Com emoção,  aplausos e homenagens  orpo do jornalista  Boechat é velado em São Paulo

Com emoção,  aplausos e homenagens  orpo do jornalista  Boechat é velado em São Paulo

Despedida acontece no Museu da Imagem e do Som de São Paulo

São Paulo – O corpo do jornalista Ricardo Boechat deve ser cremado nesta terça-feira, em cerimônia reservada para parentes e amigos próximos, segundo informações do Grupo Bandeirantes de Comunicação.

O velório aberto ao público começou na noite desta segunda, por volta das 23h30, e vai até as 14h desta terça-feira, no Museu da Imagem e do Som (MIS), no bairro Jardim Europa, na capital paulista.

A esposa de Boechat, Veruska Seibel Boechat, acompanhada da família, chegou por volta das 22h25 ao local. Cerca de uma hora depois, o caixão com o corpo do jornalista foi levado por um carro do Serviço Funerário Municipal.

Mesmo com o avançar das horas, uma fila de fãs e admiradores foi tomando forma do lado de fora do Museu da Imagem e do Som (MIS).

“Ateu que mais  praticava o amor”

Às 6h10 da manhã desta terça-feira, Veruska, mulher de Ricardo Boechat, chegou ao velório: “Meu marido que dizia que era ateu, era o que mais seguia o mandamento mais importante: o de amar ao próximo. Era um coração, uma pessoa sem luxo. Tudo o que conquistou era pensando em mim e nos filhos.”

Emocionada, ela ainda não sabia como seriam feitas as homenagens com a cinzas do marido. “Não sei, tomaram meu celular”, explicou à reportagem da BandNews. Ela disse que Boechat sempre falava que queria ser cremado.

Por volta da meia-noite, o velório foi aberto ao público. “Não perdia um programa”, comentou a diarista Marly Sudário, de 51 anos, fã que todos os dias o acompanhava na TV e no rádio. Para ela, é o humor de Boechat que vai guardar na memória. “Gostava da risada.”

Consternação

Entre os presentes, o clima era de consternação. Curiosos também faziam selfies e lives na entrada do MIS. Há dezenas de coroas de flores em homenagem ao comunicador, inclusive enviadas por taxistas, público fiel de Boechat. Os carros que passam pelo local do velório buzinam em cumprimento aos amigos, familiares e admiradores.

SÃO PAULO, SP, 11.02.2019: CIDADE-VELÓRIO. Veruska Seibel, viúva de Boechat, durante velório corpo do jornalista Ricardo Boechat, morto em um acidente de helicóptero. O velório ocorre na região central da capital, nesta segunda-feira (11). (Foto: Ananda Migliano/Ofotográfico/Folhapress)

O produtor de eventos e motorista de aplicativo Arnaldo de Freitas, de 34 anos, fez questão de cumprimentar a mulher de Boechat, Veruska Seibel Boechat, que ele só conhecia de ouvir o jornalista falar ao microfone. “Todo dia, às 7h30, o escutava no rádio. E sentia como se fosse da família”, disse. “Ele sentia como a população. E eu gostava de como trazia para a conversa a família dele.”

Com quase 50 anos de carreira jornalística e uma coleção de prêmios no currículo, Boechat era atualmente apresentador do Jornal da Band e âncora da BandNews FM. “Era um grande jornalista e um amigo de infância. Era divertido, um humorista”, comentou o jornalista Augusto Nunes. Os dois foram contemporâneos no jornal O Estado de S. Paulo e conviveram diretamente. “Sempre foi muito generoso, ajudou tanta gente”, disse.Presidente do Grupo Bandeirantes  de Comunicação, João Carlos Saad também compareceu ao velório. “Tinha uma graça e um jeito de fazer jornalismo que não vai ter outro”, disse sobre Boechat

Ao ser perguntado sobre as lições que o jornalista deixou, acrescentou: “Ensinou a ser duro sem perder a ironia e o humor. Quando apurar, vamos encontrar um fio condutor dessa tragédia (e as outras recentes)”.

O diretor de jornalismo da Band, Fernando Mitre disse que soube da morte durante a reunião de pauta da emissora. Àquela altura, já se sabia sobre a queda do helicóptero no Rodoanel, mas a identidade das vítimas era desconhecida. Ele demorou a acreditar “Conversava com ele todos os dias durante 12 anos. Era uma pessoa espetacular”, afirmou. “Perdemos o Boechat. Ontem estava conosco. Hoje não está mais.”

Palco do auditório

Envolto em coroas de flores, o caixão foi posto em cima do palco de um auditório do MIS. Ao passar, fãs tocavam a madeira, faziam sinal de despedida com as mãos e alguns até tiravam foto. Veruska, com quem Boechat teve dois filhos, ficou sentada em uma cadeira nas primeiras fileiras. Mais cedo, disse que a ficha ainda não caiu. Também agradeceu o apoio e as homenagens.

Por lá, também passaram o empresário Abílio Diniz e o apresentador Otávio Mesquita. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), chegou às 23h30. “O jornalismo perde uma referência. (Ele) conduziu sem trabalho com grandeza”, comentou. “Jogamos bola juntos várias vezes. Era uma figura fraterna, adorável. E tinha um sentimento de justiça muito grande”, disse

Colega de emissora, o apresentador do programa MasterChef Érik Jacquin tinha os olhos cheios de lágrimas ao lembrar do jornalista. “Todo dia ele estava lá, de manhã, à noite. Dancei com ele no carnaval de Salvador. Tenho a impressão de que todo mundo o amava.”

Homenagem de taxistas

Um grupo de taxistas que conhecia Boechat se juntou para prestar uma homenagem ao jornalista na madrugada desta terça. Eles colocaram duas placas de táxi sobre o caixão e elogiaram o tratamento dado por Boechat aos motoristas.

“Era uma pessoa muito boa, amável, que conhecia nossas dificuldades”, disse Mauro Simões, de 56 anos, que transportou Boechat algumas vezes do trabalho, no Morumbi, zona sul, para casa. No caminho, conversavam de tudo um pouco. “Falávamos sobre o dia a dia do Brasil”, lembra.

Acidente

O jornalista do Grupo Bandeirantes morreu na queda de um helicóptero na Rodovia Anhanguera, quando retornava de uma palestra em Campinas. O helicóptero caiu em cima de um caminhão no km 22 da rodovia, sentido interior, com o Rodoanel, e acabou explodindo. O motorista conseguiu escapar com vida.

O acidente ocorreu no início da tarde desta segunda. O piloto da aeronave, Ronaldo Quatrucci, também morreu.

A pedido do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Augusto Heleno, irá representá-lo no velório do jornalista. Bolsonaro disse que ele e Boechat eram amigos “há mais de 30 anos” e que apelidou o jornalista de “Jacaré”.

Humor ácido

Boechat tinha 66 anos, era apresentador do Jornal da Band e da Rádio BandNews FM e tinha uma coluna semanal na revista IstoÉ. O jornalista nasceu em Buenos Aires, na Argentina, quando o pai Dalton Boechat, diplomata, estava a serviço do Ministério das Relações Exteriores.

Dono de um humor ácido, usava essa característica para noticiar fatos e criticar situações. O tom era frequente nos comentários de rádio, televisão e também na imprensa escrita. Autoridades dos três poderes lamentaram a morte do jornalista.

Amazoninarede-Ag.Brasil/Estadão

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