Como  repercutiu o pronunciamento de Temer no meio político

Presidente afirmou que denúncia oferecida pelo Ministério Público é uma 'infâmia de natureza política' e cobrou 'provas robustas'; Temer foi denunciado por corrupção passiva.

Brasilia – O presidente Michel Temer fez um pronunciamento nesta terça-feira (27) no qual comentou a denúncia contra ele apresentada pela Procuradoria Geral da República e se disse “vítima de infâmia de natureza política”. Saiba abaixo o que políticos disseram sobre as declarações do presidente.

No pronunciamento, Temer cobrou “provas concretas” contra ele e disse que foi criada uma nova categoria do Código Penal: a “denúncia por ilação”.

Temer foi denunciado nesta segunda (26) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pelo crime de corrupção passiva.

Além da condenação, Janot pede a perda do mandato de Temer, “principalmente por ter agido com violação de seus deveres para com o Estado e a sociedade”.

Esta é a primeira vez que um presidente da República é denunciado ao STF no exercício do mandato.

Repercussão

Saiba abaixo o que os políticos disseram sobre o pronunciamento do presidente:

Alessandro Molon (Rede-RJ), deputado federal: “Foi um pronunciamento desastroso. Temer usou e abusou de cinismos e ironia. Na ausência de qualquer argumento minimamente razoável para fundamentar a sua defesa, o presidente recorreu à tática baixa e rasteira de tentar desqualificar quem teve a coragem de denunciar os crimes dele. Foi um pronunciamento que revelou não uma defesa fraca, mas a inexistência da própria defesa, porque ele simplesmente abriu mão de tentar se defender. Um desastre para o país”.

Beto Mansur (PRB-SP), deputado federal: “O presidente foi bem. Ele se defendeu das acusações. Estamos vivendo em um país com as instituições funcionando. A função da procuradoria é fazer a denúncia e a função do acusado, se defender. Por isso existe a Justiça. E a gente, dentro do parlamento, tem regra a cumprir. A denúncia vai seguir o rito e a CCJ vai analisar com profundidade. Logicamente, vai analisar a denúncia e a defesa e, então, vai formar juízo de valor. E, então, o plenário. É preciso uma decisão rápida para parar de sangar o país. Ele fez uma defesa enfática e o ônus da prova é de quem acusa. Ele foi bem na fala dele e está correto ao tentar se defender”.

Carlos Marun (PMDB-MS), deputado federal: “Foi uma reação indignada de um homem de bem, injustamente ofendido. A denúncia é um conjunto de suposições, essa é a verdade. Suposições agressivas, que agridem até a natural cautela que deve estar presente no momento de acusação a um presidente da República. O que eu vi foi um pronunciamento de um homem indignado. Não se pode fazer avaliação política de uma manifestação de indignação. Ele tem o direito de fazer o que fez, demonstrar indignação.”

Cristovam Buarque (PPS-DF), senador: “Creio que não está a altura de um presidente que está sob ameaça de ser réu. Não convenceu, não respondeu. Disse que recebe [Joesley]. Não convenceu, não respondeu. Disse que recebeu o maior produtor de proteína, mas não disse porque recebeu escondido. Não respondeu o que era preciso. Ele não disse porque o deputado tão ligado a ele como Loures foi pegado carregando maleta de dinheiro na mesma quantidade que o grupo de Joesley disse que tinha dado a Loures, ele não respondeu isso.”

Darcísio Perondi (PMDB-RS), deputado federal: “O presidente fez um depoimento seguro, firme e emocionado. Ele não aceita essa denúncia sem fundamento. Ele é jurista, tem 40 anos de advocacia, e não tem consistência [a denúncia]. […] O senhor Janot, junto com esse bandido empresário, não vão fazer o Brasil parar. O Brasil vai continuar melhorando, é uma luta dura. O presidente está determinado, seguro e firme. Tem tenacidade, esperança, inteligência emocional e honra”.

Júlio Delgado (PSB-MG), deputado fedral: “Foi um ato desesperado. Ele tentou desqualificar o Janot. […] Ele não respondeu nada, não apresentou nada da defesa e não quis se defender. Ele está denunciado e agora vai pra cima do Janot como se o Janot tivesse muito preocupado com isso. É um caminho muito perigoso”.

Paulo Bauer (PSDB-SC), senador: “O presidente da República fez um pronunciamento muito claro, posição firme, objetiva, valorizando sua história, reafirmando sua integridade, idoneidade. Além disso, o presidente também colocou com muita clareza que vai fazer processo de defesa no Judiciário, mas também politicamente.”

Wadih Damous (PT-RJ), deputado federal: “Ele pouco se defendeu, pouco esclareceu as denúncias e tentou desqualificar o acusador. Quando ele tocou nos temas da acusação, se comprometeu ainda mais. […] O discurso mostra o apego dele ao cargo, pouco apreço pelo país e ele sabe que nunca teve legitimidade e, se teve alguma, a perdeu completamente. Ele não tem mais condições de permancer à frente da presidência e, em vez de esclarecer os fatos, não rebateu as acusações e quis acusar o acusador. Então, isso é muito ruim para o país, é um fato inédito na história do Brasil.”

Amazonianaarede-Sistema Globo

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