Cerca de 600 famílias foram afetadas pela tragédia. Causa do incêndio ainda é desconhecida.
Manaus, AM – A Defesa Civil do Estado do Amazonas considerou o incêndio que ocorreu nesta segunda-feira (17) no bairro Educandos, na Zona Sul de Manaus, o segundo maior do Estado. O pronunciamento ocorreu na manhã desta terça-feira (18), na sede do Corpo de Bombeiros, no bairro Petrópolis. Cerca de 600 casas foram destruídas pelas chamas.
De acordo com o órgão, ainda não há informações sobre a causa do incêndio e uma perícia será realizada para apurar o caso.
As famílias desabrigadas estão alojadas em casas de familiares ou abrigos improvisados pela Prefeitura de Manaus. No início desta madrugada, o prefeito da capital, Arthur Virgílio Neto, anunciou que assinará decreto de calamidade pública. Segundo o secretário executivo da Defesa Civil, Fernando Pires Junior, o incêndio desta segunda-feira (17) fica atrás apenas do ocorrido em 2012 no bairro São Jorge.
Um plano de auxílio para as famílias afetadas já está em execução. Entre os auxílios está um cheque social no valor de R$ 900 para cada família, além de 500 cestas básicas e mil galões de água potável que serão encaminhadas aos afetados.
“Vamos distribuir também mais de 500 kits de higiene pessoal, e kits com colchões, travesseiros e cobertores às famílias cadastradas que estão nos abrigos improvisados”, disse.
O secretário informou ainda que os kits já estão em deslocamento para abastecer os abrigos, que estão disponíveis pela Prefeitura de Manaus. O governo do Estado também colocou à disposição das famílias a Vila Olímpica e escolas do sistema público de educação estadual, que já estão equipadas para receber os afetados.
Governo Federal acionado
Junior contou que o Governo Federal já foi acionado, e que o Ministério da Integração Nacional já está a par das informações coletadas pelo governo estadual. O presidente Michel Temer informou via Twitter que entrou em contato com o prefeito de Manaus para oferecer auxílio às famílias afetadas.
Durante o incêndio, o Corpo de Bombeiros enfrentou desafios para combater as chamas. Segundo o subcomandante da corporação, Josemar Santos, o reabastecimento das viaturas foi uma das principais dificuldades.
“Chegamos ao local dentro de cinco minutos do acionamento. Operamos em capacidade máxima, com 11 viaturas, três ambulâncias de suporte e conseguimos impedir a propagação do fogo a outras residências. O principal problema é que muitos carros estavam estacionados nas ruas, e as viaturas – que são de grande porte – tiveram dificuldade de trafegar pelo local ”, contou.
Segurança
Outro desafio, segundo o titular da Delegacia Geral da Polícia Civil, Frederico Mendes, foi a segurança no local. A região foi isolada, mas a polícia registrou tentativas de furtos dos objetos que as vítimas do incêndio tentavam salvar.
“Estivemos presentes com a tropa de choque para ajudar os Bombeiros para retirar os utensílios e móveis das ruas. Ainda naquela situação, existiam pessoas que queriam roubar, então isolamos a área para assegurar aquilo que as pessoas conseguiram salvar”, afirmou.
Mendes disse ainda que a polícia deve auxiliar nas investigações para apurar o que teria causado o incêndio.
“Estamos aguarando o cumprimento de medida dos Bombeiros, ou seja, o rescaldo. A Polícia Civil já foi acionada através da Perícia Técnica, por meio do nosso DIP da área. Iremos investigar e identificar as possíveis causas sobre o incêndio”, informou.
Feridos
Quatro feridos foram confirmados pela Secretaria de Saúde do Amazonas (Susam). Segundo a pasta, uma senhora de 53 anos é a que tem estado mais delicado. Ela foi levada ao SPA da Zona Sul com sintomas de intoxicação por inalação de fumaça.
O quadro evoluiu para um Edema Agudo de Pulmão e ela sofreu uma parada cardiorrespiratória. A vítima foi atendida na emergência e aguardava estabilização do quadro clínico para ser transferida ao Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto.
Uma adolescente de 14 anos, grávida, que deu entrada no SPA da Zona Sul com queixa de inalação de fumaça, foi outra ferida listada pela Susam. Ela foi transferida para o Instituto da Mulher Dona Lindu, onde passou por exames. Ela recebeu alta após exames apontarem estabilidade na saúde dela e do bebê.
A terceira vítima listada pela Secretaria de Saúde é um homem, de 38 anos, sargento do Corpo de Bombeiros e único transferido para o Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto. Ele deu entrada na unidade com sintomas de intoxicação por inalação de fumaça e tem quadro clínico estável.
O quarto ferido foi um homem de 45 anos. Ele ajudava a socorrer as vítimas quando foi atingido por um pedaço de um muro que desabou. Ele deu entrada, também no 28 de Agosto, com um ferimento na cabeça, passou por exames de imagem, recebeu curativos e teve alta.
O incêndio
O fogo começou em uma área com dezenas de casas de madeira, entre as ruas Inácio Guimarães e Nova, por volta das 20h, e se propagou para residências de alvenaria. A quantidade de veículos estacionados nas vias, o vento constante e a interrupção na distribuição de energia elétrica agravaram a situação.
Famílias atingidas pelo incêndio permaneceram no local durante toda a noite. Segundo moradores, a estrutura de uma casa de alvenaria por trás da Rua Inácio Guimarães – destruída durante o incêndio – apresentou uma explosão às 6h30 desta terça. As chamas tomaram conta da residência, mas o Corpo de Bombeiros combateu o fogo imediatamente.
Doações
O grupo de apoio “Moradores de Rua” organizou uma ação solidária para recolher doações para as pessoas afetadas pelo incêndio.
Itens de primeira necessidade, como água, alimentos e materiais de higiene são prioridade para arrecadação. Roupas, colchões, lençóis também podem ser doados, além de outros.
A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) também disponibilizou pontos de coleta de donativos.
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