
(Amazonianarede – Fotos reprodução TV Amazonas)
Plenário do Tribunal do Júri, Luiz Augusto Santa Cruz Machado lotado, onde com magistrados, promotores e testemunhas, acusações, defesas, réplicas e tréplicas, renúncia dos advogados de defesa e nomeação de um defensor público, marcaram os trabalhos que duraram aproximadamente 20 horas para o julgamento do crime conhecido como Caso Belota, presidido pela juíza Mirza Telma de Oliveira.
Emoção e tristeza foram a tônica do julgamento que terminou com uma pena de 284 anos para os três réus, mas a defesa está prometendo recorrer para tentar diminuir a pena, apresentando para isso vários atenuantes.
O júri foi iniciado ontem pela manhã e só terminou alta madrugada com a leitura da sentença dos acusados pelos três assassinatos. Jymmy Robert, o principal acusado da chacina, que culminou com o assassinato do seu próprio pai, foi condenado a 100 anos e os comparsas Rodrigues Alves e Ruam Pablo, foram, condenados respectivamente a 94 e 90 anos de prisão.Todos deverão cumprir penas em regime fechado.
Jimmy Robert responderá a 30 anos de reclusão pelo homicídio de Gabriela Belota. Ele teve a pena reduzida em um ano por ter assumido o crime, mas tem como agravantes asfixia e dissimulação. Ele foi punido também com 30 anos pelo homicídio da tia, Maria Gracilene Belota. Pelo homicídio do pai, ele recebeu pena de 36 anos em reclusão.
Pelo homicídio de Gabriela Belota, Rodrigo recebeu pena definitiva de 29 anos de reclusão. Pelo estupro da estudante de odontologia, ele foi condenado a dez anos. O condenado responde a três anos de reclusão e multa pelo crime de furto qualificado. Em relação ao crime de maus-tratos do cachorro de Gabriela, seguido de morte, Rodrigo foi condenado a oito meses de reclusão e multa.
Rodrigo foi condenado a 29 anos de reclusão pelo homicídio de Maria Gracilene Roberto Belota. A pena pelo homicídio de Roberval foi de 24 anos.
Ruan Pablo foi condenado a 29 anos de reclusão pelo homicídio de Gabriela. Ela recebeu pena de três anos de reclusão e multa pelo crime de furto qualificado. Pelo homicídio de Maria Gracilene, Ruan Pablo foi condenado a 29 anos de reclusão. A pena para o homicídio de Roberval foi de 29 anos.
Palavra dos Réus
Rodrigo de Moraes Alves foi o primeiro réu a depor. Ele afirmou categoricamente que Jimmy Robert “tinha interesse em matar o pai, Roberval Brito para receber a herança”.
O réu também falou sobre a recompensa que receberia pelos assassinatos. “Ele [Jimmy] me falou que a vida que eu levava ia ser bem melhor depois de cometer isso, porque eu ia receber uma grande quantia em dinheiro. Foi pela promessa de recompensa que ele fez para mim. Não fui obrigado”, justificou os motivos do crime.
Ruan Pablo disse estar arrependido dos crimes. “Eu preferia nem conhecer o Jimmy”, afirmou. Ele ainda confessou ter assassinado Maria Gracilene, Gabriela Belota e Roberval Roberto de Brito, mas negou ter matado o cachorro de Gabriela, Rick. Sob recomendação do defensor público Antônio Ederval, o réu pediu desculpas aos familiares das vítimas.
O réu falou que não foi obrigado por Jimmy a cometer os crimes. “[Ele] só ofereceu dinheiro. Disse que era uma herança que ia mudar a nossa vida”, disse Ruan.
Ruan afirmou que Rodrigo matou Gabriela, mas negou que ele tenha ouvido barulho que indicasse que Gabriela estava sendo estuprada. “O Rodrigo colocou o travesseiro na cabeça dela [Gabriela] e desferiu os golpes”, disse. Segundo a Polícia Civil, laudos apontam que ela foi violentada.
Jimmy Robert se recusou a dar declarações no início de seu interrogatório. “Quero permanecer em silêncio”, disse à juíza Mirza Thelma. Após a leitura dos depoimentos feita pela juíza, ele decidiu responder algumas perguntas. No julgamento, ele voltou a acusar Olga Marinho Matos, esposa de seu avô, de ser mandante do crime.
Jimmy negou ter interesse em um apartamento, localizado na Ponta Negra, na Zona Oeste de Manaus. O imóvel pertence ao avô dele. “Eu seria a pessoa menos interessada no apartamento, até porque eu não era herdeiro do meu avô”, disse. “Eu não era o único herdeiro, tenho a minha irmã e ela ganharia algo também”, afirmou sobre a herança do pai.
Ele chegou a mencionar que a relação com o pai, Roberval, era conflituosa. “Eu tinha livre acesso no condomínio [em que Gracilene e Gabriela moravam], só não na casa do meu pai devido ao meu relacionamento com ele. A rotina das pessoas fazia parte do meu cotidiano há um tempo. Eu não precisava estudar a rotina de ninguém. Eu cheguei a residir no apartamento da minha tia”, disse.
Acusação
Após o interrogatório dos réus, o promotor Fábio Monteiro, representante do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE-AM), apresentou os argumentos da acusação. “Não me lembro de ter acusado pessoas tão frias. Todos os casos que vejo são casos, porque estão julgando aqui crimes dolosos contra a vida, mas, com certeza, os senhores e senhoras nunca tiveram oportunidade de se deparar com uma situação como essa”, frisou.
Para o promotor, os réus não demonstraram arrependimento durante o interrogatório. “Ouvi o Rodrigo falar aqui muito mais preocupado em declarar que não é homossexual, que não tinha um relacionamento com Jimmy, do que tentar justificar o que fez. Não que o que fizeram tenha justificativa, mas é típico da consciência humana que qualquer um de nós, quando praticamos uma conduta errada, que venha logo uma tentativa de explicação e haja um arrependimento”, disse.
Advogados
O defensor público Mário Jorge dos Reis Vítor fez a defesa de Jimmy. Ele se ajoelhou para pedir perdão aos familiares das vítimas. O advogado alegou que o réu cresceu sendo destratado pelo pai. “Não estou aqui para defender o crime que Jimmy cometeu, mas sim para defender a dignidade desse ser humano”, disse. O defensor se ajoelhou para pedir perdão às famílias pelos crimes.
Reis pediu a redução da pena de Jimmy por ele ter confessado o crime. Ele disse ainda que o réu não deveria responder por furto.
Direcionando-se à família das vítimas presente na plenária, o advogado de defesa de Rodrigo Mozarth Ribeiro Bessa Neto lamentou participar da defesa do réu. “Vocês podem não acreditar porque estou fazendo a defesa de alguém que os machucou bastante, mas eu lamento o que aconteceu. Minha irmã também é odontóloga, eu tenho um cachorro. Entendo a dor.”, iniciou.
O advogado explicou que Rodrigo confessou ter executado as três vítimas, mas que nega ter estuprado Gabriela e também assassinado o cão da família. “Ele é o autor do corte na primeira vítima, o autor do corte na segunda vítima, e ele é o autor do corte na terceira vítima. Ele assume o furto do computador. Dos outros dois crimes – a morte do cachorro e o estupro contra Gabriela -, vou falar depois”, contou Mozarth.
O advogado chegou a mostrar imagens do crime durante apresentação de slides. O G1 não exibiu as provas porque elas estavam posicionadas no ângulo de visão dos jurados. Por respeito às regras do Tribunal do Júri do Poder Judiciário Brasileiro e normatizações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o portal de notícias não mostra os integrantes do júri popular para manter o sigilo destes.
Para Antônio Ederval, defensor de Ruan Pablo, houve falha no isolamento do apartamento, o que pode “ter prejudicado trabalho de perícia da Polícia Civil”. Ele questionou ainda a testemunha que trabalhava no apartamento de Gracilene e Gabriela. Ela foi a terceira ouvida no julgamento, e relatou como encontrou os corpos.
Ederval chegou a se referir a Olga Matos, esposa do avô de Jimmy, como “piriguete” e “alpinista social”. Jimmy Robert afirma que ela teria sido a mandante dos crimes.
Sete jurados decidiram o destino do trio indiciado pelo triplo homicídio. Os réus Jimmy Robert de Queiroz Brito, Rodrigo Alves e Ruan Pablo Magalhães responderam pelo triplo homicídio qualificado de Maria Gracilene Belota, Gabriela Belota e Roberval Roberto de Brito. As vítimas são, respectivamente, tia, prima e pai de Jimmy Robert. Os crimes ocorreram em janeiro deste ano.
Julgamento
A juíza começou a ler as sentenças às 05h46 (7h46 no horário de Brasília). Conforme a decisão, Jimmy tem “personalidade fria, rancorosa e calculista”. A juíza gravidade e repercussão social do fato.
O julgamento teve início às 10h46, com duas horas de atraso. No banco dos réus, Jimmy Robert, Rodrigo Moraes Alves e Ruan Pablo Bruno Cláudio Magalhães foram acusados pelo assassinatos de Maria Gracilene Roberto Belota, de 55 anos, Gabriela Belota, de 26 anos e Roberval Roberto de Brito, de 63 anos.
O júri popular começou com os depoimentos das testemunhas de defesa e acusação dos três réus do triplo homicídio ocorrido em janeiro deste ano. Durante o interrogatório, Rodrigo Alves disse que Jimmy tinha intenção de matar o pai, Roberval Roberto de Brito, de 63 anos, e o réu Ruan Pablo relatou detalhes dos homicídios. Já Jimmy Robert, se negou a falar no início, mas depois respondeu algumas perguntas. Ele também voltou a apontar Olga Matos, esposa do avô dele, de ser mentora dos crimes.