Partida será realizada neste domingo, 17/02, no Maracanã. Desembargadora alegou omissão do contrato na falta de acordo entre as partes por setor sul e “risco iminente de conflitos”
A Justiça determinou que a partida entre Vasco x Fluminense deste domingo, pela final da Taça Guanabara, seja disputada com portões fechados, sem a presença de torcida. O jogo está marcado para o Maracanã, às 17h.
A medida é decorrente da disputa entre os dois clubes pelo direito de alocar seus torcedores no setor sul do estádio.
A decisão foi proferida pela desembargadora de plantão, Lucia Helena do Passo. A magistrada determinou também a devolução dos valores pagos pelos torcedores que já adquiriam ingressos.
O Cruz-Maltino, estabelecido como mandante através de sorteio, havia mantido as vendas para o setor sul à torcida do Vasco apesar da decisão judicial favorável ao Flu.
O presidente Tricolor, contrariado, convocou em coletiva os torcedores do Flu para “guerra”, no sentido de comparecer ao estádio mesmo no setor norte.
O Vasco entrou com um agravo de instrumento durante o plantão judiciário tentando derrubar a liminar que reconhecia ao Fluminense o direito de sua torcida usar o setor sul do Maracanã, baseada em contrato do clube com o Complexo Maracanã assinado em 2013.
A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) convocou uma reunião de emergência para a as 9h da manhã deste domingo para tratar do tema.
Resposta ao Flu
Em resposta, o Tricolor alegou que, desde a assinatura do contrato, “foi garantido aos torcedores tricolores o direito sobre o setor sul do estádio (…) nas partidas da qual o Fluminense participava, na qualidade de mandante ou não” e requereu a realização do jogo com portões fechados.
Diante do imbróglio, o Maracanã reiterou sua posição deste sábado. A concessionária que administra o estádio diz “que de maneira nenhuma descumpriu o contrato com o Fluminense Football Club.
O documento firmado entre as partes dispõe de forma clara, no anexo 5, que a torcida do clube poderá sim ser alocada em outros setores do Maracanã, nos casos especificamente em que o Fluminense for visitante”, como é o caso da final da Taça Guanabara.
A desembargadora entendeu que o contrato estabelece a necessidade de haver acordo com o Fluminense sobre a utilização do setor sul pela torcida vascaína, e concluiu que “o contrato é omisso quanto à hipótese que se apresenta”.
Citou também “manifestações publicadas em redes sociais que apontam risco iminente de confronto e violência entre as torcidas do Vasco da Gama e do Fluminense” e a postura dos dirigentes que, segundo ela, “acirram o conflito posto e, agressivamente, incitam a violência entre os torcedores” para, por medida de segurança, determinar o jogo com portões fechados.
Trecho do contrato entre Fluminense e Complexo Maracanã presente na decisão da desembargadora: “Nas Partidas Oficiais, contra quaisquer outros dos Principais Clubes do Rio de Janeiro, a torcida do FLUMINENSE acessará e se posicionará no setor Sul do Estádio (lado UERJ), em sua integralidade, através das entradas, acessos e rampas correspondentes e disponíveis para esse setor, salvo haja ordem expressa em sentido contrário por parte de: (i)
Órgãos Públicos especificamente por questões de segurança; (ii) salvo acordo expresso entre o FLUMINENSE e a equipe visitante; e (iii) nos casos em que o FLUMINENSE for visitante, a CONCESSIONÁRIA poderá, para fins comerciais, mediar acordo entre o FLUMINENSE e o clube mandante, resguardados os direitos do FLUMINENSE previstos neste contrato”
No sábado, os presidentes de Fluminense e Vasco, Pedro Abad e Alexandre Campello, respectivamente, foram convidados pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), para uma reunião com o presidente da entidade, Rubens Lopes, e o presidente do Complexo Maracanã, Mauro Dorzé. A reunião terminou sem consenso entre as partes.
Nota do Fluminense
O Fluminense FC comunica que, diante do descumprimento do contrato e decisões judiciais por parte do Maracanã e Vasco da Gama, como medida extrema e buscando a segurança de todos os torcedores e a preservação do seu direito, requereu, entre outros pedidos, que a final se desse com portões fechados.
A desembargadora acolheu o pedido do Fluminense, negando a tentativa do Vasco de se esquivar da decisão judicial que impedia o acesso de sua torcida ao setor Sul do Maracanã.
Enquanto o Clube aguardava a decisão da desembargadora de plantão – proferida apenas nesta madrugada, postergamos tanto quanto possível a venda de ingressos nas Laranjeiras. Por esse motivo, mantida essa decisão, não abriremos a venda de ingressos neste domingo nas Laranjeiras. Lamentamos muito que a festa das torcidas não aconteça na partida de logo mais, mas estamos certos que a torcida tricolor apoia e está ao lado do Fluminense nesse imbróglio.
Entenda a disputa entre Flu e Vasco pelo setor sul do Maracanã
Fluminense e Vasco divergem quanto o direito de sua torcida utilizar o setor sul do Maracanã em clássicos entre os clubes. O Tricolor argumenta direito por contrato, enquanto o Cruz-Maltino alega direito histórico.
A divergência remonta a 1950.
Na época, ficou decidido que o campeão carioca teria o direito de escolher onde posicionar a torcida e o Vasco optou pelo lado direito às cabines de imprensa. Em 2013, porém, o Fluminense assinou um contrato com o consórcio que administra o estádio que definiu que o Tricolor utilizaria o setor sul do estádio, à direita das cabines, e o Flamengo, o setor norte.
Desde a reabertura do Maracanã, foram disputados nove clássicos entre Flu e Vasco no estádio. Em todos eles, apesar dos imbróglios, independentemente do mandante, a torcida tricolor ocupou o Setor Sul.
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