rio Negro, com a finalidade de aproximar ao máximo do cotidiano dos moradores de comunidades ribeirinhas o processo de coleta e purificação da água. “O uso da moringa para clarificação de água coletada do Rio Negro é um estudo pioneiro que vem apresentando bons resultados e pode ser usado como ferramenta para que o morador trate a água em escala doméstica, contribuindo para a redução do número de doenças adquiridas pelo contato com a água contaminada e, consequentemente, gere melhorias na qualidade de vida”, disse.

Benefícios da moringa

O estudo é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e é coordenado pelo pesquisador doutor em Química Analítica pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Ézio Sargentini Júnior. Segundo Ézio Sargentini Júnior, ao final do estudo, os pesquisadores concluíram que, além das sementes apresentarem um potencial coagulante natural, ainda há a vantagem da planta ser um componente atóxico, biodegradável e com poder clarificante independente do potencial hidrogeniônico (pH) da água a ser tratada.

Segundo ele, o plantio de Moringa oleifera Lam também pode ser um instrumento importante para o desenvolvimento dos moradores rurais uma vez que todas as partes da planta podem ser utilizadas para diversos fins, oferecendo vantagens como: valor nutricional e medicinal.

A plantação dessa espécie pode ser usada ainda para recuperação de áreas degradadas, além de poder ser associada à prática da apicultura uma vez que suas flores são muito procuradas por abelhas melíferas.

De acordo com o coordenador, uma grande dificuldade encontrada pelos moradores de áreas ribeirinhas da Amazônia é em relação ao consumo da água, que na maioria das vezes, é coletada diretamente do rio tanto para ser consumida, quanto para ser empregada nos afazeres domésticos. “Essa água coletada sem tratamento não é própria para o consumo e acaba desencadeando uma série de problemas, principalmente, para as crianças”, afirmou.

Sargentini também afirmou que outro problema encontrado é em relação à coloração da água. Segundo ele, geralmente a água é altamente turva e contém material sólido em suspensão, bactérias e outros microrganismos não indicados para ingestão. “A moringa oleifera lam é considerada um coagulante natural alternativo aos sais de alumínio, além de ser eficiente na clarificação e potabilização da água”, garantiu o pesquisador.

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